Capixaba

  • Item 1
  • Item 2
  • Item 3
  • Item 4
Capixaba
Polícia

Cinco escritoras africanas para conhecer antes do AFD 2023

Noémia de Souza, Scholastique Mukasonga, Buchi Emecheta, Yaa Gyasi e Tsitsi Dangarembga falam de identidade e do feminino

Salvador
Publicado em 19/11/2023 às 07:00:00
Nossa voz, África!: cinco escritoras africanas para conhecer antes do AFD 2023
Nossa voz, África!: cinco escritoras africanas para conhecer antes do AFD 2023. Crédito: Divulgação

Chimamanda Ngozi Adichie e Paulina Chiziane, escritoras que ganharam o mundo por causa do talento para contar histórias. Mostram a África sob outra lente, que, por vezes, não se conhece e, por outras, está perdida, mas que reconhecemos em nossas vivências diaspóricas. Outras vozes femininas têm marcado a literatura africana, falando sobre gênero, colonialidade e ancestralidade.

Pensando no Afro Fashion Day 2023, que homenageia a “Mãe África”, reunimos cinco escritoras africanas para você conhecer antes do evento, que acontece dia 25 no Terreiro de Jesus.

Noêmia de Souza, Scholastique Mukasonga, Buchi Emecheta, Yaa Gyasi e Tsitsi Dangarembga. Um continente contado por mulheres, com suas forças e fragilidades. Escritoras que emprestam suas vivências para as protagonistas, passeiam pela história e refazem imaginários africanos dentro e fora dela. Griots que nos apresentam a cultura em minúcias. Poetas que arquitetam dores, alegrias e sonhos em textos.

O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com patrocínio da Vult, Bracell e will Bank, apoio do Shopping Barra, Salvador Bahia Airport e Wilson Sons, apoio institucional do Sebrae e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Clube Melissa.

Noémia de Souza

Noémia de Sousa foi uma poeta e jornalista de agências de notícias internacionais, conhecida como “Mãe dos poetas moçambicanos”. Sua obra foi construída de 1948 a 1951, publicada originalmente em jornais africanos e, hoje, no livro Sangue Negro. Uma poesia de combate, que luta pela independência de Moçambique e das mulheres moçambicanas. Em sua obra, Noémia apropria-se da palavra como instrumento de guerra, conquista as paisagens africanas e faz da herança, no ‘sangue negro’, sua maior arma. Noémia negocia com a poesia: “Mãe, minha mãe África, das canções escravas ao luar, não posso, não posso repudiar, o sangue negro, o sangue bárbaro que me legastes…Porque em mim, em minha alma, em meus nervos, ele é mais forte que tudo, eu vivo, eu sobro, eu rio através dele, Mãe!".

Obra disponível: Sangue Negro (editora Kapulana)

Noémia de Souza e seu livro traduzido
Noémia de Souza e seu livro traduzido . Crédito: Reprodução

Scholastique Mukasonga

Scholastique Mukasonga é uma escritora nascida em Ruanda, em 1951, e radicada na França desde 1992. Vivenciou desde a infância a violência dos conflitos étnicos entre Tutsis e Hutus, que abalaram seu país e culminaram no genocídio de 800 mil pessoas Tutsis em 1994, incluindo 37 pessoas de sua família. Em suas obras, Scholastique mescla memórias pessoais, de familiares e conhecidos para contar a história do país, de sua cultura e preservar a memória daqueles que se foram. Mesclando história, ficção e bibliografia, Scholastique faz da reparação pela palavra a missão na literatura. Um destaque é o potente A Mulher dos Pés Descalços, em que presta uma homenagem à sua mãe morta no massacre, mostrando o cotidiano da mulher de Ruanda na tentativa de proteger a família da pobreza do exílio. Sobre o livro, Scholastique diz: “As palavras me permitiram tecer essa mortalha para cobrir o corpo da minha mãe”.

Obras disponíveis: Baratas, A Mulher dos Pés Descalços, Nossa Senhora do Nilo e Um Belo Diploma (editora Nós)

Scholastique Mukasonga e suas obras
Scholastique Mukasonga e suas obras traduzidas. Crédito: Reprodução

Buchi Emecheta

Inspirada nas contadoras de histórias que marcaram sua infância, a nigeriana Buchi Emecheta trilhou um caminho frutífero na literatura e influenciou uma geração de escritoras. Com mais de 20 obras publicadas, passeia por temáticas como independência feminina, maternidade, educação, violência colonial e patriarcal, a partir de suas vivências enquanto mulher Igbo nigeriana e imigrante em Londres. De forma sincera, e mesmo na dureza dos acontecimentos, se faz leve no conduzir das palavras. Sua obra mais conhecida é As Alegrias da Maternidade, que reflete a precariedade na vida da protagonista. “Eu amo esse livro por sua vivaz inteligência e por um certo tipo de compreensão honesta, viva e íntima da classe trabalhadora na Nigéria colonial” afirmou a grande admiradora de Buchi Emecheta e também escritora, Chimamanda Ngozi Adichie.

Obras disponíveis: As Alegrias da Maternidade, Cidadã de Segunda Classe, No Fundo do Poço e Preço de Noiva (editora Dublinense)

Buchi Emecheta  e suas obras traduzidas
Buchi Emecheta e suas obras traduzidas . Crédito: Reprodução

Yaa Gyasi

Uma história sobre herança e legado, onde a diáspora que se inicia com a saída forçada ou a vida dos que ficam, tem nome e rosto. Duas irmãs, separadas antes de se conhecerem, que trilham caminhos diversos quando uma delas é vendida para ser esposa de um colonizador inglês em Gana, enquanto a outra é escravizada e enviada para os Estados Unidos. Um mergulho geracional que acompanha os descendentes delas e os impactos da escravidão naquelas famílias. Esse é O Caminho de Casa, livro que lançou a ganense Yaa Gyasi na literatura em 2016, quando foi indicado entre os 10 melhores livros do ano pelo New York Times. Em sua escrita, a jovem de 34 anos emociona ao tentar imaginar respostas para experiência tão comum na vivência de pessoas afro-americanas, que é o impedimento de acessar nossas origens.

Obras disponíveis: O Caminho de Casa e Reino Transcendente (editora Rocco)

Yaa Gyasi  e suas obras disponiveis
Yaa Gyasi e suas obras traduzidas. Crédito: Reprodução

Tsitsi Dangarembga

Romancista, cineasta e militante do direito das mulheres, Tsitsi Dangarembga tem sua trajetória marcada pela busca da equidade e fortificação da mulher africana, principalmente do Zimbabwe, onde nasceu e reside até os dias atuais. Seu romance de estreia, Condições Nervosas, foi o primeiro livro a ser publicado em inglês por uma mulher negra do Zimbabwe, em 1988. A este se somaram O Livro do Não e Esse Corpo Lamentando, trilogia que acompanha uma jovem em sua jornada de amadurecimento diante dos efeitos do patriarcado e do colonialismo, enquanto narra o processo da independência do país.

Obras disponíveis: Condições Nervosas, O Livro do Não, Esse Corpo Lamentando, Preta e Mulher (editora Kapulana)

Tsitsi Dangarembga e suas obras disponiveis
Tsitsi Dangarembga e suas obras traduzidas. Crédito: Reprodução

SERVIÇO: Afro Fashion Day 2023 I 25 de novembro, das 10h às 20h, com desfile previsto para 16h, no Terreiro de Jesus (Pelourinho) I evento gratuito - o espaço está sujeito à lotação I Mais informações em www.correio24horas.com.br/afrofashionday

26°C
Salvador, BA - Brasil