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Nilson Marinho
Publicado em 21 de abril de 2025 às 04:58
Mesmo diante de oscilações econômicas, o setor de comércio varejista e atacadista em Salvador segue se consolidando como uma das principais fontes de emprego formal. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a Alelo, mostram que a Bahia gerou 81.116 empregos formais em supermercados nos últimos quatro anos, colocando o estado como o sétimo maior empregador do setor no país.>
A força do setor supermercadista fica evidente quando comparada a estados como São Paulo, que lidera com 551.400 vagas, seguido por Minas Gerais (210.221) e Rio de Janeiro (173.906). Apesar da distância em números absolutos, a Bahia representa 4,1% de todos os empregos formais do segmento no Brasil, um índice que é considerado significativo dadas as características econômicas e populacionais do estado.>
“A Bahia, ao ocupar a sétima posição nacional em geração de vagas no setor, demonstra um dinamismo importante, sobretudo quando consideramos fatores como renda média da população, estrutura logística e interiorização do consumo. Esses dados apontam não só para a força do varejo alimentar, mas também para o potencial de crescimento sustentável do setor no estado”, analisa o economista baiano Ricardo Menezes, doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).>
Na capital baiana, o crescimento também é visível nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De acordo com levantamento mais recente, o comércio atacadista teve saldo positivo de empregos nos últimos quatro anos. O número de vagas formais cresceu de forma contínua, saindo de um estoque de 21.570 em 2021 para 25.677 em fevereiro deste ano, um crescimento de quase 20%.>
Já o comércio varejista, embora tenha enfrentado oscilações no saldo anual, inclusive com quedas nos dois primeiros meses de 2025, manteve o estoque de empregos relativamente estável, passando de 83.419 em 2021 para 84.315 neste ano.>
Um dos exemplos de empresas que têm contribuído diretamente para a geração de empregos é a RedeMix. Em expansão, a rede de supermercados inaugurou recentemente uma unidade no Rio Vermelho e no Chame-Chame. A inauguração do Rio Vermelho, por exemplo, gerou 140 empregos diretos e 40 indiretos, somando 2,5 mil colaboradores em toda a rede. Segundo Lucas Andrade, sócio-diretor da RedeMix, a política de contratação da empresa prioriza candidatos em busca do primeiro emprego. A empresa também aposta na formação interna.>
“A gente dá preferência a pessoas novas no mercado porque, muitas vezes, quem já tem experiência não está alinhado com a nossa cultura. Então, é melhor identificar pessoas com esse alinhamento e oferecer o treinamento necessário. A maior parte da equipe aqui hoje está no primeiro emprego”, comenta Lucas.>
No processo seletivo, foi dada prioridade aos moradores do entorno da nova unidade, com o objetivo de facilitar o deslocamento dos funcionários. Ainda assim, algumas vagas foram preenchidas por candidatos de outros bairros para completar o quadro de 140 colaboradores. Praticamente todos os contratados residem em Salvador.>
João Claudio Andrade, sócio-diretor da RedeMix, também destaca que a cultura da empresa é valorizar os próprios funcionários. Muitos colaboradores, lembra ele, começam em funções básicas, como serviços gerais, empacotador ou caixa, e crescem dentro da empresa, chegando até cargos de liderança. >
Outra gigante do setor, o Atakarejo também vive um momento de forte crescimento. A rede planeja inaugurar entre 10 e 15 novas unidades em 2025, reforçando sua presença não apenas na Bahia, mas também no estado de Sergipe. A maior parte das vagas operacionais não exige experiência anterior, o que abre espaço para quem está em busca do primeiro emprego.>
“Nosso objetivo sempre foi oferecer oportunidades reais. Valorizamos pessoas comprometidas, colaborativas, com vontade de aprender e alinhadas aos nossos valores”, afirma Gleide Lima, coordenadora de atração e seleção do Atakarejo.>
Ela reforça ainda que não é exigido experiência para a maioria dos cargos operacionais e que o objetivo sempre é oferecer oportunidades para quem está em busca do primeiro emprego. >
Segundo Maria Eduarda Lomanto, diretora de Trabalho e Empreendedorismo da SEMDEC (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda), o município tem atuado diretamente para garantir que a expansão do setor beneficie a população local. “A chegada de novas unidades de varejo e atacado em Salvador tem gerado milhares de empregos e movimentado a economia local. Nosso papel é garantir que esse crescimento seja inclusivo, por isso atuamos diretamente com essas redes para transformar essa expansão em oportunidades reais”, explica.>
Além de intermediar processos seletivos com grandes empresas por meio do SIMM, a prefeitura oferece cursos gratuitos voltados ao setor, como atendimento ao cliente, operador de caixa, técnicas de vendas, logística e reposição de estoque.>
“Temos políticas públicas voltadas à inclusão de públicos historicamente vulnerabilizados, como jovens, mulheres, pessoas negras e com deficiência. Programas como o Mulher Salvador e o Geração SSA fortalecem a autonomia e empregabilidade desses grupos”, completa Maria Eduarda.>
Aos 21 anos, Joana Machado conquistou a primeira oportunidade com carteira assinada e um atacarejo na Cidade Baixa. Moradora do bairro de Amaralina, ela foi uma das contratadas para trabalhar na unidade que, no ano passado, estava expandindo seu quadro de colaboradores. “Foi a minha primeira entrevista de verdade. Quando recebi a ligação dizendo que fui selecionada, chorei de emoção. Nunca pensei que fosse tão rápido. Aqui me deram uma chance mesmo sem experiência”, conta.>