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Alexandro Mota
Publicado em 16 de setembro de 2015 às 06:04
- Atualizado há 2 anos
Professores que trabalham na preparação de candidatos que participam do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) chegaram a uma importante constatação: muitos alunos respondem as perguntas sem compreender exatamente o que se pede. Por conta disso, indicam os mestres, é preciso máxima atenção nos enunciados. >
“Eles nunca podem ser deixados em segundo plano. São o encaminhamento para as respostas”, explica o professor de Geografia Cadu Oliveira. “Saber exatamente o que pede a questão é importante. Há sentenças que não são incorretas, mas que não é o que o Enem pede”, completa Luís Alberto, professor de Gramática e Redação. >
Cadu lembra uma questão de 2013 de Geografia que o texto de apoio é um encaminhamento direto para a alternativa correta. A prova traz trechos da música Disneylândia, do cantor Arnaldo Antunes, remetendo à “ampliação das trocas econômicas e seletividade dos fluxos populacionais (resposta correta)”."Errar uma questão fácil no Enem significa para a banca que você chutou e nem leu, e isso interfere na nota", diz professor Marcos Estevam, sobre a importância de ler direito (Foto: Marina Silva)O texto pode ser uma imagem e uma imagem também pode ser um texto. Luís Alberto convida os estudantes para deixarem um pouco o terreno literal: os textos citados aqui - e no Enem - são artigos, mas também canções, trechos retirados de um site ou de um jornal, gráficos, tabelas e, por que não, imagens e mapas. >
“Tudo que contém uma mensagem é o texto. Às vezes, um texto não verbal, ou misto, como é o caso de uma charge. Em uma imagem, se presto atenção nos detalhes, posso também encontrar nelas metáfora, hipérbole”, exemplifica.>
E se, ao ler a prova, encontrar uma palavra que não se conhece? Até hoje há, por exemplo, um burburinho na internet por causa do uso do verbo depreender nas provas de 2012 e 2011. Naqueles anos, a banca examinadora queria apenas a capacidade do aluno de compreender não só o termo, mas também o texto apresentado. “Se não sabe, procure ao máximo entender o contexto”, sugere Luís Alberto. >
TempoEm média, cada estudante tem três minutos para responder as dezenas de questões diárias da prova (sem contar a redação). “O tamanho do texto deve ser levado em questão considerando o tempo. Os estudantes devem priorizar as questões que vão lhe custar menos tempo e deixar as mais demoradas para depois”, sugere Cadu. >
Fazer uma leitura proveitosa do texto de apoio pode, sim, custar tempo, mas também ajuda a eliminar alternativas absurdas. Em geral, a resposta certa se alinha com a ideia do texto - mas é bom prestar atenção se a banca espera que o candidato assinale a opção incorreto ou falsa. “A matriz de correção do Enem diferencia as questões fáceis e difíceis. Os erros têm pesos diferentes. Errar uma questão fácil significa para a banca que você chutou e nem leu e isso interfere na nota”, explica Marcos Estevam, professor de Física. >
Cadu ressalta que não há mágica: só o treinamento com provas anteriores dá ao estudante tanto a habilidade de controlar o tempo quanto conhecimento sobre o que o Inep (instituto que aplica a prova) espera do estudante. >
Luís lembra que é importante levar em consideração o título e a fonte de onde foi extraído o material de apoio e relacioná-los. >
Se você tem uma situação problema, bastante frequente em questões que requerem conhecimento de Física e Matemática, o professor sugere grifar os dados e informações de cada elemento. Isso demandará um retorno a eles para fazer cálculos e é melhor tê-los à disposição, evitando releitura. >
Já Marcos garante: diante de um gráfico ou uma tabela, observe com calma: a resposta correta está ali. Nesses casos, a habilidade que o Enem quer testar do candidato é a capacidade de leitura e interpretação dos elementos gráficos. Essas e outras habilidades cobradas na prova estão disponíveis no site do próprio Inep.>
Palavras-chave evidenciam foco na interpretaçãoO CORREIO levantou os termos mais recorrentes nos enunciados das últimas cinco provas elaboradas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre 2010 a 2014. Com o levantamento de mais de 900 questões foi possível, através de uma nuvem de palavras, perceber que o que o exame mais faz é remeter o estudante para os textos de apoio, antes de dar o comando. >
Quanto maior o destaque da palavra na nuvem, maior é sua recorrência nos enunciados das questões. Palavras que indicam relação e associação são sempre frequentes, deixando claro que a maior exigência da prova é a capacidade do estudante em criar associações e “relação” “entre” um termo e outro. >
A convocação de termos e situações do cotidiano faz também o termo “se” ganhar destaque na nuvem de palavras. Por conta disso, que o “se” ganha destaque na prova de Matemática e suas Tecnologias, ao separar os termos por área, e distinguir os itens comuns às quatro áreas. O verbo ser é convocado para a exatidão da área, que quase sempre busca saber “o que é”. São com horas, metros, medidas, valores, maior ou menor que se faz uma boa prova da área. >
A prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias quer saber o porquê dos fenômenos. Estar atento às questões da água em suas diferentes formas também garante uma boa avaliação, principalmente “considerando” o “texto” e o “meio”. Já Linguagem faz jus e se importa com o autor e com a língua, com as obras, além de também com o social, com a arte e com os efeitos.>
GERAL DOS 5 ANOS>