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Dez livros para ler e dar de presente para papais

Confira a lista com dez títulos escritos por mulheres para a biblioteca de painho

  • Foto do(a) author(a) Colunista Kátia Borges
  • Colunista Kátia Borges

Publicado em 12 de agosto de 2023 às 14:00

Sugestão de livros para o presente do Dia dos Pais
Sugestão de livros para o presente do Dia dos Pais Crédito: divulgação

Meias, gravatas, camisetas, perfumes, sapatos... Surpreender o pai com um presente original vira quase obsessão nessa época do ano. Por conta disso, muita gente acaba deixando a decisão para o último minuto. É o seu caso? Calma que vamos tentar reduzir a sua agonia. Que tal deixar de lado todos esses itens meio batidos e comprar um livro de autoria feminina? Será um susto bem saudável e ainda contribui para que ele pegue a visão sobre esse universo, sem contar a possibilidade de uma carona generosa na leitura por empréstimo. Para não ficar vagando entre as estantes durante horas, enquanto a família pensa que você vacilou e esqueceu a data, fizemos uma lista com dez títulos escritos por mulheres. Confira e corra para a livraria mais próxima.

Caminhando com os mortos (Cia. Das Letras, 144 páginas, R$ 35,99) - Escritora e historiadora, Micheliny Verunschk costuma unir as duas vocações em romances como ‘Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida’ (Patuá, 2014) e ‘O som do rugido da onça’ (Cia. Das Letras, 2021). Mas seria injusto deixar de observar como ‘a poeta de Geografia íntima do deserto’ (Landy, 2003) e ‘O movimento dos pássaros’ (Martelo, 2020) também se faz presente em ‘Caminhando com os mortos’. Ambientada numa cidade do interior, onde o fanatismo religioso leva a uma espécie de “feminicídio corretivo”, com a purificação do corpo de uma mulher pelo fogo, a trama conduz o leitor aos horrores do extremismo, em uma reflexão dolorosa sobre a condição humana.

Aeronauta (Mondrongo, 178 páginas, R$ 42) - Reunidas pela primeira vez em livro, por iniciativa do escritor Emmanuel Mirdad em 2020, as crônicas de Ângela Vilma estavam, até então, dispersas em seu blog pessoal e nas redes sociais. Essa edição da Mondrongo se torna, de certo modo, um grande presente para os leitores, tanto aqueles que já a conheciam quanto os que começarão agora, ao abrir a primeira página (ou seria a primeira porta?). São textos que primam pela originalidade da visão de mundo desta autora, também poeta e professora de literatura, que vai ao mundo como quem foge de casa, numa paráfrase do poema de Quintana, e ao mesmo tempo, a carrega subjetivamente consigo.

Sugestão de livros para o presente do Dia dos Pais 2
Sugestão de livros para o presente do Dia dos Pais  Crédito: divulgação

Viúvas de Sal (Patuá, 108 páginas, R$ 40) - Cinthia Kriemler transita entre prosa e poesia com dicção reconhecível e autêntica. Autora, entre outros, de ‘Todos os abismos convidam para um mergulho’, finalista ao São Paulo de Literatura, em 2018, e ‘Na escuridão não existe cor-de-rosa’, semifinalista ao Oceanos, em 2016, ambos publicados pela editora Patuá, a escritora nos aproxima, nesse livro, da lida incansável de mulheres que, numa cooperativa de pescadores, reinventam cotidianamente suas existências, diante de diversas formas de violência simbólica. Compondo suas tramas a partir das personagens, Kriemler põe o leitor no fio da navalha entre o lirismo e uma narrativa que não teme o peso das palavras.

A Casa Mais Alta do Teu Coração (Laranja Original, 80 páginas, R$ 30) - Nesse livro — vencedor da primeira edição do Prêmio da Biblioteca Pública do Paraná Digital em 2021, e que chegou em 2022 à edição física pela Laranja Original —, a poeta Clarissa Macedo dialoga seus fantasmas de infância, numa vivência sensível do luto pela morte da mãe. No centro desse diálogo amoroso, no qual os versos não são forjados por sentimentos compulsórios de devoção ou de submissão, o amadurecimento se dá em meio à percepção do feminino e da sua condição humana frente a um mundo masculino que naturaliza os abandonos. Dividido em duas partes, ‘Ruínas’ e ‘A casa abandonada’, o livro convida o leitor a um íntimo universal muitas vezes inconfessável.

Não Fossem as Sílabas do Sábado (Todavia, 168 páginas R$ 61,61) - Autora dos livros ‘Se deus me chamar não vou’ (2019) e ‘É sempre a hora da nossa morte amém’ (2021), ambos pela editora Nós, Mariana Salomão Carrara surpreende ao desenvolver a trama do novo romance a partir de um acontecimento, no mínimo, inusitado: um homem morre ao ser atingido pelo corpo de um outro que, supostamente, atirou-se pela janela. A história gira em torno de suas mulheres que, até o fatídico acidente, eram duas ilustres desconhecidas, embora fossem vizinhas. Tem um doloroso processo de luto, mas tem também uma gravidez delicada, uma amizade que se desenvolve aos trancos e barrancos e a grande habilidade narrativa desta escritora.

Humanos Exemplares (Cia. Das Letras, 248 páginas, R$ 49,93) - Vencedora do Prêmio Sesc de Literatura em 2018, com ‘Entre as mãos’, Juliana Leite constrói em Humanos exemplares uma história na qual o narrador é simultaneamente um dos personagens e, julgando-se oculto, acompanha o cotidiano da protagonista, uma mulher centenária. Ela o percebe de algum modo, no entanto, embora seja incapaz de o localizar ou definir com clareza. Talvez sejamos apenas nós, leitores, que observamos essa criatura secular, através da janela aberta nas páginas do romance, enquanto ela oscila entre um passado marcado pela perseguição política, durante a Ditadura Militar, e um presente solitário, no limiar da própria morte.

A Bandeja de Salomé (Caos &Letras, 160 páginas, R$ 48) - Desde a publicação de ‘Eva-proto-poeta’, em 2020, também pela editora Caos & Letras, Adriane Garcia se dedica a um projeto bastante singular: promover uma releitura lírica e feminina das passagens e parábolas da Bíblia, bem como de alguns dos mitos religiosos fundantes do machismo estrutural no qual todas as mulheres, em todo o planeta, vivem ainda mergulhadas. Mais que isso, afogadas. Em ‘A bandeja de Salomé’, edição bilíngue português/espanhol, com tradução do pesquisador peruano Manuel Barrós, a autora mineira mobiliza, mais uma vez, a força de sua voz poética para emprestar nomes, sentimentos, perspectivas e histórias às personagens bíblicas silenciadas.

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Sugestão de livros para o presente do Dia dos Pais  Crédito: divulgação

Frio o Bastante Para Nevar (Fósforo Editora, 96 páginas, R$ 52,51) - Nascida na Austrália, de ascendência asiática, a escritora Jessica Au parte de sua própria inquietação existencial e identitária para escrever esse romance, uma pequena pérola narrativa, capaz de derreter até os corações menos sensíveis. Não há derramamento de emoções, esqueça, bem ao contrário. Tudo é contido, quase silencioso, entre as personagens, uma filha australiana que convida a mãe chinesa para uma viagem ao Japão. São duas estrangeiras naquele país, mas há bem mais que isso a fazer com que a breve convivência turística se torne desconfortável. O final é tão desconcertante, em sua infinita delicadeza, que deixa o leitor com um nó na garganta.

Prazer de Miragem (Ardo Tempo, 192 páginas, R$ 40) - Não resisto a afirmar que esse livro celebra, além da prosa de sua autora, o encontro entre duas grandes poetas e cronistas brasileiras, a paulista Mariana Ianelli, que aqui reúne dois anos de suas crônicas, publicadas no jornal literário Rascunho e na revista Rubem (entre 2020 e 2022) e a baiana Ângela Vilma, que assina o belo texto de apresentação do volume. Essencialmente líricas, porém, pontuadas por um olhar atento e crítico sobre o mundo, as narrativas escritas por Mariana contemplam temáticas diversas, que vão desde acontecimentos que impactam o planeta e todas as pessoas aos pequenos eventos cotidianos, sutis, íntimos, mas tão intensos quanto.

Paisagens Inclinadas (7Letras, 100 páginas R$ 48) - Nesse terceiro livro (os anteriores são ‘Coração Cansado’ (Penalux, 2020) e ‘Quênia – poemas de viagem’ (Cas’a edições, 2021), a poeta Michaela Schmaedel se volta, mais uma vez, a uma reflexão poética que se inicia pelo olhar. Não aquele que, de passagem, depositamos sobre o mundo. Mas um outro, capaz de despertar nas formas das coisas uma espécie subjetiva de alma ou de força. Seus poemas têm como ponto de partida uma mirada singular sobre a geografia, os objetos, os animais, que remete aos sentimentos que nos atravessam, como se esses dois universos se conectassem apenas, e por breves momentos, quando expostos a uma observação inquieta.