Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Márcia Luz
Gabriela Cruz
Publicado em 3 de outubro de 2025 às 20:50
Nesta sexta-feira, 3, a Coreia do Sul celebra o Gaecheonjeol, seu Dia Nacional, que marca a fundação da República da Coreia, relembrando assim a criação do primeiro reino coreano, Gojoseon, por Dangun, em 2333 a.C. Esta é uma das datas mais importantes do calendário do país, pois celebra e divulga a sua cultura milenar.
>
Na última semana, aconteceram no Brasil algumas cerimônias tradicionais em homenagem à data, a exemplo de uma celebração na Embaixada em Brasília, no dia 25, e uma recepção no Centro Cultural Coreano, em São Paulo. >
As comemorações também ocorreram em outros países, a exemplo da França, reforçando o mesmo espírito de difusão cultural. Em Paris, o festival da cultura coreana, no Jardin d’Acclimatation, realizado poucos dias antes, acabou funcionando como um prelúdio dessa celebração global, unindo tradições, música e gastronomia para além das fronteiras asiáticas. A jornalista Gabriela Cruz fez uma cobertura especial deste evento.>
K-Festival no Jardin d’Acclimatation, em Paris
Quando decidi ir à Paris nas férias em setembro, imaginava uma imersão em museus, cafés e passeios pelos bairros históricos. Mas, ao folhear o calendário cultural da cidade, me surpreendi com um evento inusitado: nos dias 20 e 21, o Jardin d’Acclimatation receberia um festival dedicado à Coreia. Um encontro entre duas culturas em um cenário que, por si só, já tem algo de mágico.>
Localizado no Bois de Boulogne, a poucos passos dos Champs-Élysées e vizinho da Fundação Louis Vuitton, o jardim abriga desde 2002 uma ala coreana de 5.000 m², doada pela cidade de Seul e restaurada em 2012. Durante o K-Festival, essa área se transformou em um verdadeiro canto de Seul no coração de Paris. Logo na entrada já havia uma atmosfera viva e sensorial.>
A abertura contou com uma grande parada conduzida por percussionistas e dançarinos, que percorreram o parque até o jardim coreano. No palco principal, apresentações de danças folclóricas, demonstrações de Taekwondo e concursos de K-Pop atraíram plateias animadas. Ao lado do quiosque de música, jogos tradicionais coreanos reuniam crianças e adultos, enquanto oficinas de culinária, caligrafia e confecção de trajes no Palais d’Hiver permitiam ao público uma imersão mais prática. Ao longo do dia, um “village coréen” exibia estandes de gastronomia, beleza e artesanato, reforçando a ideia de uma festa completa.>
A feira coreana foi um dos pontos mais movimentados: barracas de comida de rua ofereciam diversas opções que iam de corn dog a lámen quentinho, disputados por filas longas de curiosos e fãs da gastronomia asiática. Também havia estandes com produtos de K-pop, um designer escrevendo o nome da pessoa em coreano, estandes de universidades e companhias aéreas que ajudavam o público local a sonhar com o destino asiático – somente em 2024, a Coreia do Sul recebeu 16,37 milhões de visitantes estrangeiros. Um salto de 48% em relação ao ano anterior, de acordo com o The Korea Herald.>
O público diverso chamava atenção: turistas, parisienses e coreanos se misturavam, e muitas pessoas que claramente não eram asiáticas usavam o hanbok, traje tradicional daquele país, em um gesto de curiosidade e respeito cultural. O K-Festival foi uma prova de que a cultura coreana extrapolou as telas e os fones de ouvido, ocupando espaços urbanos com experiências coletivas.>