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Carol Neves
Arthur Leal
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 05:01
Em 10 de fevereiro de 1991, um domingo de Carnaval, Salvador foi tomada por choque e indignação. Um morador de rua, ao revirar sacos de lixo em frente ao Edifício Bosque dos Barris, na Rua Coqueiros da Piedade, encontrou uma mão humana. A descoberta se tornaria ainda mais macabra: nos mesmos sacos estavam partes do corpo de um homem, quase completamente esquartejado. >
O corpo pertencia a Roberto Carlos da Silva, então com 26 anos, radialista e funcionário da TV Aratu. Ele havia sido assassinado e esquartejado no apartamento 1203 do mesmo edifício onde seu corpo foi encontrado, dando início a um dos casos mais lembrados da história criminal da Bahia: o “Esquartejado dos Barris”.>
As investigações começaram imediatamente, mas logo ficaram marcadas por falhas, inconsistências e múltiplas versões sobre a autoria do crime. A primeira suspeita foi Lourdes Maria, empregada doméstica de 28 anos que havia mantido um relacionamento conturbado com a vítima por cerca de dois anos. Inicialmente, ela alegou que dois homens, incluindo um chamado José Alexandre e outro desconhecido, teriam cometido o assassinato. A polícia encontrou contradições nessa versão, e a família de Roberto Carlos suspeitava de vingança envolvendo um dos acusados.>
Mulher de 28 anos foi condenada por matar e esquartejar Roberto Carlos
A investigação ganhou novo rumo quando o delegado Eupio Lira assumiu o caso, acreditando que Lourdes agira sozinha por ciúmes. O esquartejamento, o desaparecimento de órgãos vitais e a dificuldade de identificar a arma usada reforçavam o clima de mistério. Para Lira, a frieza e a suposta inteligência da suspeita indicavam planejamento e execução por parte de uma única pessoa.>
Na sexta-feira seguinte ao crime, Lourdes confessou o assassinato e detalhou como ocultou o corpo, embora agora negasse a participação de outras pessoas e desmentisse a história dos dois homens. Segundo ela, o relacionamento com Roberto Carlos era conturbado: ele a procurava e desaparecia, mantinha casos com outras mulheres e se mostrava incapaz de assumir compromisso sério. A confissão revelou que a discussão que levou à morte do radialista ocorreu após tentativas dele de retomar o relacionamento, culminando no homicídio.>
Após o depoimento, Lourdes foi detida e o caso seguiu para a Justiça. O julgamento, realizado três anos depois, em abril de 1994, durou 37 horas e terminou com a condenação da doméstica a 13 anos de prisão - 12 por homicídio e 1 por ocultação de cadáver. Ela cumpriu a pena e saiu em liberdade por bom comportamento.>
Escute um podcast que o CORREIO produziu sobre o crime: >