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Agência Correio
Publicado em 23 de julho de 2025 às 08:41
Em um mundo cada vez mais conectado e interdependente, é difícil imaginar uma nação que não precise importar alimentos para alimentar seu povo. A maior parte dos países, mesmo os mais ricos e tecnologicamente desenvolvidos, depende de outros para garantir o prato cheio na mesa. >
Mas uma nova pesquisa publicada na revista científica Nature Food revelou uma exceção surpreendente: a Guiana, vizinha do Brasil, foi considerada o único país do mundo capaz de produzir todos os alimentos básicos para sustentar sua população sem depender de nenhum outro.>
O estudo, realizado pela Universidade de Goettingen, na Alemanha, avaliou a autossuficiência alimentar de 186 países. Para isso, os pesquisadores definiram sete categorias de alimentos essenciais: frutas, vegetais, laticínios, peixes, carnes, nozes e sementes, e alimentos ricos em amido (como arroz, batata e trigo).>
A análise mostrou que países como China e Vietnã chegaram perto da autossuficiência, produzindo seis desses sete itens em quantidade suficiente. O Brasil, por sua vez, foi capaz de atender sua população em cinco categorias, mas ainda depende de importações para suprir a demanda por peixes e vegetais.>
Já a Guiana, com cerca de 830 mil habitantes, se destacou ao produzir todos os sete tipos de alimentos em escala suficiente para seu consumo interno. O feito surpreendeu até os cientistas responsáveis pela pesquisa.>
Carrunchos infestam alimentos
Segundo o estudo, características como clima favorável, qualidade do solo e abundância de água pesam mais na balança da autossuficiência do que o poder econômico.>
Isso explica por que países ricos como Emirados Árabes Unidos, Catar e Macau não conseguem se sustentar sozinhos em nenhuma das categorias analisadas. Na mesma situação estão regiões como Afeganistão, Iraque e Iêmen.>
O trabalho revelou ainda que apenas 1 em cada 7 países consegue ser autossuficiente em pelo menos cinco dos sete alimentos considerados. Isso significa que a maioria depende fortemente de importações e, em muitos casos, de um único parceiro comercial.>
Essa dependência pode se tornar um problema grave em situações como guerras, desastres naturais ou rupturas diplomáticas, que impactam diretamente o comércio internacional de alimentos. Por isso, os pesquisadores alertam: a autossuficiência deve ser um objetivo estratégico para governos preocupados com a segurança alimentar.>
Nos casos em que isso não for possível, o melhor caminho é diversificar as parcerias comerciais, evitando concentrar a dependência em poucos países.>