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Carcarás mergulha no abismo do amor e da morte em seu novo single, “Amantes Eternos”

Música marca transição da banda, que mantém o peso e a introspecção, mas deixa as sombras luciferianas para trás e encara a densidade dos sentimentos

  • Foto do(a) author(a) Thaina Dayube
  • Thaina Dayube

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 11:59

Banda Carcarás
Banda Carcarás Crédito: Divulgação

Há uma noite em Salvador que só quem caminha pelas sombras do underground consegue enxergar e a Carcarás parece conhecê-la bem. Em meio a essa penumbra, o trio soteropolitano ergue sua própria luz com o single “Amantes Eternos”, abrindo um portal entre dois mundos: o da ancestralidade rítmica e o da melancolia gótica. O resultado é uma canção que pulsa como um feitiço, onde o som dos tambores se mistura à neblina do synth e à voz grave que canta sobre o amor, a morte e a eternidade.

Depois do peso quase ritualístico do EP Libertação (2025), a banda baiana Carcarás abre um novo ciclo com o single “Amantes Eternos”, faixa que aprofunda o lirismo sombrio do grupo e os leva a um território mais eletrônico, onde as atmosferas do darkwave e do post-punk se entrelaçam à pulsação hipnótica do baixo de Max e a guitarra de Daniel França. A travessia para explorar novas sonoridades e narrativas aconteceu agora, mas a vontade de passear por diversos subgêneros já estava com a banda desde o início: “Quando eu idealizei o projeto, eu já queria misturar todas as referências sonoras que fizessem sentido para a estética da banda. O doom e o stoner estavam lá desde o início, mas também o post-punk e o darkwave. Amantes Eternos já existia nessa época (do EP Libertação), a gente só lapidou e transformou com mais calma depois”, conta Max, baixista e vocalista.

Banda Carcarás por Divulgação

A nova formação, que agora conta com os sintetizadores de Shirtsleevs no lugar de uma bateria tradicional, foi o ponto de virada para essa nova fase. O peso característico do trio permanece, mas agora envolto por camadas de synths melancólicos, em um diálogo entre o peso do doom e o charme das batidas eletrônicas do darkwave, criando uma sonoridade única, que exala mistério. “Produzir com o synth tornou o processo mais rápido e mais próximo da sonoridade que buscávamos”, explica. “O beat de Amantes Eternos é simples, mas traduz exatamente o tipo de bateria que os projetos de darkwave que a gente ama costumam usar. É outro tipo de peso — mais atmosférico, mais hipnótico.”

Em Amantes Eternos, a Carcarás revisita os temas que já marcam sua identidade: solidão, desejo, transcendência e o oculto. A canção fala de um amor que sobrevive ao tempo ou talvez de dois corpos que se encontram apenas no limiar entre mundos. A voz grave e o baixo de Max seguem como guias, enquanto os sintetizadores criam um clima que oscila entre o devocional e o etéreo.

Amantes Eternos nasce de um imaginário que atravessa a literatura e o cinema vampiresco — de Nosferatu a Entrevista com o Vampiro — e presta homenagem direta ao filme Only Lovers Left Alive (traduzido no Brasil como Amantes Eternos), de Jim Jarmusch. Assim como o longa, a faixa se move num estado de languidez apaixonada: um tempo suspenso, onde o amor é tão eterno quanto o próprio esquecimento. Mas há algo de profundamente baiano nessa escuridão: A banda funde percussões afro-brasileiras — conduzidas por Vitorino Praxedes — à instrumentação sombria do darkwave, o resultado é uma tensão magnética entre o ancestral e o industrial, o ritual e o urbano, transformando a faixa em algo único, que une um som de raíz baiana às referências sombrias do gótico. Fato que explicita como a banda se destaca no cenário atual, com sonoridades e narrativas que não são exploradas comumente.

Sobre isso, o vocalista comenta: “Várias pessoas já falaram isso comigo, sobre a banda trazer uma sonoridade específica, com temas específicos e ser a única na cena que tem apresentado este tipo de proposta. Estamos criando, tentando construir e consolidar uma identidade própria pro nosso som e pra estética da banda no geral. Se o público tem notado esses esforços, então pra gente é sinônimo de que estamos traçando um bom caminho”.

Com esse lançamento, a Carcarás reafirma seu lugar como uma das bandas mais singulares da cena alternativa baiana, subvertendo expectativas, criando uma sonoridade única, que nos convida a dançar mesmo que seja com nossas sombras. Gravada e mixada por Luca Bori no estúdio do Selo Portal, a faixa antecipa um EP previsto para o primeiro semestre de 2026, trabalho que deverá consolidar a Carcarás como uma das bandas mais inventivas e originais do underground baiano.