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O novo pacto da Geração Z com o emprego: Bem-estar é o salário do futuro

Lideranças redefinem a cultura corporativa, trocando controle de horas por clareza de entregas e investindo em propósito para atrair jovens que rejeitam modelos exaustivos

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 06:30

A Geração Z transforma bem-estar em prioridade não negociável
A Geração Z transforma bem-estar em prioridade não negociável Crédito: Shutterstock/Reprodução

A Geração Z (Gen Z), composta por jovens que entraram no mercado de trabalho após 2017, está promovendo uma revolução silenciosa, mas profunda, no ambiente corporativo.

Para essa geração, o que antes era "benefício" — como bem-estar, propósito e flexibilidade — tornou-se pré-requisito não negociável para aceitar e permanecer em um emprego.

Especialistas em Recursos Humanos afirmam que esta postura está forçando as empresas a revisarem não apenas suas políticas, mas sua própria cultura de gestão. Andre Purri, CEO da Alymente, define a nova Proposta de Valor ao Colaborador (EVP) como um "pacto: qualidade de vida em troca de comprometimento real".

A Gen Z, que sofre com altos índices de ansiedade e depressão (impulsionados pela pandemia e pela pressão das redes sociais), rejeita modelos exaustivos e autoritários por autopreservação.

Matheus Fonseca, da Leapy, ressalta que o impacto desse desalinhamento é mensurável e custoso. Antes da demissão formal, há o aumento do "quiet quitting" (desistência silenciosa), alimentado pela ansiedade. "Empresas que não ajustam cultura estão pagando caro por uma produtividade baixíssima antes mesmo da carta de demissão chegar," afirma Fonseca.

Matheus Fonseca salienta que a rejeição a ambientes que não permitem o diálogo aumenta o turnover e dificulta a atração de talentos
Matheus Fonseca salienta que a rejeição a ambientes que não permitem o diálogo aumenta o turnover e dificulta a atração de talentos Crédito: CATADO/Divulgação

Transparência radical

A rejeição a ambientes que não permitem o diálogo aumenta o turnover e dificulta a atração de talentos.

A geração, que cresceu com a lógica da internet e das redes sociais, exige transparência radical e vê a flexibilidade (modelos híbridos/remotos) como um direito, não um favor.

Essa demanda por autonomia exige que o RH troque o tradicional "controle de horas" por "clareza brutal de entregas". A gestão de desempenho se move para modelos baseados em resultados concretos, como OKRs e metas por sprint.

"Se a gestão de desempenho depende de ver o colaborador sentado para avaliar produtividade, o problema está na gestão, não no modelo," explica Fonseca.

No campo da comunicação, a transparência exigida é literal. Pesquisas mostram que 44% dos universitários Gen Z priorizam transparência salarial ao escolher um emprego. Para lidar com essa demanda, o RH investe em treinamento de líderes para que atuem com diálogo e vulnerabilidade.

O feedback anual cede lugar a um fluxo contínuo e descentralizado.

Double life

O mundo corporativo compete hoje não só com outras empresas, mas com a autonomia oferecida pelo empreendedorismo e pelos freelas. Essa busca por diversificação de renda e autonomia leva ao aumento do "double life" (CLT + projetos paralelos).

Para ser mais atrativa que a vida autônoma, a empresa precisa oferecer o que o mercado externo não garante: segurança, comunidade, mentoria de qualidade, e impacto coletivo.

Purri aponta que o foco do RH se volta para benefícios não tradicionais que resolvem a vida real: saúde mental, apoio a hobbies e educação continuada. O retorno sobre este investimento é medido pela redução de turnover, aumento do engajamento e melhoria do clima.

Ambos os especialistas concordam que o movimento mais urgente do RH é a revisão da cultura de gestão, investindo na formação de líderes que operem com confiança e diálogo.

Essa busca por renda adicional, autonomia e experimentação coloca um desafio direto aos departamentos de Recursos Humanos (RH) e Jurídico: como acomodar essa diversificação profissional, mitigando riscos, sem restringir a liberdade e a ambição do talento?

Matheus Fonseca (Leapy) e Andre Purri (Alymente) explicam que o caminho não é a proibição, mas a transparência e a estruturação de políticas claras.

Se a Geração Z for bem-sucedida em seu novo pacto, o legado será a humanização definitiva do trabalho. "O RH deixará de ser apenas executor de processos e se tornará o grande arquiteto de cultura, experiência e propósito," conclui Andre Purri.

Andre Purri destaca que cada organização precisa entender suas necessidades, seu modelo de operação e alinhar isso de forma transparente com os colaboradore
Andre Purri destaca que cada organização precisa entender suas necessidades, seu modelo de operação e alinhar isso de forma transparente com os colaboradoreAndre Purri destaca que cada organização precisa entender suas necessidades, seu modelo de operação e alinhar isso de forma transparente com os colaboradore Crédito: DivulgaçãoDivulgação

A transformação aponta para um mercado mais transparente, flexível e guiado pelo significado.

Para a Geração Z, o bem-estar deixou de ser um "benefício decorativo" e se tornou um pré-requisito.

Segundo Andre Purri e Matheus Fonseca, as empresas que realmente investem em saúde mental e qualidade de vida demonstram isso através de ações culturais e de gestão, e não apenas por meio de um aplicativo de meditação.

Investimento genuíno na Geração Z

Cultura de Gestão e Liderança O líder demonstra interesse real nas questões pessoais e facilita a conciliação entre vida e trabalho, sem gerar culpa ou pressão. Há clareza brutal sobre as metas (OKRs, metas por sprint), e a avaliação é baseada no impacto mensurável do trabalho, e não na presença física.

Transparência e Comunicação Existem rituais de comunicação aberta e mecanismos formais de escuta que dão voz ao colaborador, independentemente do cargo.A empresa oferece trajetórias de carreira claras e visibilidade sobre os critérios de crescimento, combatendo a expectativa de progressão artificialmente acelerada.

Benefícios e Políticas Estruturais A empresa oferece apoio emocional e psicológico (terapia, coaching), e não apenas ações pontuais de conscientização.Há trilhas de desenvolvimento personalizadas e oportunidades de projetos que garantam que o jovem está aprendendo algo novo e que seu trabalho tem impacto coletivo e propósito claro.

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