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Yan Inácio
Publicado em 15 de julho de 2025 às 16:31
Talvez você não conheça pelo nome, mas com certeza já ouviu um hit de tecnomelody paraense. O gênero musical que surgiu nas periferias de Belém deriva do tecnobrega, já reconhecido por nomes como Gabi Amarantos, Banda Uó e Banda Dejavú, e embala batidas de sintetizadores com ritmos que vão do brega ao carimbó. E a coroa do tecnomelody tem dona: é Viviane Batidão, artista com mais de 25 anos de carreira, que construiu sua história nas aparelhagens belenenses. >
As aparelhagens são grandes estruturas de som com DJs, caixas sonoras potentes, iluminação elaborada e até pirotecnia. Elas são um símbolo cultural das periferias de Belém e surgiram ainda nos anos 1950. Hoje em dia fazem parte da indústria musical paraense e têm poder para projetar artistas. Foi assim que Viviane subiu degraus na carreira e se consolidou como uma das referências do tecnomelody, que domina as caixas de som das aparelhagens há mais de 20 anos.>
A artista lança novo álbum em breve e a meta agora é popularizar o gênero musical em todo o Brasil, mas sem deixar para trás as raízes musicais de Santa Isabel, cidade na região metropolitana de Belém, onde cresceu. “Ao longo da minha carreira, as aparelhagens foram muito mais do que palcos. São estruturas gigantescas que carregam o som da nossa terra e o orgulho do nosso povo. Cresci no meio disso, e foi ali que aprendi a me comunicar com os meus fãs. Sem as aparelhagens, minha carreira não teria a mesma identidade nem a mesma força”, disse ao CORREIO.>
Viviane Batidão
O recado foi dado em 2024, quando Viviane ganhou o Prêmio Multishow 2024 na categoria Brasil, que premiou artistas das cinco regiões brasileiras. Em seu discurso ela disse que o país não consome a música paraense como os artistas de lá gostariam. Segundo ela, falta espaço e visibilidade para a valorização nacional da cultura do Pará. “Com esse novo álbum, estou buscando romper essas barreiras de forma respeitosa, com estratégia, parcerias e, acima de tudo, verdade. Levo comigo minhas raízes e a essência do tecnomelody, acreditando que ele pode, sim, conquistar o país inteiro sem precisar se transformar.”>
Os últimos singles mostram um pouco disso. "Só no Pará" e "É Sal" ultrapassam 3 milhões de visualizações no YouTube em pouco mais de um mês. Os clipes, gravados em Santa Izabel, valorizam suas origens familiares e as festas das aparelhagens. Guardadas as devidas proporções, as estruturas de som paraenses podem ser comparadas aos paredões da Bahia, que tocam ritmos como pagodão, pisadinha e brega-funk. >
Ela é otimista sobre a possibilidade de tocar nas festas mais democráticas da Bahia.“O tecnomelody tem tudo a ver com esse universo e, sim, vejo espaço para essa fusão. Já vejo DJs na Bahia tocando coisas nossas, e isso me anima. Acredito que o nosso som ainda vai dominar muitos paredões por aí”, garantiu Viviane. Tocar nos paredões, assim como fazer parcerias com grandes artistas nacionais são, para ela, pontes, para apresentar o tecnomelody a públicos diferentes. >
“Dá pra misturar ritmos, sotaques e histórias sem perder a essência. Isso fortalece a música paraense e também me fortalece como artista.” Viviane já fez participações no Numanice de Ludmilla, em um show de Alok em Belém, e nos Ensaios da Anitta em São Luís, no Maranhão, além de ter gravado feats com Mara Pavanelly e Solange Almeida.>
E agora ela será um dos rostos da COP 30, que será realizada em Belém, integrando a line-up do festival Grande Encontro Por um Mundo Melhor, ao lado de atrações como Ivete Sangalo e a festa Lambateria Baile Show, que convida Lia Sophia. O show acontece no dia 20 de setembro no Estádio do Mangueirão e vai promover a preservação das florestas e redução das emissões de carbono.>
Assista ao clipe de "É Sal">