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Doris Miranda
Publicado em 30 de março de 2017 às 00:03
- Atualizado há 2 anos
Vista nos últimos anos como Viúva Negra, a atriz Scarlett Johansson, 32 anos, sai um pouco da pele da heroína da Marvel para vestir outro uniforme. Dessa vez, em A Vigilante do Amanhã - Ghost in the Shell, ela vive Major, uma ciborgue híbrida com humanos que combate crimes cometidos com ajuda da tecnologia. A trama dirigida por Rupert Sanders (Branca da Neve/ 2012) é inspirada no famoso anime homônimo de Mamoru Oshii, lançado no início da década de 90. A seguir, em entrevista cedida com exclusividade pela Paramount ao CORREIO, Scarlett Johansson fala sobre sua personagem. A atriz Scarlett Johansson interpreta uma ciborgue híbrida na ação A Vigilante do Amanhã (foto/divulgação) >
A jornada de autoconhecimento da Major é um pouco menos abstrata do que a da personagem no anime de 1995?O filme era um pouco esotérico, existencial e fluido. Ele não me pareceu imediatamente como algo que poderia ser adaptado para live-action. As referências visuais eram empolgantes e dava para imaginar como isso iria decolar a partir da versão animada, porém a jornada da personagem não estava totalmente clara para mim. Achei que o aspecto físico seria empolgante e que seria um grande desafio. Para minha vaidade era empolgante, mas além de apenas fazer imagens lindas, o que mais havia para criar atração? >
E isso continuava incomodando você? Sim. Você vê essa mulher que tem uma ideia de quem ela é, ou que lhe dizem quem ela supostamente é. Depois disso, ainda há outra sensação no fundo de sua mente, que é a pessoa que ela realmente é. Comecei a brincar com essa ideia. Isso pode parecer um pouco pretensioso, mas vou dizer mesmo assim, porque me ajudou a compreender: existe o ID, o superego e o ego. Todas as três partes formam a experiência dessa única pessoa. A ideia me ajudou a me identificar com essa experiência aparentemente incomparável. A parte mais divertida foi essa descoberta.>
As memórias originais dela começam a voltar na medida em que o filme se desenvolve? Isso faz parte de sua jornada de autoconhecimento. Ela tem alguns lapsos. Em vez de afastá-los e suprimi-los, Major fica curiosa em relação a eles. Isso é o que essencialmente abre a Caixa de Pandora sobre quem ela realmente é.>
Você menciona a forte visão de Rupert Sanders para o filme. Poderia dar mais detalhes?Imaginamos o futuro que, muitas vezes, é considerado como muito clínico e sem identidade. Já em outros momentos, nós o vemos como um futuro pós-apocalíptico. O que pareceu mais realista para ele foi um futuro onde não há nenhum espaço. Estamos constantemente competindo uns com os outros por espaço, então operamos em uma cidade que é quase construída em cima de outra cidade. E ela é cheia de culturas que foram apropriadas por outras culturas. Existem renovações que são aleatórias e esse é um futuro muito mais exuberante do que estamos acostumados a ver. Você tem muita experiência em papéis de ação, mas esse filme exigiu mais de você do que havia sido exigido anteriormente? >
Tive sorte por ter tido muito treinamento em luta e manuseio de armas. Isso realmente faz uma grande diferença. Porém, apesar de ter feito alguns treinamentos de MMA e aperfeiçoar minhas habilidades, é incrível o quão rápido você as perde. E não me importo em treinar com armas. Na verdade sou boa com armas de fogo. Mas lutar de verdade não é completamente natural para mim. Faço muitas lutas e, inevitavelmente, me machuco e também posso acabar machucando outra pessoa. >
No anime original há uma sensação de amor não correspondido por parte de Batou (Pilou Asbæk). Isso está refletido na nova versão?>
Sim. Brincamos um pouco com isso. É uma parte maravilhosa do anime. Isso realmente adiciona profundidade e humanidade para aquilo que, de outra forma, poderia parecer um pouco de qualidade robótica, desumana. E Batou é a única pessoa na vida da Major com a qual ela se sente conectada com sua experiência humana. Existe um tipo de amor não correspondido nisso. Há uma proximidade entre eles e um tipo de desejo da parte de Batou para o qual a Major não está realmente preparada.>
O filme parece ser atual, não somente com o aumento do ciberterrorismo, mas também com a desconexão que muitas pessoas sentem na era digital...>
Ele foi feito há mais de 20 anos e já era muito avançado. Mais do que qualquer outra coisa, ele previu essa desconexão que é um subproduto da era digital. O ciberterrorismo também é uma ameaça. Mas o filme é sobre esse desejo, esse anseio de se conectar um com o outro em uma era na qual, ironicamente, estamos excessivamente conectados. Supostamente, devíamos estar bastante conectados uns com os outros mas, ainda assim, temos essa sensação de vazio e insatisfação.>