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Donaldson Gomes
Publicado em 11 de novembro de 2025 às 18:30
A Braskem, que possui um complexo de unidades petroquímicas no Polo Industril de Camaçari, continua trabalhando para superar um dos mais severos ciclos de baixa nos preços dos produtos que ela fabrica. Em todo o mundo, a atividade petroquímica enfrenta diviculdades por conta do grande volume de produtos chineses e norte-americanos que inundam o mercado e levam a quedas nos preços. Durante uma entrevista coletiva para analisar os resultados do terceiro trimestre do ano, executivos da empresa disseram que a taxa de uso das unidades foi de aproximadamente 65% – o resultado se deu também por conta de paradas para manutenção em alguns complexos. >
Durante a conversa com jornalistas de todo o país, em uma videoconferência nesta terça-feira (dia 11), a palavra de ordem foi resiliência, com Roberto Ramos, CEO da Braskem, defendendo a necessidade de inovar para superar o cenário de dificuldades. "Temos que continuar nos reinventando", defendeu. Segundo Ramos, a boa notícia é que todas as estratégias que foram traçadas para a superação do cenário adverso estão sendo colocadas em prática. "Até agora, nós tivemos sucesso em tudo o que nos propusemos a fazer no decorrer do ano de 2025", ponderou o CEO. >
As projeções que foram apresentadas pela Braskem indicam que o cenário de aperto na indústria petroquímica global deve se prolongar até o final desta década. >
Mesmo com um cenário de médio e longo prazo considerado adverso, os resultados da Braskem no terceiro trimestre mostram que o trabalho de adaptação e os esforços na área financeira deram resultados. O desempenho do trimestre em relação ao anterior, embora ainda continue pressionado pelo ciclo prolongado de baixa do setor>
A Braskem registrou um Ebitda recorrente – resultado antes dos encargos financeiros e responsabilidades tributárias – de R$ 818 milhões no terceiro trimestre de 2025, o que representa um aumento de 91% em relação ao período imediatamente anterior. O desempenho reflete a priorização de vendas com maior valor agregado e a implementação das iniciativas de resiliência da companhia, segundo comunicado da empresa. >
“A Braskem permanece comprometida com a execução das iniciativas previstas em seu Programa Global de Resiliência e Transformação, com foco em superar os desafios estruturais da indústria petroquímica global e do setor químico nacional. Neste sentido, temos adotado medidas decisivas voltadas à geração sustentável de valor, com ênfase na maximização do Ebitda e na maior geração de caixa no curto e longo prazo”, enfatizou Roberto Ramos.>
O terceiro trimestre de 2025 continuou pressionado pela volatilidade da economia global e pelo prolongado ciclo de baixa da indústria petroquímica, o que resultou em uma menor demanda de produtos. Esse cenário impactou diretamente as referências de preço internacionais, com redução em preços de referência de alguns produtos no mercado brasileiro, América Latina e Estados Unidos.>
No Brasil e na América do Sul, a taxa média de utilização das centrais petroquímicas foi de 65%, inferior ao trimestre passado devido à parada programada no Rio de Janeiro. E as vendas de resinas no mercado interno caíram 5%, impactadas pelo maior volume de PE importado em julho, e agosto, e pela menor demanda de PP. Já as vendas de químicos cresceram 11% no mercado doméstico e 10% nas exportações. Nesse contexto, o Ebitda dos Brasil foi de R$ 1,1 bilhão, um aumento de 29% frente ao trimestre anterior, algo explicado principalmente pela priorização de vendas de maior valor agregado, estratégia de abastecimento do mercado brasileiro e implementação de iniciativas de resiliência.>
Nos Estados Unidos e na Europa, a taxa de utilização subiu para 79%, sendo beneficiada pela recomposição de estoques nos EUA. O Ebitda recorrente foi negativo em R$ 79 milhões, em função da menor demanda nas regiões. Já no México, a primeira parada geral de manutenção da central petroquímica, concluída em julho, ainda impactou a taxa de utilização e a margem do trimestre, o que resultou em um Ebitda recorrente negativo de R$ 204 milhões.>
Outro aspecto do 3T25 foi a geração operacional de caixa da companhia. Ela ficou negativa em R$ 334 milhões, sendo influenciada principalmente pelas maiores despesas com investimentos e pelos maiores gastos com fornecedores, parcialmente compensada pela estratégia de otimização dos níveis de estoque no trimestre. E a dívida bruta corporativa encerrou o período em aproximadamente R$ 44,8 bilhões com prazo médio de nove anos e 69% dos vencimentos a partir de 2030. >
“A Braskem segue comprometida com disciplina financeira e execução do seu Programa de Resiliência e Transformação. É importante destacar que a indústria química brasileira apresentou um nível de ociosidade de 39% - recorde dos últimos 30 anos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM). Diante disso, é fundamental ressaltar a importância de uma agenda regulatória da Indústria Química Brasileira, com iniciativas como PL 892/25 e antidumping definitivo, de modo a fortalecer a competividade da indústria de forma justa”, ressalta Ramos.>
Avanço em Alagoas>
A provisão referente ao evento geológico em Alagoas encerrou o 3T25 em R$ 3,8 bilhões, 19% menor do que no 2T25. E, até 30 de setembro, o Programa de Compensação Financeira (PCF) contou com 99,9% das propostas apresentadas, sendo 99,5% delas já pagas. >
Com relação ao plano de fechamento das cavidades de sal, 18 delas estão com previsão de preenchimento prioritário sendo que seis já tiveram o preenchimento concluído, três atingiram o limite técnico de preenchimento, sete estão com o processo de preenchimento em andamento e duas se encontram na fase de preparação e planejamento. >
Sobre as medidas sociourbanísticas, já existem 11 projetos definidos para mobilidade urbana, sendo seis concluídos, três em andamento e dois em fase de planejamento.>