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Priscila Natividade
Publicado em 10 de junho de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Eles estão substituindo os questionários chatos, as dinâmicas repetitivas e em alguns casos até as entrevistas mais longas durante as etapas de seleção. Os games eletrônicos são cada vez mais presentes nas seleções de emprego, a fim de tornar as contratações mais assertivas e aumentar a celeridade no fechamento destas vagas. >
Mas não se engane acreditando que vai ser fácil conquistar a vaga dentro de um ambiente virtual, porque vai ser necessário saber resolver problemas. Segundo o cofundador do Huddle Brasil, Guilherme Ferreira, na comparação entre os primeiros cinco meses deste ano com o mesmo período do ano passado, o número de candidatos avaliados triplicou entre as empresas que contrataram a startup especializada em processos seletivos por meio de games. >
“O que fazemos com os candidatos é inseri-los em cenários de resolução de problemas e coletamos todos os dados que são produzidos por eles enquanto estão focados na solução. Dessa forma, conseguimos avaliar o candidato em ação, em vez de verificar o que ele respondeu sobre si mesmo em um questionário grande”, explica Ferreira.>
Nos games, a avalição vai além do currículo. “Hoje, avaliamos características comportamentais, como resolução de problemas, tolerância a riscos, tomada de decisão e até o papel no time nos jogos em grupo. Iniciativa e gestão de recursos também ganham espaço no teste do candidato”, acrescenta.>
Filtro>
Empresas como o Grupo Cencosud começaram recentemente a adotar a ferramenta de games nas etapas de contratação, desde cargos de base em operações e administrativo, até posições de média liderança. Nos jogos, os scores vão indicar os mais aderentes à cultura e ao cargo, como destaca a gerente de Aquisição de Talentos, Christianne Maria Ribeiro. >
“Em um contexto de transformação digital, tivemos o interesse de proporcionar ao futuro colaborador uma vivência que reflita o nosso dia a dia enquanto empresa, para que ele mesmo possa avaliar se de fato existe conexão com os nossos valores e com os comportamentos que valorizamos e reconhecemos em nossa cultura”, diz. >
A ideia é que o profissional assuma papéis e personagens, que permitam que ele se coloque no lugar de cada um deles para tomada de decisões. Entre os aspectos considerados estão o estilo de liderança, “mentalidade de dono” - foco nos clientes internos e externos, iniciativas perante situações de crise e pressão - resiliência e autonomia. “Não há resposta certa ou errada, mas sim se a resposta estará mais ou menos próxima ao que apontarmos como valor e comportamento Cencosud”, pontua.>
No controle>
Mas como se sair bem nesta etapa da seleção? Quem dá o conselho é a psicóloga e assessora de carreira da plataforma de vagas Catho, Carla Carvalho: “Uma boa dica é manter a tranquilidade e tentar refletir no jogo os aspectos mais genuínos da personalidade. O candidato precisa saber que também está selecionando a empresa que irá trabalhar, por isso, não é necessário forjar uma personalidade que não existe. O ‘ser você mesmo’ é importante”. >
Em geral, os jogos são personalizados de acordo com as necessidades da empresa e do negócio. Quem não tem lá muita habilidade com os games eletrônicos vai precisar treinar também. “As empresas avaliam aspectos pontuais da sua realidade com habilidades mais emocionais e comportamentais. O treino é algo importante para propiciar ao candidato o desenvolvimento da agilidade em dar esta resposta positiva por meio do game”.>
Para o vice-presidente da LG Lugar de Gente, Felipe Azevedo, o segredo é curtir a experiência. “Esteja atento às decisões que podem gerar uma imagem negativa ou vão contra os valores da empresa. Mostre colaboração e busque resultados sustentáveis para fazer com que o game jogue a seu favor”, aconselha. >
Mais de dois milhões de candidatos passaram por processos seletivos que usaram os games desenvolvidos pela LG. “Outra recomendação é que os candidatos tomem as decisões mais próximas daquelas que tomariam na vida real”, fala Felipe.>
Nesse tipo de game, não há vencedor por obter mais pontuação no jogo em si, mas uma árvore de decisões e seus impactos. E lembre-se: apesar de ser lúdico, os games não são entretenimento. “Dessa forma, a empresa terá uma visão mais abrangente do futuro profissional e poderá oferecer oportunidades com maior encaixe funcional e cultural”, acrescenta. >
SCORE POSITIVO>
Sem certo ou errado Não há vencedor, mas sim candidatos mais próximos e mais distantes do que a empresa está em busca. Por isso, seja genuíno e verdadeiro ao tomar as decisões que o jogo irá obrigá-lo a tomar. Fique atento as suas atitudes. >
As principais aptidões Segundo especialistas em Recursos Humanos, entre os atributos mais avaliados pelos games estão a capacidade de Comunicação e Influência, Empreendedorismo, Liderança, Foco em Resultado e Foco no Cliente.>
Conheça a empresa e o negócio Os jogos são desenvolvidos levando em consideração as necessidades e a cultura de cada empresa. Por isso, ao se preparar para o processo seletivo conheça bem o negócio, o ramo onde aquela determinada companhia atua. Isso vai ser estratégico na hora de conquistar um bom score.>