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Influenciado pela Bahia, Criolo fala sobre carreira em entrevista ao CORREIO: 'Salvador é especial'

Turnê Criolo 50 chega à capital baiana neste sábado (1º), na Concha Acústica do TCA

  • Foto do(a) author(a) Alan Pinheiro
  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Alan Pinheiro

  • Gilberto Barbosa

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 05:15

Criolo vai revisitar todas as fases de sua discografia  em turnê de 50 anos
Criolo vai revisitar todas as fases de sua discografia em turnê de 50 anos Crédito: Divulgação

Celebrando cinco décadas de vida, Criolo chega a Salvador com a turnê Criolo 50, que reúne música, literatura e novas parcerias em um projeto que sintetiza uma das fases mais simbólicas de sua carreira. O show será neste sábado (1º), na Concha Acústica do TCA, e promete revisitar todas as fases da discografia do artista com novos arranjos e surpresas para o público baiano. Com apresentações marcadas em 12 cidades, ele reúne um repertório que vai desde Nó Na Orelha até Convoque Seu Buda, além de sambas clássicos como os de Espiral de Ilusões.

Criolo por Divulgação

Essa turnê celebra seus 50 anos. Como foi o planejamento das apresentações e o que você preparou no repertório?

Essa turnê foi planejada com muito carinho. Nós traçamos uma rota por todos os álbuns, com algumas participações e arranjos novos. Está muito especial e tem um significado muito importante.

A turnê também conta com o lançamento do disco com Dino D'Santiago e um livro com sua mãe, Maria Vilani. Como foi agregar essas diferentes facetas da sua arte em um mesmo conceito?

Esse período de 50 anos passa por um lançamento de disco com o querido e talentoso Dino D'Santiago e com o genial pianista pernambucano Amaro Freitas. Tem também a confecção de um livro, em que eu e minha mãe estamos conversando sobre os assuntos da vida, da família, um pouco de arte e um pouco de sobrevivência. Minha mãe já está com 75 anos. Eu tô com 50 e a gente consegue dialogar num lugar especial.

Como é reencontrar o público de Salvador?

Salvador é especial demais, nunca vou esquecer da primeira vez que eu fui para cantar. Senti uma energia tão maravilhosa, as pessoas são tão lindas e extremamente especiais. O que cria a energia positiva da cidade são as pessoas que habitam esse território. Eu que faço rap sou uma pessoa da palavra e chegar numa terra de tanta excelência culturall é sempre um grande desafio. Chego primeiro pedindo licença com muito respeito para apresentar minhas canções.

Qual a influência da cultura baiana na sua música?

Na zona sul de São Paulo, o que mais tinha era música da Bahia. Dentro de casa, lógico, muita música do Ceará, porque meus pais são de lá, mas em tudo quanto era canto tinha música da Bahia. O sotaque e o jeito de como a música é feita é completamente diferente. Só soube depois que aquilo era música da Bahia. Depois, na escola, também uma literatura muito forte de escritores baianos. Então, é uma influência que existe sem nem a gente saber, porque faz parte do cotidiano. No meu recorte de periferia, a Bahia sempre se fez presente com excelência, com alegria e com felicidade.

2026 marca 15 anos desde o lançamento do Nó na Orelha. O que mudou no Kleber, e no Criolo?

A nova geração vem e ensina coisas, mas a essência é a mesma. Existe algo dentro da gente, um desejo de transformação, de ver todo mundo bem e isso aí continua cada vez mais forte, porque as desigualdades existem e as tristezas continuam, infelizmente. Nós moramos no país da desigualdade, do preconceito, do racismo, do apagamento das histórias. As vidas são retiradas de um modo muito brutal. As pessoas comemoram a morte das pessoas na favela como quem comemora uma final de campeonato. O preconceito com a favela e o racismo transformam o nosso território num ambiente de guerra. Sinto que eu tenho muita coisa ainda para viver e aprender. Talvez esteja aí a importância de celebrar 50 anos, porque de onde eu venho, chegar nessa idade é quase como ganhar na loteria.

Se tivesse a oportunidade, o que você falaria para o Criolo daquela época?

Eu olho no espelho e falo: ‘eu ainda tenho sonhos, não posso desistir de mim’. Estar vivo já incomoda muito. Falar de amor num país que escolheu a guerra é uma luta. Um país que quer ver a favela morrendo. Eu ainda quero mais. Eu falaria assim para mim: ‘Segue, porque a música consegue levar um bom ambiente para as pessoas, levar alegria, abrir diálogos, pontes indestrutíveis. A gente tem que seguir’.

Qual a sua expectativa para o show?

O show de sábado é para celebrar a vida. Faço aqui um apelo às pessoas, vamos lá celebrar nossa vida, nossa alegria de viver, nosso sorriso no rosto, mesmo perante tantas dificuldades. Todo mundo está vendo o que aconteceu no Rio de Janeiro. Isso que foi televisionado acontece em menor escala todos os dias em alguma favela do mundo, sobretudo no Brasil. Toda hora existe um massacre. Estão tentando arrancar a vida das nossas crianças, diminuir a autoestima de quem mora na favela e tenta construir sua vida com dignidade. Vamos gritar. A favela merece sorrir, a gente merece viver. Não foi a favela que criou a desigualdade, é um resultado do abandono do Estado, que prefere matar gente para ganhar voto. Essa é a desgraça social que nós estamos inseridos. Vamos lotar aquela casa e vamos gritar paz.