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Agência Correio
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 18:35
O recorde mundial de trem mais longo pertence a um colosso australiano de aço que se estendia por mais de sete quilômetros. Este monstro sobre trilhos, operado pela mineradora BHP, entrou para o Guinness Book em 2001 com seus impressionantes 682 vagões carregados de minério de ferro. Sua existência foi um marco audacioso na engenharia ferroviária que revolucionou o transporte de carga pesada.
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A jornada épica deste trem experimental não foi apenas sobre quebrar um recorde. Foi um teste monumental de uma nova tecnologia e da confiança em um único homem para comandá-lo. Um feito que misturou inovação, coragem e uma escala tão gigantesca que desafia a imaginação, mostrando os limites do possível no transporte de carga.
>De trem pelo mundo
O trem BHP 3143 não foi apenas uma demonstração de força bruta, mas uma prova de engenhosidade tecnológica. Desenvolvido pela empresa que na época era a maior mineradora do mundo em termos de receita, este projeto representou o ápice da ambição humana em dominar a logística de transporte. Sua criação marcou um antes e um depois na história ferroviária mundial.
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Com 7,3 quilômetros de extensão, o conjunto completo carregado de minério de ferro pesava impressionantes 99 mil toneladas. Para colocar isso em perspectiva, era como se uma pequena montanha de metal estivesse se movendo lentamente através do território australiano. Uma visão verdadeiramente espetacular da engenharia em escala monumental.
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O coração tecnológico deste gigante era o sistema Locotrol 3, desenvolvido especificamente para controlar múltiplas locomotivas ao longo dos vagões. Esta inovação permitia que todas as locomotivas respondessem perfeitamente aos comandos de um único operador. Uma sincronização mecânica que parecia desafiar as leis da física em tão grande escala.
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Para testar toda a capacidade do Locotrol 3 foram utilizadas 8 locomotivas ao longo do trem número 3143. Cada uma dessas máquinas possuía 6 mil cavalos de potência, criando uma força combinada colossal. O sucesso desta tecnologia abriu caminho para operações ferroviárias mais eficientes em todo o mundo.
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Tom Forest foi escolhido para operar sozinho as oito locomotivas deste colosso. Forest era um dos maquinistas mais experientes da empresa e trabalhava na ferrovia a mais de 20 anos. Sua tarefa exigia não apenas habilidade técnica, mas também nervos de aço para comandar tão impressionante máquina.
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Imagine a responsabilidade de controlar 99 mil toneladas de metal em movimento através do território australiano. Forest enfrentou esse desafio com a serenidade de um veterano, demonstrando que a experiência humana continua sendo insubstituível mesmo diante de avanços tecnológicos revolucionários.
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O trajeto durou 5 horas e 40 minutos, mas teve que ser interrompido em um ponto da viagem por causa de uma falha na transmissão. O trem levava o minério de ferro de Newman até o porto Hedland, no sudoeste da Austrália. Uma rota crítica para a exportação do minério que exigia precisão absoluta.
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Mesmo com a interrupção temporária, a jornada foi considerada um sucesso retumbante. Provou que era possível operar trens de comprimento extraordinário com segurança e eficiência. Um marco que redefiniu o que era considerado possível no transporte ferroviário de carga.
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O trem já foi desmontado, mas além de quebrar o recorde, também foi importante para a BHP testar medidas de segurança do trabalho. As lições aprendidas com esta operação monumental continuam influenciando os protocolos de segurança na indústria ferroviária até hoje.
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Os testes haviam sido simulados por computação pela equipe da BHP, e o trajeto também provou a precisão dos modelos de computador da empresa. Esta validação entre simulação e realidade representou um avanço significativo para a engenharia preditiva.
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