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Ronaldo Jacobina
Publicado em 10 de dezembro de 2022 às 11:00
Dois chefs experientes, um projeto arquitetônico moderno e aconchegante, uma localização privilegiada e um cardápio autoral com criações inspiradas na cozinha italiana contemporânea. Esta é a receita do Lotti Cucina Italiana, inaugurado esta semana na Bahia Marina. Com um menu assinado pelos chefs paulistas Manuel Coelho, dono do Sensi (SP), que também é um dos sócios, e por Giovanna Grossi, que comanda a cozinha do Animus (SP) e que acaba de ser eleita a chef revelação pela Veja São Paulo Comer & Beber 2022/2023, a nova casa aposta nos clássicos italianíssimos, como o spaghetti a carbonara, além de apresentar pratos autorais da cozinha mediterrânea, sempre, segundo a dupla, utilizando ingredientes frescos e originais. Porção de croccheta à carbonara Assim como acontece com todas as novas casas que acabam de abrir as portas, o Lotti tá naquela fase de ajustes de equipe, daí que ainda não dá tempo de avaliar com mais precisão a cozinha que estão apresentando aos baianos. Mas considerando a equipe à frente da casa, dá para sentir que eles não vieram pra brincar em serviço. Além dos chefs experimentados, os sócios empreendedores conhecem bem do business de gastronomia: são eles Múrcio e Rodrigo Dias, do Grupo Tokai, e Guto Baiardi e Marcelo Rangel, do Pereira e Farid, empresários que têm know-how no segmento. Spaghetti com salsa rústica O ambiente charmoso e elegante leva a assinatura dos arquitetos Caio Bandeira e Tiago Martins, responsáveis por outras casas do ramo na capital baiana. Mas como nada disso conta quando se trata de comida, que precisa ser boa para atrair a clientela, o menu tem tudo para emplacar. O spaghetti a carbonara, um clássico que não perdoa erros, nos foi apresentado na cocção exata, al dente, e com aquele sabor do pecorino acentuado. Os pães de entrada, quesito que sempre considero importante, chegaram à mesa quentinhos, como “il faut”. Pappardelle con ragù di costine Experimentamos algumas croquetas, aqueles tradicionais bolinhos que foram repaginados, ganharam recheios gourmet nas casas de fino trato e tomaram conta dos menus de antepastos por aí a fora. Não sou muito adepto de fritura, mas os que chegaram à mesa: Croccheta di Gamberi (de camarão, maionese de pimenta dedo de moça e tangerina); Carbonara (de pecorino, guanciale e gema defumada); e o Suppli al telefono (mussarela de búfala, manjericão e molho Napoli) estavam sequinhos, bem apresentados, saborosos, porém puxadinhos no sal. Quis saber se era de propósito ou se teria sido um erro da cozinha, mas a chef explicou que era proposital. “Salpicamos a flor de sal no molho que vai acima do bolinho para ressaltar o sabor do recheio”, disse. Gnocchi di zucca Seguimos para o prato principal, mas antes pedimos indicação a um dos sócios que nos sugeriu o Riso al polpo (arroz de polvo, azeitonas pretas e ciboulette). Aceitamos a sugestão. Mas, embora já estivéssemos com água na boca para experimentar o prato, muitos minutos depois, um deles veio à mesa se desculpar. “O polvo acabou ontem, repusemos o estoque que chegou hoje cedo e, na correria de hoje, não deu tempo de ficar pronto”, explicou. Depois daquela leve frustração, entendemos a situação. Afinal, a casa tá só começando. Decidimos pelo Tagliatelle al frutti di mare. E antes que você, leitor atento, pergunte, tinha polvo neste prato sim, mas porque as porções que levam muitos frutos do mar, para este tipo de preparo, são porcionados com antecedência, como em todo restaurante. Tava bom! Porção generosa, massa no ponto certo, camarões de bom tamanho, boa variedade de mariscos... Não surpreendeu, mas também não decepcionou. Talvez nosso cérebro ainda estivesse mirando o arroz de polvo. Spaghetti alla carbonara De sobremesa provamos o Chocolotti (bolinho cremoso de chocolate, creme de avelã, crumble de cacau e espuma de manjericão). A turma à mesa que compartilhou a criação aprovou. Então partimos para o canolli com crema al pistacchio (massa crocante recheado com creme de pistache), que também foi uma boa escolha.Vale experimentar também carta de drinques criada pelo bartender e jornalista paulista Bruno Acioli, dono do bar Solara, na Vila Madalena, em São Paulo, que apostou em criações que remetessem ao mar da Bahia e da Costa Amalfitana, na Itália. Destaque para o Fiume Rosso que leva gim com infusão de frutas vermelhas, limão, calda de amora e licor luxardo marraschino. Faltou experimentar o Gnocchi di zucca (nhoque de abóbora, fondata queijo taleggio DOP, salsa frutada e farofa de funghi. Mas esse é mais um motivo para voltar lá e completar a experiência com a casa já rodando de forma azeitada, como deve ser um bom restaurante. Vale sim a visita. Rigatoni con polpo e pomodorini Serviço: @lotticucina Av. Lafayete Coutinho,1010, Bahia Marina. Funcionamento: segunda a quinta para almoço e jantar, domingo apenas almoço >