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Ronaldo Jacobina
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 06:00
Terceira geração de uma linhagem de mulheres ceramistas, Hilda Salomão vai celebrar 50 anos de trajetória artística com a exposição O Caminho de Volta – Andarilhos que ganha vernissage amanhã (23), às 18h30, na Galeria do Pátio, novo espaço do Museu de Arte da Bahia (MAB) que será inaugurado com a mostra da artista. >
Reunindo cerca de 50 obras de diversas fases do seu cinquentenário de carreira, e que tem curadoria de Alejandra Muñoz, a exposição vem acompanhada do lançamento de um livro homônimo que reúne em suas cerca de 100 páginas, textos críticos e poéticos de nomes como Matilde Matos, Justino Marinho, Francisco Senna, Calasans Neto e Udo Knoff, dentre outros, além de fotografias assinadas pela artista visual e fotógrafa Marta Suzi.Embora tenha esculpido suas primeiras obras ainda menina assistindo sua avó Altinha Leite e sua mãe Ângela Salomão trabalhando com o barro, Hilda começa a contar o tempo de carreira em 1975 quando teve sua primeira peça exposta numa coletiva no Foyer do Teatro Castro Alves.>
Nesta exposição, a ceramista – que embora formada em Belas Artes em 1978, demorou para se assumir artista plástica – reúne esculturas, painéis e instalações produzidos neste meio século de carreira, sem no entanto se propor a uma retrospectiva, mas um reencontro, uma travessia simbólica entre o passado e o presente, em que a cerâmica se torna matéria de lembrança, rito e reinvenção. “Percebi que existia um caminho, e que esse caminho me levava de volta às imagens e expressões que sempre estiveram comigo. É um olhar sobre o percurso da menina que moldava o barro ao lado da mãe e da avó, à mulher que, aos 70 anos, ainda se surpreende com o fogo e a argila”, diz..>
Considerada uma das mais importantes ceramistas da Bahia e do Brasil, Hilda Salomão tem um trabalho marcado pela pesquisa e pela experimentação que ampliam as fronteiras da chamada “arte do fogo”, transformando a cerâmica em gesto poético e linguagem viva.Ao longo deste meio século de carreira, a baiana dividiu seu tempo entre a produção artística e o trabalho como professora. Ora nas Oficinas de Expressão Plástica do MAM-BA, onde atuou por mais de 20 anos, ora no seu ateliê-escola onde, até hoje, dedica às terças-feiras a transmitir seus conhecimentos a seus alunos. Seja formando novos artistas seja orientando os interessados apenas em se expressar através da argila. >
Andarilho, Senhora do Tempo e Procissão, são algumas das obras emblemáticas expostas no MAB que revelam a espiritualidade e a densidade poética de sua produção. A curadora Alejandra Muñoz define a exposição como um “ritornelo” — conceito que, na filosofia e na música, expressa a ideia de retorno e recomeço. “Hilda refaz uma e outra vez seus repertórios de formas, transformando a repetição em um caminho criativo. Sua obra é o gesto de quem retorna para seguir adiante”, descreve Muñoz em seu texto curatorial. A exposição será aberta para visitação nesta sexta-feira (24) e fica em cartaz até 21 de dezembro.>
Serviço: Exposição e lançamento do livro O Caminho de Volta – Andarilhos, de Hilda Salomão | Local: Museu de Arte da Bahia - MAB (Av. Sete de Setembro, 2340 - Corredor da Vitória) | Visitação: de 24 de outubro a 21 de dezembro de 2025 | Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 18h | Entrada gratuita.>