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Agência Correio
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 09:00
- Atualizado há 2 dias
Com o aumento das discussões sobre preservação ambiental e a proteção dos polinizadores, Santa Catarina decidiu agir de forma mais rigorosa. O estado proibiu oficialmente o plantio da espatódea, uma árvore africana de aparência exuberante, mas que representa uma ameaça grave para as abelhas. >
Embora muito usada em jardins e vias públicas pela beleza de suas flores alaranjadas, a espécie é considerada tóxica e prejudicial ao equilíbrio ecológico. >
Espatódea
Pesquisas apontaram que o néctar, o pólen e até a mucilagem produzida pela espatódea contêm substâncias letais para abelhas e outros insetos polinizadores.>
Por isso, quem insistir em cultivar ou produzir mudas dessa árvore em território catarinense poderá ser multado em até R$ 1 mil por exemplar, segundo determina a legislação estadual. A medida busca preservar a biodiversidade e incentivar o uso de plantas nativas seguras para o meio ambiente.>
A espatódea, conhecida pelo nome científico Spathodea campanulata, é uma espécie originária da África tropical que pode ultrapassar 20 metros de altura. Por décadas, foi amplamente utilizada no paisagismo brasileiro, especialmente em ruas e praças, devido às suas flores chamativas e de cor intensa. No entanto, sob o olhar da ecologia, ela se revelou um risco disfarçado de beleza.>
Os estudos indicam que sua seiva, pólen e néctar são altamente nocivos às abelhas, levando muitas à morte após o contato. O problema se agrava porque as abelhas contaminadas podem levar a substância tóxica para dentro das colmeias, afetando todo o grupo. >
Essa contaminação em cadeia reduz a atividade polinizadora e causa prejuízos diretos à agricultura e ao equilíbrio ambiental, já que esses insetos são essenciais à reprodução de inúmeras espécies vegetais.>
Desde 2019, Santa Catarina mantém em vigor a Lei nº 17.694, que proíbe o plantio, a manutenção e a comercialização de mudas da espatódea em todo o estado. Além de vetar novas plantações, a legislação também incentiva a substituição dos exemplares já existentes por espécies nativas, mais seguras para o ecossistema local.>
Quem descumpre a norma pode receber uma multa de até R$ 1.000 por árvore ou muda. Em casos de reincidência, o valor pode ser dobrado. >
O objetivo é desestimular o cultivo da espécie e promover campanhas educativas para conscientizar a população sobre os danos ambientais que ela causa. As prefeituras e órgãos ambientais são responsáveis por fiscalizar o cumprimento da lei e orientar os cidadãos sobre as medidas corretas.>
A morte das abelhas em contato com a espatódea gera um efeito em cascata nos ecossistemas. Esses insetos desempenham papel fundamental na polinização, processo que garante a reprodução de plantas e a formação de frutos. Quando sua população diminui, a agricultura e as áreas naturais são diretamente afetadas.>
Além disso, a espatódea apresenta comportamento invasor: cresce rapidamente, compete com espécies nativas e pode causar danos estruturais devido às raízes superficiais e galhos pesados. Em ambientes urbanos, esse crescimento descontrolado pode provocar quedas e acidentes, tornando a planta perigosa tanto para o meio ambiente quanto para as pessoas.>
Quem possui uma espatódea em casa ou em espaço público deve procurar orientação junto ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) ou às secretarias municipais. Esses órgãos fornecem informações sobre como proceder com a remoção e substituição das árvores de maneira segura, evitando riscos de disseminação das sementes.>
Como alternativa, especialistas recomendam o plantio de espécies nativas, que não oferecem risco às abelhas e contribuem para a recuperação da flora local. Entre as opções mais indicadas estão o ipê, a canafístula, a timbaúva, o ingá-cipó e a aroeira. A substituição dessas árvores ajuda a restabelecer o equilíbrio ecológico, fortalece os polinizadores e deixa as cidades mais seguras e sustentáveis.>