Como atuar como freelancer sem cair em ciladas

Nos últimos 11 anos, a jornada profissional da Relações Públicas Iasmin Santana a levou a atuar em diversas frentes da comunicação organizacional, sempre com um olhar estratégico e dinâmico. Do planejamento à execução, ela já atuou em áreas como produção de conteúdo para diferentes plataformas, gestão de mídias sociais, redação institucional, comunicação interna, eventos e contratações.

A experiência se estendeu ao terceiro setor, onde elaborou e executou projetos sociais voltados à organização de eventos e ao fortalecimento de causas. De forma autônoma, desenvolve ainda trabalhos como designer gráfico e revisora de textos.

Como freelancer, Iasmin garante que as maiores vantagens dessa forma de atuação são flexibilidade de tempo para encaixar a demanda do cliente no cotidiano de trabalho, e a interação maior com o cliente, buscando entender o que precisa, sem intermediários.

“No caso, não sustento minha carreira dessa forma, mas entendo que prestar um bom serviço vai contribuir para ampliar o rol de clientes e impactará na sustentabilidade financeira”, afirma.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, o país registrou cerca de 25 milhões de profissionais por conta própria no primeiro trimestre de 2025 - o equivalente a 24% da população ocupada. Esses trabalhadores atuam sem vínculo empregatício formal em diversas áreas, como tecnologia, marketing, design, redação, consultoria e serviços criativos, reforçando a busca por autonomia, flexibilidade e crescimento profissional além dos modelos tradicionais.

Nesse contexto, o Brasil segue uma tendência observada em outros países da América Latina: a valorização do trabalho freelance como alternativa sólida de carreira.

Formado em Gestão de Negócios e gerente de Expansão da Deel, Cristiano Soares ajuda profissionais a impulsionarem suas carreiras e orienta times na execução com eficiência. Ele garante que é perfeitamente possível construir um futuro sólido como freelancer e que essa tem sido uma realidade cada vez mais comum para muitos profissionais. “Isso se concretiza através de uma combinação de planejamento estratégico e execução disciplinada. A base é a excelência na entrega, que constrói reputação e gera indicações”, afirma.

O gestor destaca que a grande vantagem de ser freelancer reside numa série de vantagens que redefinem a dinâmica profissional. “A autonomia sobre a própria agenda, a flexibilidade para trabalhar de qualquer local e a possibilidade de atuar em projetos diversos são atrativos centrais”, explica.

Ganhos

Soares destaca ainda que, para muitos, a capacidade de colaborar com empresas estrangeiras, acessando mercados globais e recebendo em moedas mais fortes, representa um diferencial financeiro significativo. Essa abertura para o cenário internacional, facilitada por plataformas de pagamento transfronteiriço, amplia o leque de oportunidades e pode mitigar a dependência de um único mercado local.

“A sustentabilidade, contudo, exige planejamento. É fundamental construir uma base financeira sólida, com tarifas que cubram não apenas o tempo de trabalho, mas também custos operacionais, impostos e períodos de menor demanda. A diversificação de clientes e a criação de uma reserva de emergência são pilares. Além disso, investir na própria marca profissional, manter-se atualizado e expandir a rede de contatos são estratégias cruciais para assegurar um fluxo contínuo de trabalho e relevância no mercado”.

Na verdade, Cristiano pontua que a organização financeira é um pilar inegociável para quem deseja atuar de forma autônoma, com a criação de reservas e a gestão eficiente de receitas e despesas. “A profissionalização, que inclui o uso de contratos, a pontualidade e a comunicação clara, é fundamental. Investir continuamente no desenvolvimento de novas habilidades e na expansão da rede de contatos abre portas para projetos mais desafiadores e lucrativos”, orienta.

Sustentabilidade

Profissional apaixonado por tecnologia e transformação de carreiras, Vinicius Walsh é fundador da Transite, uma plataforma pioneira de transição de carreiras. Ele é enfático em afirmar que o freelancer deve sempre formalizar acordos, preferencialmente por escrito, detalhando escopo, prazos e formas de pagamento. “É importante pesquisar a reputação do cliente, avaliar se o pagamento é compatível com o mercado e não ter medo de recusar propostas que pareçam abusivas ou mal definidas”, ensina.

Iasmin salienta a relevância de não ampliar demais o escopo de serviços para acompanhar as demandas dos clientes. “Se você quer viver de ‘frela’ é importante honrar as entregas", diz. A relações públicas lembra que o profissional precisa estar preparado para o inesperado, daí a necessidade de planejar e ser inventivo. “ Além disso, buscar divulgar seus serviços, pois quem não é visto não é lembrado, e isso incluiu o bom boca a boca”.

Walsh diz que o maior erro de um profissional freelancer é não planejar. “Muitos freelancers começam sem reserva financeira, o que torna difícil lidar com períodos de baixa demanda. Outro erro é não se posicionar como profissional, deixando de se preocupar com marketing pessoal pode comprometer a reputação. Também é um risco depender de um único cliente”, completa.

Cristiano Soares pontua que manter um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal evita o esgotamento e garante a longevidade da carreira. “Com esses elementos, o freelancing pode se transformar em uma trajetória profissional sustentável e gratificante”, finaliza.