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Publicado em 21 de julho de 2023 às 06:00
Os registros históricos da essencial participação da Bahia nas lutas pela independência do Brasil, que este ano celebra 200 anos, chegam ao palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA) hoje (21) e amanhã (22), com o espetáculo 2 de Julho – A Ópera da Independência. A montagem, baseada no texto 2 de Julho – A Carta de Alforria, da dramaturga Cleise Mendes, encena o que a escritora chama de o “grito do Recôncavo”, fatos datados a partir de fevereiro de 1822 até o 2 de julho de 1823, quando as tropas locais, cerca de dois meses antes do famoso grito do Ipiranga, sedimentou o caminhão para a independência brasileira em relação à Coroa portuguesa. >
Em cerca de uma hora e vinte minutos de espetáculo, 10 atores, 15 bailarinos e 13 músicos dão vida e ação a heróis e heroínas da liberdade, como Maria Felipa, Maria Quitéria, Joana Angélica, Dom João Madeira de Mello, entre outros. Com a licença artística, também sobe ao palco a “entidade Castro Alves”, tal qual denomina o diretor do espetáculo, Paulo Dourado. O poeta baiano, que nasceu em 1847, 25 anos após o 2 de julho da liberdade, é o narrador onisciente da trama. >
“A gente fala muito da data, mas o 2 de Julho é o fim de uma longa luta com pequenas batalhas. No texto, eu fiz questão de colocar a carta de alforria. Tem sinônimo de alforria como liberdade do Brasil do domínio português, mas também destaco outra luta, que era a do povo escravizado pela sua libertação. O 2 de julho é um evento de importância nacional, uma rebeldia em relação à dominação”, destaca a dramaturga. >
“O narrador é importante, serve para agilizar a história. Mas o próprio texto tem alternância do que é narração, do que é cena de enfrentamento, de bate-boca entre os personagens, diálogo, e uma parte lírica, mais poética, que deu também espaço para a música”, explica Cleise Mendes. A direção musical é assinada pelo cantor e compositor baiano Gerônimo Santana.>
O espetáculo que conta a história do 2 de Julho retorna aos palcos baianos após 10 anos desde sua primeira encenação, que aconteceu no Terreiro de Jesus, no contexto de celebração dos 190 anos da independência da Bahia. Para as apresentações desta sexta e sábado (21 e 22), algumas mudanças e adaptações foram feitas. A tentativa, no entanto, de dialogar com o grande público e demarcar as datas e lutas histórias permanece viva, como defende Dourado. >
“É um projeto antigo, que tem como característica ser pensado para lugares amplos, de buscar formas de dialogar com o público contemporâneo, o público da vida real. Tem que ter um teatro que marque as datas, a história, as lutas populares. O 2 de Julho é isso”, destaca o diretor. >
Segundo o Paulo Dourado, a ideia é “dar realidade” aos fatos. “Joana [Angélica] morre numa quarta-feira de cinzas. A guerra do 2 de Julho começa no Carnaval. É importante contar como foi a participação popular na luta, que o 2 de Julho não é uma coisa careta, do governo. É um fato histórico da mais alta importância e que as pessoas foram para as ruas, pegaram pedaço de pau, pedra e foram brigar por uma ideia. A gente está tentando dar realidade a uma coisa histórica, da nossa memória, de quem nós somos, da nossa identidade”, completa. >
O 2 de Julho – A Ópera da Independência uma iniciativa do governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBa). >
Só se vê na Bahia >
Dentre as histórias contadas durante a encenação está a do corneteiro Lopes, cuja ação fora da ordem do comandante das tropas baianas garantiu a vitória brasileira na Batalha de Pirajá, em novembro de 1822. >
Em um momento em que os brasileiros estavam perdendo a luta, com portugueses em maior número, o comandante do lado brasileiro manda ao corneteiro Lopes a ordem de entoar o som de retirada das tropas, o que representaria a derrota. Invés disso, Lopes faz o contrário, e toca efusivamente o som de avançar. Com isso, os portugueses que estavam levando a melhor, em posição de vantagem, se apavoram. Entendem aquilo como se o lado brasileiro tivesse recebido reforços. Os portugueses fogem, se retiram, e os brasileiros vencem.>
Serviço: 2 de Julho – A Ópera da Independência | Sexta (21) e sábado (22), às 19h, na Concha Acústica do TCA | Gratuito>