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Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2017 às 13:19
- Atualizado há 2 anos
Reforçando seu posicionamento de concorrente dos grandes bancos brasileiros, o Nubank anunciou nesta terça-feira, 24, a criação de uma conta corrente, aproximando-se cada vez mais do modelo de atuação de uma instituição financeira. Por ora, entretanto, a fintech será apenas um arranjo de pagamento pré-pago que, segundo o fundador e CEO do Nubank, David Vélez, vai possibilitar transferências de recursos entre contas para qualquer banco e pagamentos da fatura do cartão. >
O Nubank recebeu autorização no Banco Central como uma instituição de pagamentos, batizada de Nu Pagamentos.>
A expectativa, conforme o executivo, é atrair os próprios clientes do cartão do Nubank e também os que não foram aceitos por conta de risco de crédito, por meio de uma oferta sem tarifas tanto para Nu Conta como para transações, em tempo real e com menos complexidade. Dos mais de 13 milhões de pedidos que a empresa já recebeu, pouco mais de 2,5 milhões foram aceitos para ter o cartão da marca.>
Vélez descartou que o lançamento da Nu Conta seja uma alternativa para a empresa captar recursos e se preparar para uma eventual mudança no setor de cartões com a redução do prazo de pagamentos ao lojista, de 30 dias para dois dias.>
Em debate no ano passado, comentava-se que a mudança traria impactos para empresas como o Nubank, que não conta com recursos para fazer frente ao pagamento imediato. Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank, garantiu que esse tema não está em discussão, afirma que esteve em Brasília e que mantém conversas com o Banco Central. "O lançamento da Nu Conta não tem necessariamente relação com eventual mudança (no prazo de pagamento ao lojista)", explicou ela, em conversa com jornalistas.>
Os recursos depositados na Nu Conta, conforme o CEO do Nubank, vão render títulos públicos, com taxas indexadas equivalentes a 99% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Como não vai cobrar tarifas, o ganho da Nu Conta virá, segundo ele, da rentabilidade adicional ao que será pago para quem usar a conta. Sobre a possibilidade de a Nu Conta ofertar investimentos como CDBs e outros, o executivo disse que não, ao menos, nesse momento.>
"Esse é só o começo da Nu Conta. Vamos criar novas funcionalidades daqui para frente", disse Vélez, em coletiva de imprensa, na manhã desta terça.>
Boletos Dentre as próximas funções que serão lançadas, de acordo com ele, está o pagamento de boletos. No entanto, outras possibilidades, como a emissão de cartão de débito e empréstimos, não serão possíveis. Como a Nu Conta é um arranjo de pré-pagamento, a ideia é que o cliente use apenas os recursos que depositar, não necessitando de limites extras como o tradicional cheque especial. "Vamos aos poucos", complementou Vélez.>
Ele afirmou ainda que o Nubank não apresenta lucro líquido no Brasil, uma vez que os recursos captados têm sido reinvestidos. Segundo o executivo, não há um prazo para que o break-even (ponto de equilíbrio) seja alcançado.>
"Não queremos ganhar dinheiro. Queremos remover a complexidade do sistema financeiro. A maioria das pessoas paga tarifas muito altas sem necessidade. Nosso objetivo é transmitir a nossa eficiência e permitir que nossos clientes tenham uma maior rentabilidade de seus investimentos", garantiu Vélez.>
O executivo lembrou que o Nubank pediu, já há dois anos, licença para atuar como um banco junto ao Banco Central. Segundo Cristina, o processo de obtenção do aval do regulador está na "reta final".>
Foco O foco da Nu Conta, além de atrair os clientes que já têm interesse no cartão, conforme ele, é permitir que mais pessoas sejam bancarizadas. Há, segundo Vélez, cerca de 60 milhões de brasileiros à margem do sistema e esse número não tem diminuído nos últimos anos.>
Críticas Em evento de lançamento do novo produto, o CEO do Nubank fez críticas aos grandes bancos, que cobram juros e spreads (diferença de quanto um banco paga para captar e o quanto cobra para emprestar), além de tarifas bancárias, em sua visão, sem necessidade. Também citou a complexidade para os clientes fazerem suas transações bancárias.>
"Quando começamos, falavam que não íamos conseguir concorrer com os grandes bancos. Hoje, já economizamos mais de R$ 1,5 bilhão em tarifas e mais de 27 milhões de minutos que nossos clientes teriam gasto em centrais de atendimento", destacou o CEO do Nubank.>
Por ora, a fintech não almeja novas captações de recursos A expansão da Nu Conta será feita com o caixa atual e, conforme os fundadores da empresa, os atuais investidores estão satisfeitos com a operação, ainda que continue rodando no vermelho.>