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Doris Miranda
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 06:00
O fotógrafo Ricardo Sena, 52 anos, é um homem de fé. Frequenta várias religiões, de matriz africana, cristã e indígena, e se considera um espiritualista. Tanto que seus trabalhos na fotografia quase sempre envolvem temas que se relacionam com crenças - não só religiosas, mas também mitológicas. >
Alguns exemplos serão apresentados a partir de hoje (21) na exposição Divinos - Entre o Céu, Terra e Mar, que ocupa o Salão Diadorim do restaurante Cuco Bistrô, localizado no Largo do Cruzeiro de São Francisco, Pelourinho. Composta por 24 imagens, a mostra reúne fotografias em preto e branco que propõem um mergulho na espiritualidade e nas manifestações de fé presentes nas festas populares da Bahia.>
“A fé é um dos vagões da locomotiva humana (como as emoções, relacionamentos e valores também são). Minha fotografia, que faço há 30 anos, está pautada nessas questões, seja na fotografia documental seja na fotografia surrealista, realizada em estúdio e que me possibilita uma expressão totalmente livre, por muitas, vezes surrealista”, pondera Ricardo.>
Obras de Ricardo Sena
Inspirado pela frase de Madre Teresa de Calcutá - “A força mais potente do universo é a fé” -, Sena conduz uma jornada visual pela alma baiana, retratando a devoção que se revela em cada olhar, gesto e símbolo. As imagens capturam a força da religiosidade que une e transforma, evidenciando a beleza divina que habita em cada ser humano. Entre o céu, a terra e o mar, as cenas registradas por ele entrelaça histórias de amor, resistência, celebração e tradição. >
“A Bahia é um estado muito rico em eventos de calendário e praticamente todos eles possuem a fé como fio condutor. A mostra traz registros de cerca de 20 anos, como um retrato da irmandade da Boa Morte de uma líder que já desencarnou; tem fotografia da Galeota Gratidão do Povo da Procissão do Nosso Senhor dos Navegantes, que fotografei durante 11 anos ininterruptos e cheguei a fazer parte da ‘equipe da praia’; e também do Terno das Almas, que acontece em Igatu, onde fotografei durante uns 10 anos”, diz ele, ressaltando que o material resultante da década de fotografias em Igatu resultou na mostra Alumiar, que integrou a Fligê.>
Com cerca de 15 exposições no currículo, Ricardo Sena foi dono de galeria, a Alma Galeria de Arte, criada há 13 anos, para focar exclusivamente na fotografia. Agora, o baiano, premiado com duas medalhas de ouro na Bienal de Arte Fotográfica Brasileira, está de mudança para a Amazônia, região que frequenta (e fotografa) há nove anos. “Estou muito focado nesse trabalho. Tem ano que vou cinco vezes para a Amazônia e lá me conecto profundamente com o povo para fazer uma abordagem do natural, do humano e do mitológico”, explica. O resultado deste trabalho com o povo da floresta deverá sair em livro.>
SERVIÇO - Exposição Divinos - Entre o Céu, Terra e Mar, de Ricardo Sena | de hoje (21), às 19h, no Cuco Bistrô, no Largo do Cruzeiro de São Francisco | Visitação: de segunda a sábado, das 12h às 22h | Gratuito>