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Fernanda Varela
Publicado em 10 de outubro de 2025 às 17:10
O que era pra ser um pagamento de pensão terminou em escândalo na Argentina. Verónica Acosta, moradora da província de San Luis, esperava receber 8 mil pesos, cerca de R$ 40, mas acabou surpreendida com um depósito de mais de 500 milhões de pesos argentinos, o equivalente a R$ 2,4 milhões.>
Veja o que ela comprou com o dinheiro:
Segundo o jornal El País, o erro partiu do próprio governo provincial. Sem entender direito o que havia acontecido, Verónica não perdeu tempo. Em poucas horas, realizou 66 movimentações bancárias e gastou praticamente todo o valor. Comprou eletrodomésticos, materiais de construção, um carro e até um assento de vaso sanitário.>
Parte do dinheiro foi transferida para cinco familiares, que agora também são investigados. O erro foi descoberto rapidamente e as autoridades conseguiram recuperar mais de 90% do montante, bloqueando contas e carteiras digitais.>
A Justiça argentina indiciou Verónica e seus parentes por fraude ao Estado e apropriação indevida de recursos públicos. Eles poderão responder em liberdade apenas se pagarem uma fiança de 30 milhões de pesos, cerca de R$ 144 mil. O advogado da família, Hernán Echevarría, afirma que o caso é um abuso e que todos são pessoas humildes. “Foi um erro do Estado. Agora tentam transformá-los em criminosos”, disse à imprensa.>
Em entrevista a canais locais, Verónica contou que acreditou ter recebido uma bênção. “Achei que fosse um presente de Deus. Usei o dinheiro para resolver necessidades e ajudar minha família”, afirmou. Entre as compras confirmadas estão duas televisões, uma fritadeira elétrica, um microondas, pisos, utensílios de cozinha, uma geladeira e um carro.>
No Brasil, situações parecidas também podem terminar em prisão. De acordo com o artigo 169 do Código Penal, apropriar-se de um valor recebido por engano é crime de apropriação indébita, com pena de até um ano de prisão ou multa. O Código Civil reforça que ninguém pode se enriquecer sem causa e que o valor deve ser devolvido, mesmo que já tenha sido gasto.>
A orientação dos bancos é simples: ao perceber uma transferência errada, o cliente deve evitar movimentar o dinheiro e comunicar imediatamente a instituição. Hoje, a maioria dos aplicativos permite devolver o valor com apenas alguns cliques, antes que o “presente de Deus” acabe virando caso de polícia.>