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Carmen Vasconcelos
Publicado em 19 de janeiro de 2022 às 21:20
- Atualizado há 2 anos
Durante muito tempo, Pedro Batalha não se viu representado no universo da moda. Percebia que não possuía o corpo padrão definido para as marcas que comercializavam roupas masculinas, na verdade, se encontrava muito mais nas indumentárias femininas. Diante dessas constatações, percebeu que algo precisava ser feito. >
Formado em automação industrial pelo Instituto Federal da Bahia e em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia, sabia que essas escolhas também não davam conta dos anseio e sonhos.Junto com o sócio, Hizan Silva, eles começaram um brechó e depois lançaram a marca Dendezeiro (DND @dendezeiro), com uma proposta de se pautarem nos pilares da inclusão racial, no respeito à diversidade de corpos e buscando romper quaisquer limites de gênero. Pedro Batalha destacou a trajetória pessoal e os motivos que o levaram a criar a Dendezeiro junto com o sócio Hizan Silva (Foto: Reprodução/Instagram) "Entre o P e o GG existe uma infinidade de corpos e a moda precisa abraçar esses corpos e não brigar com ele", afirmou Batalha durante a conversa realizada com Flávia Paixão, no primeiro programa Empregos e Soluções ao vivo de 2022.>
Reconhecimento>
A visão de negócio trouxe reconhecimento e a Dendezeiro foi a primeira grife a lançar coleção com uma banda de pagode, a Afrocidade, também foram os pioneiros em realizar uma collab com o Instagram e o site Mundo Negro os elegeram como a maior marca preta do Brasil. >
Durante a conversa, Pedro falou um pouco da sua trajetória e os desafios enfrentados por eles até estabelecerem a marca que, inicialmente, foi rotulada como simplesmente uma moda afro. "Fomos muito criticados, mas havíamos escolhidos um caminho e persistimos nele. Não tínhamos problemas com pessoas brancas, nossa questão era a exclusão de negros e indígenas", contou. Pedro contou que o passo seguinte foi criar uma nova comunicação capaz de expressar ao mercado que não era necessário usar maquiagem para clarear ninguém ou afinar traços. "Com o tempo, o mercado compreendeu o que desejávamos e começamos a estabelecer conexões e redes com pessoas que compreendiam e também defendiam nossa proposta", relatou.>
Conexões >
O CEO da Dendezeiro fez questão de lembrar que a conexão com o universo artístico ocorreu de modo muito orgânico porque as artes, a comunicação e a moda buscam criar pontes. "Nunca enxerguei que o nosso objetivo fosse só vender roupas, na verdade, as peças eram as últimas entregas, antes havia cuidado, carinho, diversidade, inclusão, representatividade e emancipação", reforçou Pedro. >
Em pouco tempo, a proposta de Pedro e Hizan encontrou eco junto à diversos segmentos artísticos que se identificaram com a proposta e ajudaram a dar visibilidade e publicidade para essa moda inclusiva e agênero. "Por vezes, a conexão demora, mas quando acontece é fantástico, por isso, defendo que, em qualquer negócio, é necessário persistir", completou. Batalha destacou a importância da persistência e da criação de redes de apoio quando se propõe a iniciar um negócio em qualquer área (Foto: Divulgação) Durante a conversa, Pedro comparou os empreendimento a um carro, no qual as peças são produzidas separadamente mas todas são essenciais e se unem para fazer o veículo funcionar. "Fomos criando redes para todos os lados do negócio e isso foi nos ajudando muito porque, no início, a gente tende a querer fazer tudo sozinho e se sobrecarrega, mas as conexões são a chave para o crescimento", disse, lembrando que se as condições financeiras não permitem que se terceirize pontos do negócio, vale buscar ajuda, pois o feito é melhor que o perfeito. >
Pedro também destacou como a nova coleção 'Cor de Pele'tratou as especificidades das cores e características das peles negras e indígenas, até mesmo de questões como o vitiligo, de forma positiva, buscando reforçar a auto-estima. "Muita gente não empreende por falta de auto-estima, então é preciso resgatar isso sempre", pontuou. >
Por fim, Pedro ressaltou que as ferramentas digitais são importantes, mas que não basta apenas criar e postar, é preciso desenvolver estratégias de comunicação com o público alvo. "No nosso caso, fomos estudar e nos debruçar de forma muito séria sobre como era ter o Instagram, por exemplo, como plataforma de divulgação e vendas", finalizou.>
Se você ficou interessado em saber mais, vale destacar que os programas ficam gravados e estão disponibilizados na página do Jornal Correio no Instagram. O programa ao vivo Empregos e Soluções é apresentado todas as quartas-feiras, sempre às 18 horas. >