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Não deixe a insegurança atrapalhar o profissional

Síndrome do Impostor: Saiba quais os sinais e como desarmar os gatilhos

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 06:30

A síndrome do impostor é um fenômeno psicológico em que profissionais competentes passam a acreditar que não merecem suas conquistas
A síndrome do impostor é um fenômeno psicológico em que profissionais competentes passam a acreditar que não merecem suas conquistas Crédito: Shutterstock

Um estudo da Harvard Business Review mostrou que sete em cada dez profissionais ao longo da carreira já experimentaram o medo constante de serem “descobertos” como uma fraude, um sentimento de insuficiência, mesmo diante de evidências de sucesso. A síndrome do impostor é um fenômeno psicológico em que profissionais competentes passam a acreditar que não merecem suas conquistas.

Referência no desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para empresas, a fundadora da Virtude Tatiana Pimenta explica que a Síndrome do Impostor é mais frequente do que se imagina, especialmente entre mulheres.

“Estudos mostram que até 70% dos profissionais já vivenciaram esse sentimento em algum momento da carreira (Harvard Business Review), mas entre as mulheres essa sensação de inadequação é ainda mais recorrente. Isso se explica, em parte, pelas construções sociais que envolvem a criação de meninas, muitas vezes ensinadas a serem perfeitas, discretas, a agradar, a não errar, ao passo que os meninos são incentivados a serem ousados, assumirem riscos e se exporem”, afirma.

Tatiana reforça que, no mundo do trabalho, isso se reflete em comportamentos diferentes: pesquisas indicam que homens costumam se candidatar a vagas mesmo quando atendem a apenas 60% dos requisitos, enquanto mulheres só se sentem confortáveis para aplicar quando preenchem 90% ou mais. “Isso tem tudo a ver com autoestima e com o medo de não sermos “suficientes”. Para impedir que isso atrapalhe a vida profissional, é essencial criar ambientes onde a vulnerabilidade seja bem-vinda, onde o erro seja compreendido como parte do processo de aprendizado e onde o sucesso das mulheres seja reconhecido sem a necessidade de validação constante”, pontua a representante da Virtude.

Desarmando gatilhos

Para destruir os gatilhos emocionais e fortalecer a autoconfiança, a orientação da psicoterapeuta e neurocientista Ana Chaves é identificar todas as situações que venham a desencadear reações indesejadas, depois identificar situações que gerem reações indesejadas e, em seguida, trabalhar o autoconhecimento para compreender a origem dessas reações.

Ana Chaves diz que os gatilhos emocionais muita das vezes estão ligados a traumas ou experiencias passadas
Ana Chaves diz que os gatilhos emocionais muita das vezes estão ligados a traumas ou experiencias passadas Crédito: Divulgação

“Busque desenvolver rituais e estratégias para lidar melhor com esses gatilhos, pratique a autocompaixão, estabeleça limites claros e com isso se respeitará, crie um ambiente positivo e se for necessário procure um profissional, para fazer terapia afim de que tenha um acompanhamento e um processo mais bem estruturada”, orienta.

A neurocientista garante que mapear os momentos críticos é uma estratégia que tem dado certo e, nestes casos, é indicado anotar as situações, lugares e pessoas que vem despertando insegurança e ansiedade. “Os gatilhos emocionais muita das vezes estão ligados a traumas ou experiencias passadas e, por esse motivo, compreender a origem vai ajudar a ressignificar esses eventos e trará uma diminuição no poder que o mesmo tem sobre você”, sugere a psicoterapeuta.

Ana Chaves lembra que as raízes da insuficiência na síndrome do impostor somam alguns sentimentos como: medo das críticas, de ser desmascarado como sendo uma fraude, um perfeccionismo intangível, autocrítica destrutiva, se comparar constantemente com os outros, tentar suprir as expectativas da família e da sociedade. “Tudo isso gera um ciclo de procrastinação e evitação por medo de falhar ou de não conseguir ser bom o suficiente e com isso acaba validando o que ele acredita e só gera um crescimento do sentimento de insuficiência”, pontua.

Sinais

Para identificar a síndrome do impostor, Ana Chaves lembra a importância de observar os sinais como por exemplo: atribuição do sucesso a um caso de sorte, autocrítica severa, medo de ser descoberto como uma pessoa incapaz ou incompetente, perfeccionismo que venha a atrapalhar a sua vida, dificuldade em aceitar elogios e comparações constantes com outras pessoas.

“Para conseguir gerir melhor esses sinais, é preciso diálogo, busque pessoas de sua confiança para conversar o que está sentindo e vivendo, passe a celebrar suas conquistas, desafie os pensamentos negativos que venham a surgir, buscando reestruturar seus pensamentos e procure ajuda de um profissional terapêutico, além de cultivar uma rede de apoio social”, indica a psicoterapeuta.

Tatiana Pimenta diz que as empresas têm um papel fundamental na desconstrução da síndrome do impostor. “Isso começa com a criação de uma cultura de segurança psicológica, em que as pessoas possam errar, aprender e pedir ajuda sem medo de julgamento. Lideranças bem preparadas devem reconhecer talentos de forma transparente, dar feedbacks estruturados e incentivar o desenvolvimento contínuo”, afirma, destacando que, quando há clareza sobre o valor da contribuição de cada pessoa, a confiança se fortalece naturalmente. “Outro ponto importante é revisar processos que, muitas vezes, perpetuam a desigualdade. Um exemplo é o excesso de exigência técnica nas descrições de vagas, que pode afastar mulheres, mesmo quando estão plenamente qualificadas”, sugere Tatiana.

Tatiana Pimenta explica que a Síndrome do Impostor é mais frequente do que se imagina, especialmente entre mulheres
Tatiana Pimenta explica que a Síndrome do Impostor é mais frequente do que se imagina, especialmente entre mulheres Crédito: NICOLAS SIEGMANN/Divulgação

Programas de mentoria, políticas de promoção equitativas, visibilidade para lideranças diversas e métricas de acompanhamento também são essenciais. “Quando as pessoas se veem representadas, sentem que pertencem. E quando pertencem, passam a confiar mais em si mesmas e a síndrome do impostor começa a perder espaço”, finaliza a especialista.