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Pan American projeta décadas de operação em Jacobina

Produção de ouro é principal atividade econômica em cidade baiana

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 05:00

Jorge Cajazeira, diretor de Sustentabilidade da ACB, com Edvaldo Amaral e Scott Campbell, da Pan American, e Isabela Suarez, presidente da ACB Crédito: Donaldson Gomes/CORREIO

O município de Jacobina, no Centro-Norte da Bahia, a 300 quilômetros de Salvador, vai continuar a ser conhecido pela produção de ouro por pelo menos mais 20 anos. E se depender da Pan American Silver, responsável pela operação das sete minas subterrâneas da JMC, este horizonte ainda vai se ampliar por mais alguns períodos. Principal atividade econômica da cidade, a mineração de ouro já movimentou em salários diretos e indiretos este ano quase R$ 500 milhões. Além disso, a operação da JMC movimentou em compras na Bahia R$ 170 milhões, sendo que R$ 110 aconteceram no município de Jacobina.

Com o desejo de continuar investindo na ampliação da produção de ouro na Bahia, dois dos principais executivos da Pan American Silver estiveram nesta segunda-feira (dia 25) na Associação Comercial da Bahia (ACB) para filiarem a empresa à entidade, além de apresentar os planos de investimentos para os próximos anos. Scott Campbell, vice-presidente sênior de Operações e Projetos da empresa, destacou que a Pan American, presente em oito países, investe anualmente US$ 100 milhões – equivalentes a mais de R$ 541 milhões – na exploração de novas áreas produtivas.

Já o country manager Brasil da Pan American, Edvaldo Amaral, destacou a importância do complexo de minas em Jacobina para a empresa. “A Pan está crescendo bastante, chegando a novos mercados, como é o caso do México, mas ainda assim a principal operação da empresa é a JMC”, ressalta o executivo, que deverá assumir em breve a presidência do Sindicato das Mineradoras do Estado da Bahia (Sindimiba).

Para a presidente da ACB, o ingresso da Pan American na associação representa um grande reforço e vai ajudar a entidade na luta para o fortalecimento da atividade mineral na Bahia. “Queremos muito trabalhar para que a mineração receba o reconhecimento econômico, social e ambiental que ela merece em nosso estado, por isso é importante que tenhamos uma empresa como a Pan American conosco”, destacou.

Uma das mais antigas operações minerais da Bahia, a produção de ouro em Jacobina desponta também entre as mais relevantes. A atividade é a que mais gera Cfem, os royalties da mineração na Bahia. Edvaldo Amaral aponta que as intenções da empresa são de investimentos cada vez maiores no estado. Hoje a produção acontece no subsolo, explica. Para cada tonelada de rochas, são encontradas duas gramas de ouro. A Bahia é a maior produtora de ouro do Nordeste e a terceira maior do Brasil.

Os cuidados da JMC com a operação em Jacobina envolvem o trabalho de construir 20 quilômetros de galerias por ano. Segundo Edvaldo Amaral, cada metro têm um custo de US$ 3 mil, para garantir a segurança do processo. “Somos uma empresa que possui o reconhecimento por nossa atuação em harmonia com a agenda ESG pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), fomos a primeira grande a conseguir isso e caminhamos para sermos reconhecidas pela ISO (Organização Internacional de Normatização, na sigla traduzida)”, ressalta.

O principal responsável pela operação no Brasil destaca que a cada um emprego direto gerado pela mineração, outros 11 são gerados no decorrer da cadeia de produção. “Hoje temos aproximadamente 700 funcionários, mas caminhamos para chegar a 3 mil no futuro”, projeta. Entre os integrantes do quadro, 97% são baianos, incluindo Amaral, sendo que 94% são de Jacobina. A JMC adquire produtos de 364 empresas locais e gera um volume de arrecadação tributária de R$ 56 milhões por ano.

Scott Campbell ressalta que Jacobina se destaca também pela longevidade. “É um projeto bastante emblemático para nós. Era a jóia da coroa da Yamana (antiga proprietária da mina) e tem um papel especial em nossa operação”, destaca, lembrando que a Pan American é a sétima maior produtora de ouro do planeta. “Os melhores momentos da Pan ainda estão por vir”, projetou.

Segundo o vice-presidente, a empresa trabalha para ter um impacto positivo em todas as fases de operação da mina, desde a pesquisa até a venda. “A segurança é um valor inegociável, trabalhamos com rochas pesadas, energia e transporte. Tudo isso envolve cuidado com as pessoas, com as fontes de água e as comunidades”, ressalta.

Potencial de crescimento

Entre os desafios para o futuro da empresa estão desde questões ligadas à própria atividade mineral, como a necessidade de otimizar cada vez mais os processos, para produzir mais com cada vez menos impactos, e a automação de processos, além de questões externas, como processos de licenciamentos, segurança jurídica e a garantia de um bom ambiente de negócios. Como atua em diversos países com potencial para a mineração, a Pan American tem a possibilidade de escolher locais com ambientes de negócios mais favoráveis.

“O Brasil tem muitas vantagens naturais para a mineração, na minha opinião. Tem uma força de trabalho bastante qualificada, instituições educativas bastante fortes e uma vontade importante de participar do processo mineral”, aponta Scott Campbell, vice-presidente sênior de Operações e Projetos da Pan American. “A indústria mineral tem um longo futuro com toda a revolução energética, pelos usos industriais dos seus produtos e pelo crescimento da demanda mundial”, projeta.

Isabela Suarez destacou a importância da atividade mineral e o compromisso da Associação Comercial da Bahia em dar suporte ao setor produtivo. “Para nós é muito importante ter vocês no nosso quadro de associados. Somos a instituição de apoio ao setor produtivo mais antiga das Américas. Por aqui passaram todos os assuntos que dizem respeito à história econômica do Brasil”, afirmou.

Para ela, a mineração precisa ser melhor vista. “A vertente do nosso mandato é ajudar o setor produtivo. A mineração legal e responsável precisa ser desmistificada, as pessoas precisam conhecer a atividade como ela é de verdade e temos todo o interesse em ajudar neste processo”, diz a presidente da ACB.

Segundo ela, parte dos problemas enfrentados pelo segmento mineral são comuns ao restante da atividade econômica brasileira. “As queixas infelizmente são sempre as mesmas, temos problemas graves no ritmo de expansão da nossa capacidade logística, há problemas com licenciamentos e agora também temos dificuldades diplomáticas”, lamentou. “Estes processos precisam ser ágeis, menos burocráticos, e o que nós pudermos fazer para ajudar nisto, será feito”, disse.

Segundo Isabela, a chegada a Pan American à ACB faz parte de um movimento mais amplo de atração da atividade mineral baiana para a entidade. “Nós podemos fazer a articulação de melhorias e queremos trabalhar nisso, para, pelo menos, mostrar o quanto o governo perde ao não assegurar as condições para o crescimento do setor mineral”, afirma.