Pais criam grupos para avaliar novas escolas onde os filhos irão estudar

O ano letivo ainda nem terminou e a busca por vagas nas escolas particulares, no próximo ano, já começaram para muitos pais de alunos. Para tentar fazer a melhor escolha, com preços mais em conta e a aprovação dos filhos, pais e responsáveis agora optam por formar grupos e escolher juntos o novo destino. Foi o que aconteceu com a empresária Cristiane Moreira Ribeiro, que se juntou com outros dez pais de alunos, há dois meses, e começou a visitar as unidades.Carla Azi optou por escola em que amigos do filho Caio vão estudar(Foto: Marina Silva)As escolas, por sua vez, buscam o diferencial para convencer os indecisos. Filho de Cristiane, Enzo, de 11 anos, estuda atualmente no Colégio Módulo Criarte, no Caminho das Árvores, que atende até o 5º ano. Portanto, ao passar de ano, terá de mudar de ares.

“Esse grupo do meu filho estuda junto desde pequeno. Então, resolvemos ir visitar as escolas juntos e escolher a melhor opção para todos”, explica Cristiane. Na escolha, os pais priorizaram a proposta pedagógica da escola, depois a infraestrutura e o valor da mensalidade.

O escolhido foi o Colégio São Paulo, no Itaigara. “Foi uma coisa de afinidade, de gostar da proposta da escola e também a estrutura do colégio. Ainda consegui um desconto na matrícula”, conta.

E quem pensa que ainda é cedo para começar a procurar, Cristiane dá a dica. “Quando vai mudar de colégio tem o tempo de espera. Se não pegar o prazo, depende muito da procura com os pais naquele colégio”, explica.

Para a advogada Carla Azi, um outro fator também foi importante para a escolha da nova escola do filho Caio. “Além da proposta pedagógica e da estrutura física, também procurei uma escola que fosse perto de casa, perto dos amigos dele”, comenta. O filho também não dispensa praticar esporte e no Colégio Anchieta, na Pituba, onde fez a reserva de vaga, já pensa em fazer futsal e natação.Colegas, Enzo e Guilherme vão juntos para o São Paulo. Cristiane, mãe de Enzo, diz que decisão foi coletiva(Foto: Marina Silva)Se ainda no fundamental a participação dos filhos na escolha é importante, quando crescem, a decisão final fica praticamente por conta deles. É o caso da estudante Brenda Borges, 13 anos, que mora em Feira de Santana. Ela agora vai para o ensino médio e está pesquisando qual o melhor lugar para estudar nessa reta final, com o foco no vestibular.

“Ainda é uma suposição, mas já está mais para ‘sim’ do que ‘não’. Minha irmã me influenciou bastante e está me ajudando a escolher”, diz. A estudante pretende visitar as escolas a partir do mês que vem, junto com os pais.

Descontos

Além dos atrativos em infraestrutura, Cristiane conseguiu um desconto na matrícula porque o marido trabalha em um banco que tem convênio com o São Paulo. A política de convênios se tornou mais comum entre as instituições de ensino.

Caso o pai esteja interessado em saber se a escola tem esse serviço, a maioria das instituições disponibiliza as informações em seus sites oficiais. No caso do Colégio Isba, em Ondina, são 30 escolas conveniadas, além de empresas, associações, sindicatos, todos dando descontos aos pais que possuem variados tipos de vínculo.

Já no Colégio Salesiano Dom Bosco, na Paralela, são beneficiados os filhos de ex-alunos, pais que trabalham em empresas conveniadas e também quem mora em condomínios próximos como o Alphaville, Le Parc e Brisas. O abatimento na mensalidade varia de 10% a 15%.

[[saiba_mais]]

Conquista

A visita às escolas é uma das etapas desse processo de mudança. Na maior parte das unidades, o processo de matrícula é parecido: os pais procuram a instituição, agendam uma entrevista, fazem uma visita e, finalmente, batem o martelo.

Hoje também há a possibilidade de se fazer um tour virtual em algumas instituições antes de conhecê-las. Nos sites, dá para conhecer as quadras, áreas de convivência, laboratórios, salas de aulas. É durante a entrevista que a escola apresenta os seus atrativos. Cada uma aposta de uma forma diferente.

No Isba, por exemplo, cada entrevista é realizada pelo orientador do respectivo nível de ensino, como explica o coordenador de matrículas, Walter do Vale. Ele aponta como vantagens do colégio a divisão dos segmentos em três prédios interligados, o que dá maior liberdade para os estudantes.

“A gente procura preservar o aluno nesse sentido. Colocamos eles dentro da mesma faixa de ensino, e temos horários diferenciados de intervalos, para que os menores tenham o espaço próprio”, explica.

Na escola Vitória Régia, no Cabula, o processo de acolhimento começa bem antes da matrícula. “A gente procura fazer as visitas sempre durante as aulas, para que a família sinta a escola viva, em pleno funcionamento”, explica a gerente institucional da unidade, Bárbara Fônseca.

No Dom Bosco, o aluno também começa a interagir com a escola antes do ingresso. “Na central de matrículas temos até um espaço kids, com atividades lúdicas”, aponta.Estudante deve participar da escolha, afirma especialista

Quem vai estar no ambiente escolar todos os dias é o estudante e, por isso, nada mais justo do que ele participar do processo de escolha da nova escola. Segundo a psicopedagoga Gleide Moreira, a participação do aluno é fundamental para o seu processo de adaptação.

“O filho tem que ir junto às escolas. Os pais não podem escolher sem que ele participe do processo. É ele que vai estar lá dentro”, diz. Gleide alerta também que os pais devem ficar atento se a escola escolhida tem o perfil do estudante.

“Não adianta colocar numa escola que vai de encontro à sua filosofia de vida, porque vai confundir a cabeça da criança”, explica. Nos primeiros dias, os pais devem ficar atentos aos sinais, caso a criança não se adapte.

“Esse processo de adaptação leva dias e, às vezes, é insegurança dos pais mesmo. Mas é bom estar atento se o estudante não ficar bem na nova escola”, conclui.