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Carmen Vasconcelos
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 20:44
- Atualizado há 2 anos
Há quase trinta anos, quando se falava de uma alimentação mais natural, era comum que as pessoas creditassem esse desejo a alguma recomendação médica. Aqueles que adotavam esses produtos de forma voluntária eram chamados de excêntricos, um eufemismo para não chamar de louco. Foi nesse contexto que a empresária e administradora de empresas Amália Santos e o marido Ismael, que é engenheiro agrônomo, começaram a empreender como uma forma de responder às próprias demandas de uma alimentação melhor.>
Na verdade, Ismael já produzia a própria granola na época de estudante, em Cruz das Almas. Após a formatura, ele e um amigo estavam começando um novo negócio e a perspectiva de criar um novo produto era forma de ter uma renda extra, além de servir como alimento da família. O produto começou a ganhar destaque, inicialmente, para os adeptos da macrobiótica.>
“Hoje, a abordagem é saudabilidade porque se compreende que a alimentação é um pilar para o bem estar. No início, começamos a produzir granola e, na época, alguns diziam que era a ‘ração de Amália’. No entanto, fomos buscando soluções que transformaram nosso produto numa referência em sabor e qualidade, pois usávamos produtos como a canela, o melaço de cana e o coco”, conta a empresária. Lembrando que, na época, não havia produtos similares no mercado nacional e o que havia era importado e custava mais de três vezes o valor da granola produzida pelo casal. A empresária de Feira de Santana contou como foi empreender numa época onde onde as pessoas tratavam o seu principal produto como uma ração (Foto: Reprodução/Instagram) Amália Santos foi a convidada de Flávia Paixão na live Empregos e Soluções, na página do CORREIO, no Instagram. Na oportunidade, Amália fez questão de explicar como foi trabalhar a parte comercial do produto numa época onde não havia redes sociais e os espaços de supermercados eram disputados por concorrentes, em sua maioria, homens, que estranhavam uma mulher representante de um produto. “Eu tinha sangue no olho para vender minha granola. Focava que precisava vender meu produto e seguia em frente”, relata. >
Começo arrojado Quando o primeiro filho do casal completou 30 dias de nascido, eles conseguiram vender comercialmente para o restaurante Grão de Arroz, em Salvador. À partir daí, a marca foi crescendo, ganhando consistência e, hoje, conseguiu agregar 46 produtos no portfólio da empresa. “O desafio maior foi convencer, além de amigos, os clientes de um modo em geral. Mostrar que era um produto que poderia ser consumido qualquer hora do dia, misturado com iogurte e tantas outras coisas e que garantia o equilíbrio da alimentação”, lembrou.>
A maternidade e o trabalho no universo masculino exigiram o jogo de cintura para permanecer no mercado, mas Amália continuou firme, acreditando na qualidade do produto e numa mudança de mentalidade que começava naquele momento. “Tivemos um salto nas vendas quando nossos produtos saíram da sessão de naturais e foram parar nos matinais”, disse. >
Enquanto o mercado mudava e os consumidores ganhavam outros critérios de consumo, a empresa se manteve em constante mudança, buscando aprimorar os produtos e ampliar a ideia de consumo saudável. “Antigamente, só as vovós tomavam mingau de aveia. Hoje, as pessoas usam aveia de forma tranquila e incorporada à dieta”, destacou. >
Novidades constantes>
As inovações foram além e a empresária usou a psicologia das cores para tirar o verde, branco e marrom das embalagens dos produtos naturais e substituir por um vermelho e amarelo para estimular o apetite e fazer o consumidor comer com os olhos também. A embalagem de abertura mais prática também foi um investimento da empresa. >
O olhar para o cliente como uma prioridade também foi outro aspecto bem destacado durante a conversa com Flávia Paixão. “Começamos a validar o trabalho buscando saber a opinião de amigos e depois clientes. Aliado a isso, saímos da comercialização dos mercados para também o varejo de pequenas lojas de naturais e o convencional”, completou. >
Nem mesmo a pandemia foi um limitador para as vendas, afinal, os mercados não fecharam. Para a empresária, nem mesmo as medidas sanitárias foram um limitador, pois a empresa já usava sanitizantes e as medidas naturais de higiene no setor de alimentação. “A pandemia acelerou a digitalização da empresa, especificamente o marketing place para a venda dos produtos Vitta Croc e isso foi aprendizado”, pontuou. >
Ela diz que o segredo de trabalhar em família, sem crises, é saber separar as coisas e dialogar sempre. “Na fábrica não somos a esposa e o esposo, somos os colegas de trabalho e precisamos atuar em nome do nosso objetivo comum”, conta, dizendo que, por vezes, chega a escrever e-mails formais para o marido, mas reconhece que não é fácil não levar trabalho para casa. “Felizmente, Ismael é metódico e consegue colocar freio e me impede de ser tão workholic”, finaliza, lembrando que empreender exige garra, dedicação e vontade, mas que faz bem. >
Vale lembrar que as lives Empregos e Soluções são realizadas todas as quartas-feiras, às 18 horas, no perfil do Jornal Correio, no Instagram. >
Números do Crescimento>
26 anos – de fundação da Vitta Croc>
46 produtos - integram o cardápio da Vitta Croc>
R$2,00 – era o valor do pacote de 300 g de granola vendida incialmente>
R$7,00 – era o valor do pacote de 300 g de granola importada, que concorria com a Vitta Croc >