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Peixe do Vietnã chega a preço mais baixo que a tilápia e abala o mercado

Vendido a preços mais baixos e com características semelhantes às da tilápia, o panga entra no país a preço de banana

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  • Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 05:48

 - Atualizado há 2 anos

Victor Longo | Redação CORREIO [email protected]á pouco tempo, ninguém tinha ouvido falar nele. Agora, o peixe pangasius vietnamita, conhecido como panga, tem caído nas graças do consumidor baiano, o que está preocupando quem cultiva a já conhecida tilápia - pescado de água doce responsável por 80% da produção de piscicultura do estado. Vendido a preços mais baixos e com características semelhantes às da tilápia, o panga entra no país a preço de banana, por ter custo de produção muito baixo no Vietnã, onde é cultivado.

“O filé do panga chega no Brasil a R$ 3. Por mais que a piscicultura baiana tenha eficiência, a tilápia não chega aos fornecedores por esse preço”, explica o técnico da Bahia Pesca, Eduardo Rodrigues. Segundo ele, a mão de obra barata e as técnicas de produção avançadas do Vietnã garantem o baixo custo, assim como a facilidade de fazer o panga ganhar carne - por isso, é considerado pescado de alto rendimento.Apesar de entrar com preço bem menor no Brasil, a alta demanda já permite que os importadores do panga inflacionem o peixe: hoje, já é vendido ao varejo por R$ 10,90 o quilo pela importadora Carballo Faro. Para o consumidor final, o peixe chega a um preço médio de R$ 13,60, abaixo do valor da tilápia, que beira os R$ 20.

Como reflexo na diferença do preço, as vendas do pescado vietnamita cresceram, no último trimestre, nada menos que 400% em uma das principais redes de supermercados da Bahia. “As vendas da tilápia também continuaram crescendo, mas no mesmo período subiram quatro vezes menos que o panga”, conta Adriano Viana, diretor comercial para o Nordeste do Walmart, proprietária do Bompreço. Na rede varejista,  o quilo do panga sai a R$ 12,90 e a tilápia custa R$ 19,90 - 54,3% mais cara.

Concorrência  O pangasius vietnamita só chegou ao mercado brasileiro com força em 2010, e ainda mais recentemente ao baiano. No entanto, já é considerado um concorrente de peso pelos tilapicultores.  Jorge Levindo, que cultiva o peixe no Lago de Itaparica, na fronteira da Bahia com Pernambuco, vê no panga uma ameaça. “Isso porque a tilápia ainda não se consolidou, pois seu cultivo começou no país há menos de dez anos”, disse. Segundo dados da Bahia Pesca, o território do Lago de Itaparica é responsável por 60% da produção do peixe no estado. Os municípios de Glória e Paulo Afonso são os maiores produtores. O tilapicultor considera o peixe vietnamita de “procedência duvidosa”, mas não hesita ao ser questionado sobre a ideia de cultivar o panga aqui. “Acho uma excelente  ideia”, exclama. Porém, o cultivo do peixe no país ainda não foi autorizado.

Números do mercadoR$ 3 é o preço que o panga chega ao Brasil, segundo a Bahia Pesca 80% é a participação da tilápia na piscicultura baiana

Governo atesta qualidade do pangaPreocupados em defender sua fatia do mercado, os piscicultores brasileiros declararam verdadeira guerra ao peixe vietnamita pangasius - o panga - espalhando boatos sobre sua origem. “A produção do panga, no Rio Mekong, é próxima às moradias. Tente imaginar aquelas casas ao largo dos rios vietnamitas! Daí, dá para saber que o panga não chega ao Brasil em condições aceitáveis”, afirma o produtor de tilápia Jorge Levindo, sugerindo que o panga se alimenta de dejetos humanos. “É uma irresponsabilidade do governo aceitar a importação desse peixe”, considera. Histórias relacionando o panga à poluição do Rio Mekong - onde o peixe é cultivado há mais de mil anos -, ao suposto uso de antibióticos em seu alimento e à presença de metais contaminantes espalharam-se na internet. Mesmo assim, o pescado vietnamita é exportado do Vietnã para mais de 200 países, entre eles os Estados Unidos, Japão, Rússia e Austrália, além de toda a Comunidade Europeia. Consultado pelo CORREIO, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento garantiu ter visitado o Vietnã para realizar inspeção em empresas exportadoras e atestar a qualidade do peixe produzido no país asiático. “Um dos motivos da realização desta missão foi justamente verificar a série de denúncias recebidas e divulgadas pelo setor produtivo mundial”, justificaram técnicos do ministério, por meio de uma nota da assessoria de imprensa.Segundo o ministério, o processo de importação dos produtos vietnamitas ocorre de acordo com o que já é praticado para os demais países. Mesmo assim, a assessoria ressaltou: “É importante lembrar que (esse) processo é dinâmico. Se surgirem indícios de não conformidades que impliquem em risco sanitário, tomaremos as posições necessárias para proteger nosso consumidor”.