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Sem retrocessos e aposta na regeneração: os caminhos da Natura para 2050

Empresa gera atualmente um impacto positivo para sociedade de 2,5 vezes aquilo que fatura

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 7 de julho de 2025 às 05:00

João Paulo Ferreira, CEO da Natura Crédito: Divulgação

Nem um passo atrás no compromisso de ir além da sustentabilidade. Este foi o recado da Natura na atualização da sua Visão para 2050. Enquanto governos e grandes corporações apresentam posturas vacilantes em relação aos compromissos com a agenda ESG, que propõe uma atuação responsável com o meio ambiente, o social e a governança, a empresa brasileira reafirmou na última sexta-feira (dia 5), em São Paulo, os seus planos para as próximas décadas, com compromissos ainda mais audaciosos do que os apresentados em 2014.

Duas palavras marcaram a apresentação da Visão 2025-2050 da Natura: retrocesso e regeneração. A primeira foi repetidamente rechaçada como possibilidade por porta-vozes da empresa como uma alternativa. A segunda foi apontada como o caminho para a sobrevivência do planeta e, claro, para o sucesso nos negócios. A Visão propõe ir além da sustentabilidade e promove sua tese de atuação empresarial, pautada na regeneração para a prosperidade coletiva e caminho inevitável para o sucesso dos negócios, das pessoas e da natureza.

O comprometimento da estratégia será mensurado por meio do Integrated Profit & Loss (iP&L), metodologia pioneira que atribui valor monetário a impactos socioambientais. Hoje, a ferramenta indica que a cada R$ 1 de receita da Natura, R$ 2,50 são retornados à sociedade. A meta para 2030 é chegar a R$ 4 de impacto socioambiental positivo para cada R$ 1 de receita. Até a metade deste século, a empresa brasileira pretende zerar emissões líquidas de carbono da sua cadeia produtiva. As da própria empresa devem ser atingidas até 2030. Outro compromisso foi o de ter no quadro de pessoas colaboradoras administrativos a mesma proporção de grupos sub-representados que existe na sociedade e ter 100% da rede de consultoras de beleza com renda digna, entre outras medidas.

A Natura pretende se consolidar como uma empresa 100% regenerativa, promovendo a vida e impactando positivamente quatro capitais: financeiro, natural, social e humano. “A Visão reforça nossa convicção de que o futuro exige uma construção no presente e sustentar as coisas como estão já não basta. Como na lógica de uma floresta, estamos apostando na interdependência das relações como motor de crescimento, não apenas para nossos resultados enquanto companhia, mas para toda a sociedade”, afirma João Paulo Ferreira, CEO da Natura.

“Estamos reafirmando nossa razão de existir que é o de produzir bem estar para as pessoas e ajudá-las a estar bem no mundo. Desde a origem da empresa, em 1969, isso é parte fundamental da nossa atuação, uma ideia de que existimos para produzir valor econômico, que vai além do valor financeiro, e é distribuído”, reforça o executivo.

O presidente da Natura diz que a empresa vai se tornar 100% regenerativa até 2050. Ele destaca a coragem da companhia em assumir o compromisso. “O objetivo original da Natura é fazer com que sua atividade gere um valor econômico superior ao financeiro. O valor para a sociedade precisa ser maior que o financeiro. Hoje geramos 2,5 vezes o tamanho de nossa receita. A empresa já nasceu assim em 1969”, lembra. “Imagine que naquele período em que havia um fascínio por ingredientes sintéticos, nasce uma empresa com nome que faz alusão a natureza”.

Há mais de 50 anos a Natura influencia diversos atores da sociedade em prol de iniciativas inovadoras que já transformaram a vida das pessoas e o ecossistema em que vivem. Em 25 anos de atuação na Amazônia, sob o prisma de uma atuação regenerativa, a Natura já está conectada a 46 comunidades da sociobiodiversidade, uma meta que foi atingida seis anos antes do previsto. São mais de 10 mil famílias que prosperam socioeconomicamente ao mesmo tempo em que preservam 2,2 milhões de hectares de floresta. É um exemplo de como a atuação regenerativa implica em impactos do começo ao fim da cadeia, e traz ganhos para diferentes capitais de maneira simultânea.

Ana Costa, vice-presidente de sustentabilidade da empresa, diz que a atualização da visão é marcada pela ambição da empresa. “Não há espaço para retrocessos”, frisa. “Se a gente admitir qualquer retrocesso, vamos estar procrastinando ainda mais”, completa. Com berço na Amazônia, a empresa defende a ideia de a “floresta de pé” é o melhor caminho para o desenvolvimento. “Esperamos que mais pessoas conheçam e amem a Amazônia, porque a gente só vai defender o que a gente conhece e ama”, acredita Ana Costa.

Ana Costa, vice-presidente de sustentabilidade da Natura Crédito: Divulgação

Além da atuação direta no bioma amazônico, um pilar fundamental para enfrentamento da crise climática, a redução de emissões de carbono e a gestão de resíduos também são centrais na estratégia. Zerar emissões líquidas próprias de carbono até 2030, e as outras emissões da cadeia, do escopo 3, até 2050 são metas tangíveis e nas quais a Natura tem avançado significativamente. Em 2024, a redução nos Escopos 1 e 2 chegou a 43%. Em relação aos resíduos, o caminho passa por investir no desenvolvimento de novas soluções para o plástico. Até 2050, a empresa se compromete a ter 100% de plástico de origem renovável e compostáveis em seu portfólio.

Líder da cooperativa D’Irituia, no Pará, Maria Fernanda de Oliveira Lima, destaca o papel que a Natura representa para a comunidade onde ela vive. “Temos uma parceria há 13 anos, mas no período da pandemia, quase fechando as portas, sem muitos mercados, aluguel e salários atrasados, a Natura assumiu o compromisso de comprar além do contrato”, lembra. No final das contas, a cooperativa fechou o ano no azul, com prédio próprio e ainda montou uma central de processamento, que elevou os rendimentos da atividade desenvolvida. “Eles não nos vêem como coitados, sempre nos possibilitaram crescer”, destaca.

Do ponto de vista social, a Natura defende a renda digna para sua rede de mais de 3 milhões de Consultoras de Beleza e para a cadeia produtiva, especialmente as comunidades agroextrativistas. A Natura também se compromete a fortalecer um quadro de colaboradores diverso e inclusivo. Na área administrativa, a ambição é de chegar à mesma proporção de grupos sub-representados que existem na sociedade.

“Estamos cientes dos desafios que ainda temos pela frente. A estratégia é gerar novos modelos de negócio, fomentar inovação aberta, incluir diversos atores para a jornada e criar parcerias capazes de reconfigurar o papel das empresas na sociedade. Isso demanda uma simbiose industrial e novos critérios para mensuração de impacto”, reforça João Paulo.

Angela Pinhate, diretora de sustentabilidade e regeneração, acredita que o documento ainda passará por novas atualizações até 2050. “Escolhemos a palavra caminhos com intencionalidade, este é um documento vivo”, afirma.