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Animação Tupinambá, O Canto da Lua leva para estética de anime a mensagem indígena

Curta será lançada hoje (20), às 20h, no canal do youtube Mensagens da Terra

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 20 de agosto de 2025 às 12:09

Animação O Canto da Lua
Animação O Canto da Lua Crédito: Divulgação

Conduzido pelo astro brilhante da noite e instigando a reconexão com a natureza, o filme de animação O Canto da Lua traz para a estética anime para a narrativa ancestral indígena em um curta-metragem original, com roteiro de criação coletiva dos Tupinambá de Olivença (zona rural de Ilhéus) e direção de Sebastian Gerli.

A obra apresenta uma aldeia indígena adormecida pelas telas dos celulares, com o brilho da lua enfraquecido. Porém, a sabedoria dos anciãos e a força do Pajé reacendem esse contato, em uma nova jornada coletiva entre povo e natureza. A animação será lançada hoje (20), às 20h, no canal do youtube Mensagens da Terra, com debate após a exibição.

O Canto da Lua surgiu em 2014, inicialmente como ebook, fruto de uma oficina promovida pela ONG Thydêwá com indígenas para a criação coletiva de histórias. “Muitas pessoas pensam que as narrativas indígenas são todas de tempos imemoriais, mas existem muitas histórias criadas hoje. Escritores indígenas que vão ser literatura atual com histórias baseadas em seus conhecimentos”, pontua o diretor do filme e presidente da ONG, Sebastian Gerli.

Com foco nas ações de expressão criativa e apego especial à história, o grupo decidiu retomar a narrativa dez anos depois, com duas pequenas mudanças: desta vez, o vilão que tira o sono da aldeia seria o smartphone (antes era a TV), e o formato seria um curta-metragem com estética inspirada nos animes japoneses. A roteirização foi realizada por Atã Xohã Tupinambá, Kamaywha Tupinambá, Yala Meira, Mariela Tulián, Angelo Rosário e Fernanda Martins, alguns participando também como atores do curta, juntamente com crianças e anciões indígenas da comunidade de Olhos d'Água, umas das 24 aldeias do povo Tupinambá de Olivença.

“Filmamos primeiro como se faz qualquer ficção, sabendo que iríamos trabalhar muito no filme na pós-produção, através de ferramentas digitais, com inteligência artificial, para transformá-lo em anime”, conta Gerli, explicando que este processo os poupou de algumas dificuldades técnicas de gravação, a exemplo das filmagens que, apesar de o curta se passar de noite, foram feitas de dia.

O filme foi lançado primeiro entre seus protagonistas. “Foi uma experiência incrível. Reunir essas crianças e, ao mesmo tempo, também os anciões. É muito importante, porque eu acho que é aproveitar essa oportunidade de passar mais tempo com os anciões, que são nossa biblioteca viva. Esse projeto, na minha visão, é despertar para que os povos indígenas venham a se unir para o fortalecimento do povo. Esse chamamento dos anciões é importantíssimo para os jovens, para as crianças, para que participem e interajam”, afirma Kamaywha Tupinambá, uma das protagonistas do filme, que também atuou como produtora local.

Natureza protagonista

É pelo canto dos ancestrais que a lua se faz mais forte e presente na aldeia tupinambá retratada no filme, restaurando sua conexão com a fauna, a flora e os seres humanos presentes em seu entorno. Este percurso é narrado pela própria lua, que, como enunciadora, traz a natureza para o protagonismo de uma mensagem universal.

“Todos nós estamos sofrendo hiperconexão de mídias. O globo hoje está desconectado da natureza, e isso não afeta só o indígena, mas todas as pessoas de todos os credos, raças e países. As relações não são mais no corpo a corpo, e sim mediante likes e telas. Então, a gente pegou a carona da história indígena para falar com diversas realidades”, explica Gerli.

Após o lançamento, a animação será exibida em escolas públicas de Cabrália e Olivença (BA), para a propagação da mensagem em ambientes educacionais, um dos principais objetivos do curta. “A nossa pegada como instituição tem esse lado educativo, e muitos dos nossos parceiros indígenas são também professores. Então, é óbvio que eles querem levar para a escola, trazendo também a visão da educação indígena tupinambá, onde se integra todos os membros de uma comunidade, com a cosmovisão partilhada do mundo. E as escolas são, por excelência, esse lugar de aprendizado”, defende o diretor.