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Agência Correio
Publicado em 23 de julho de 2025 às 19:13
Uma pesquisa recente da Universidade de São Paulo (USP) levantou uma preocupação importante: óculos de sol comuns podem não ser tão eficazes quanto pensamos na proteção contra a radiação ultravioleta (UV) difusa. Esse tipo de radiação, que é refletida em superfícies como paredes e solo, consegue "contornar" os óculos. >
Os raios UV difusos entram pelo vão lateral entre a armação e o rosto, refletem nas lentes internas e atingem diretamente os olhos. Isso acontece porque a maioria das armações não foi projetada para bloquear essa entrada lateral, deixando seus olhos vulneráveis mesmo com as lentes escuras.>
A física Liliane Ventura, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC-USP), especialista na área há 30 anos, reforça em entrevista à Revista Pesquisa Fapesp: "As armações têm um papel fundamental na proteção dos olhos contra a radiação UV".>
O grupo de pesquisa, liderado pela professora Ventura, analisou 32 modelos de óculos. Eles usaram um protótipo com sensores ultravioletas no lugar dos olhos, revelando uma grande variação na proteção. Os resultados mostram que o tipo de armação é crucial para a eficácia.>
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Óculos com design de máscara, muito usados por atletas, bloquearam 96% da radiação UV. Por outro lado, modelos com lentes redondas alcançaram, no máximo, 81% de proteção. Isso evidencia que a forma do óculos influencia diretamente na segurança dos seus olhos.>
As lentes vendidas no país seguem um padrão que exige proteção mínima de 380 nanômetros (nm). Dos 12 modelos de lentes analisados, 11 cumpriam essa exigência no limite, e apenas uma superou o padrão.>
Ventura esclarece que "As lentes dos óculos de sol vendidos no país estão dentro do que as normas nacionais pedem". Contudo, a pesquisadora faz uma ressalva importante: "O problema é que as normas brasileiras e internacionais não são suficientes para a proteção UV total dos olhos, porque avaliam apenas as lentes e não consideram as armações".>
Em 2013, a legislação brasileira estabelecia que as lentes deveriam proteger contra 400 nm. Dois anos depois, o valor foi reduzido para 380 nm, seguindo a norma da Organização Internacional de Normalização (ISO). Essa alteração pode ter impactado a eficácia da proteção.>
Desde então, não houve tentativas de aumentar esse limite. Para se ter uma ideia, na Austrália, país com incidência solar semelhante à do Brasil, o valor mínimo de proteção exigido é de 400 nm. Essa comparação sugere que as normas brasileiras talvez precisem ser revistas para garantir maior segurança.>
Sempre opte por óculos de sol de fontes confiáveis. Modelos originais e credenciados oferecem, pelo menos, a proteção estabelecida pelas normas. No entanto, óculos vendidos por ambulantes ou em lojas não credenciadas podem apresentar riscos ainda maiores.>
Muitos desses produtos utilizam materiais inadequados que não bloqueiam a radiação UV, podendo até intensificar seus efeitos nocivos. Por isso, o Sindicato do Comércio Varejista de Material Óptico, Fotográfico e Cinematográfico do Rio Grande do Sul lançou um alerta: "Proteja seus olhos, use óculos solar de qualidade".>