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Jorge Gauthier
Publicado em 11 de novembro de 2016 às 10:10
- Atualizado há 2 anos
A retomada do crescimento econômico brasileiro no terceiro trimestre de 2016 impulsionou os resultados da indústria petroquímica. Exemplo disso foi a Braskem, petroquímica baiana que durante o período bateu recorde de produção no Brasil, segundo dados apresentados na manhã de ontem em São Paulo. Entre agosto e outubro, a demanda por resinas no mercado brasileiro foi de 1,3 milhão de toneladas, um aumento de 6% na comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, neste mês, a companhia iniciou um investimento de R$ 380 milhões no Porto de Aratu e na Unidade de Petroquímicos Básicos da empresa em Camaçari. O objetivo é flexibilizar a capacidade produtiva do complexo. Executivos da empresa apresentam resultados do terceiro trimestre(Foto: Jorge Gauthier/CORREIO)“Os principais fatores que levaram a esse desempenho foram o maior volume de vendas de resinas no mercado brasileiro; melhores spreads de resinas no mercado internacional e o aumento do resultado do complexo do México”, disse Fernando Musa, presidente da empresa. “Esses fatores compensaram parcialmente a apreciação média do real entre os períodos”, completou o executivo. Apesar do aumento da produção, a Braskem registrou redução de 45% no lucro líquido consolidado no terceiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Já com relação ao trimestre anterior de 2016 houve um aumento de 198% no lucro da companhia. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 3 bilhões, com recuo de 1% na comparação anual e estável ante o segundo trimestre deste ano. Já no acumulado do ano, o Ebitda chega aos R$ 9,1 bilhões ante aos R$ 9,4 bilhões que foram registrados em todo ano de 2015.>
Mercado internoPara Musa, o momento é de retomada no mercado brasileiro e, inclusive, no último trimestre houve uma redução na quantidade de matéria-prima exportada pela Braskem. “A demanda no Brasil foi boa e isso implicou numa leve redução da exportação de resinas saindo do Brasil. Estamos usando o caixa gerado no trimestre para reduzir as dívidas, mas também para criar ferramentas operacionais que nos faça operar em uma eventual queda do ciclo a exemplo dos investimentos nos Estados Unidos, México e Camaçari, na Bahia. Estamos reforçando a melhoria de competitividade com uma maior internacionalização e busca de matérias- primas mais competitivas”, explicou. InvestimentosA Braskem está atualmente com foco de investimentos na nova planta de polietileno de Ultra-Alto Peso Molecular (UHMWPE), na cidade de La Porte, no Texas (EUA). O presidente da companhia explica que, por conta da eleição de Donald Trump, o momento é de observação, mas que os investimentos estão mantidos.“ A vitória de Trump era um cenário possível, mas considerado de baixa probabilidade. Temos uma operação grande nos EUA e no México e esses dois países serão os que sofrerão maior impacto positivo ou negativo das ações do Trump”, observou, para completar: “O discurso dele sobre a economia americana seria bom com relação ao nosso negócio. Por outro lado, ele teve uma retórica de afastamento do México. Precisamos ver como isso vai se dar. Diria que de modo geral é que temos que esperar para saber o que ele pretende, de fato, fazer”.A nova planta dos EUA deve entrar em operação no final do ano e terá uma forte ligação com a planta da Bahia, que está sendo preparada para receber o etano que será produzido em solo americano.Para isso, o investimento de R$ 380 milhões – que teve seu anúncio antecipado em março pelo jornalista Donaldson Gomes da coluna Farol Econômico do CORREIO – tem o objetivo de fazer a unidade do Polo de Camaçari operar com até 15% de etano, produzido a partir do shale gás (gás de xisto) americano.>
Atualmente, o complexo da empresa em Camaçari utiliza apenas a nafta como matéria-prima. A ideia é que no segundo semestre de 2017, a unidade baiana já esteja preparada para receber o etano dos EUA. “No momento, o etano é mais competitivo e a ideia é reduzir o uso da nafta na Bahia”, justificou Musa.O primeiro estágio das obras começou no dia 3 de novembro e vai durar 40 dias. “Elas estão sendo feitas nesse período, pois é o momento que chamamos de parada preventiva, quando a operação da planta é suspensa. É uma parada geral periódica, que acontece a cada 5 ou 6 anos e que, desta vez, estamos aproveitando para fazer a preparação da planta para receber o eteno dos EUA”, explicou Marcelo Arantes, vice-presidente de Pessoas & Organização da Braskem, que também participou do anúncio dos resultados.>
A parada, segundo reforça Arantes, não terá impacto na produção nem nos rendimentos. “Como fazemos isso de forma planejada não tem impacto, pois reforçamos nossos estoques e também combinamos essa parada com os nossos clientes que também fizeram reforços nos seus estoques”, complementa. A expectativa da companhia é que todo o processo de flexibilização esteja concluído a partir de outubro de 2017, quando a planta terá uma produção mista a partir da nafta e também do eteno.>
Plástico verde é usado pela Nasa no espaçoChaves de fenda, conectores e até mesmo presilhas para pender cabos feitos de plástico. Todos esses produtos, fabricados com polietileno verde feito pela Braskem, estão sendo utilizados por astronautas na estação espacial da Nasa. >
Desenvolvido em parceria com a empresa Made in Space, os resultados do processo de pesquisa e investimento que durou dois anos foram apresentados ontem durante a coletiva de resultados do terceiro trimestre da companhia. O diretor de inovação e tecnologia da Braskem, Patrick Teyssonneyre, indicou que o uso do polietileno verde foi solicitado pela Nasa como uma forma de ter redução de custos e alta performances. “Esse projeto tem como objetivo investir em produtos com melhor qualidade e eficiência”, explicou, destacando que as peças são feitas em impressoras 3D.>