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Larissa Almeida
Publicado em 24 de julho de 2025 às 05:00
Nos primeiros cinco meses do ano, Salvador registrou a ocupação de mais de 135,8 mil postos de trabalho, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Mesmo com o grande número de vagas preenchidas e saldo positivo no acumulado do ano até maio – época dos dados mais recentes disponibilizados pela Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia (SEI) –, algumas profissões têm tido maior dificuldade de colocação no mercado de trabalho da cidade, sobretudo aquelas voltadas para atuação em cozinha e mecânica. >
De acordo com o Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra (SIMM), empresas esperam há dois meses serem preenchidas as vagas de auxiliar de produção em confeitaria, eletricista de ônibus e motorista de ônibus que estão sendo divulgadas pela pasta. >
Cristiane Moura, diretora do SIMM, explica que há, de modo geral, uma maior dificuldade para o preenchimento de postos de trabalho para as profissões de confeiteiro, padeiro, sushimann e açougueiro – todas relacionadas ao trabalho na área de cozinha/alimentação. >
“Essas vagas estão ligadas a serviços mais especializados. Consideramos que há uma escassez de mão de obra não só pelo fato de não identificarmos profissionais qualificados em alguns momentos, mas também porque muitos acabam trabalhando de forma autônoma, gerando renda e adquirindo experiência, mas de maneira informal”, afirma. >
Com a demanda por vagas especializadas, as empresas exigem que os profissionais a serem contratados tenham experiência prévia e qualificação comprovada. É nesse ponto que há outro desencontro que impede o preenchimento dos postos de trabalho, uma vez que profissionais qualificados que não têm experiência prévia ou que só tem a experiência informal não conseguem avançar na seleção. >
Esse é o caso do eletricista de veículo, uma das profissões que mais tem dificuldade de colocação no mercado de trabalho de Salvador. “Em virtude da complexidade da vaga, esse é um perfil que nós temos mais dificuldade de negociar com o empregador a exclusão da exigência de experiência”, diz Cristiane. >
“O que buscamos romper, diariamente, na proteção dessas oportunidades, é que as empresas tirem essa exigência de experiência e recebam mais profissionais que tenham qualificações, mas para algumas profissões, como motorista e eletricista de ônibus, eles não abrem mão”, completa. >
Para Daíse Marques, especialista em Recursos Humanos e gestora da empresa Aurora Pessoas e Negócios, o gargalo na absorção dessas profissões também se deve às baixas remunerações diante do esforço físico e técnico empenhado pelos profissionais. >
“[Isso] desestimula a entrada e permanência na área, favorecendo a contratação informal, sem carteira assinada, o que torna a carreira instável e volátil e algumas com carga horária difícil, que é diferente do horário comercial convencional, o que dificulta a dinâmica de locomoção, da vida social e saúde física/mental”, aponta. >
No intuito de diminuir os entraves para a ocupação, o SIMM, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Renda de Salvador (Semdec), tem desenvolvido ações do Treinar para Empregar, programa de capacitação que desenvolve trilhas de aprendizagem voltadas às vagas intermediadas pela pasta. >
“Quando não temos vagas do interesse ou do perfil que o mercado quer, mostramos que temos um curso de qualificação para que, em uma oferta futura, a pessoa consiga se candidatar e participar de uma seleção”, finaliza Cristiane Moura. >
O programa Treinar para Empregar tem duração de 192h e ocorre na modalidade presencial. A turma mais recente deu início à capacitação em junho, voltada para processo de reciclagem com mentoria. No momento, não há informações sobre novas turmas, mas os interessados podem acompanhar a página @semdecsimmsalvador no Instagram ou obter informações no site de agendamento da Semdec. A iniciativa dá direito a certificado e custeia o transporte para as aulas, que são gratuitas. >