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Melanina Acentuada Festival inicia nesta quarta com tema ‘Ancestralidade Futurística’

Evento terá abertura musical de Sued Nunes e recebe peças como 'MACACOS', 'Parto Pavilhão' e 'Ana e Tadeu'

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 7 de julho de 2025 às 11:55

Melanina Acentuada Festival
Melanina Acentuada Festival Crédito: Divulgação/Thiago Rosarii/Noélia Najara/Guto Muniz

Há sete edições, o Melanina Acentuada Festival traz para os palcos de Salvador uma experiência que une espetáculos artísticos, dramaturgias e poéticas alicerçadas na cultura negra, no fomento das artes e na reflexão política. Neste ano, a programação acontece de quarta (09) a domingo (14), ocupando diversos espaços artísticos da cidade com peças, bate-papos e oficinas. Todas as atividades do Melanina Acentuada Festival são gratuitas, exceto os espetáculos, que possuem valor simbólico de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).

Dedicado à promoção e valorização de narrativas, autores, artistas, atores e dramaturgos negros, o festival traz neste ano como fio condutor o tema “Ancestralidade Futurística”. Aldri Anunciação, dramaturgo e idealizador do Melanina Acentuada, explica que a temática surge da observação da produção artística apresentada e desenvolvida dentro do festival desde sua primeira edição, em 2012, onde percebeu um uso comum de elemento narrativo partilhado entre os artistas. “Tem uma ferramenta muito usada pela maior parte dos escritores e dramaturgos brasileiros negros, pelo menos a partir do recorte do nosso festival. Essa ferramenta é a utilização do tempo narrativo não preso a um início, meio e fim. Às vezes é meio e fim, fim e meio, início e o final. Eles têm uma relação com o tempo um pouco disruptiva, poética e menos cronológica. O tempo espiralado”, afirma.

Cunhado pela professora carioca Leda Maria Martins, que estará presente no festival, o conceito de tempo espiralar parte da percepção do tempo na cosmogonia africana, onde o passado, presente e futuro estão articulados de uma forma não linear. “É como se o passado, o presente e o futuro estivessem acontecendo ao mesmo tempo. Os autores do festival têm usado essa articulação como ferramenta de escrita. E por que, então, ancestralidade futurística? Ancestralidade é uma palavra voltada para o passado e futurística fala de um futuro. É um gatilho que parece se relacionar exatamente com essa ferramenta de escrita e será o grande assunto do festival”, complementa Anunciação.

A escolha das atrações seguiu a temática, reunindo no Melanina obras e mesas temáticas que articulem o fazer artístico com a proposta de tempo não cronológica e mais fragmentada. “Tem um diálogo com essa relação de olhar para o passado, mas fomentando o futuro, ou seja, ancestralidade futurística”, destaca o idealizador. Para 2025, a edição retorna com o aclamado sucesso de bilheteria “MACACOS”, de Clayton Nascimento; a adaptação “Ana e Tadeu”, de Mônica Santana; a estreia nacional do indicado ao Prêmio Shell de Teatro em duas categorias, “Parto Pavilhão”, de Jhonny Salaberg; o espetáculo “Embarque Imediato”, de Aldri Anunciação com Antônio e Rocco Pitanga; “Um Ritual – Recital Performático”, de Jamile Cazumbá, e a estreia de “Pretamorphosis”, de Toni Silva.

O festival terá ainda sete ateliês, dentre eles o “1º Ateliê de Ideias”, coordenado pela ensaísta, dramaturga e professora da UFMG, Leda Maria Martins, e conta com entrevistas públicas e compartilhamentos de poéticas, criando uma verdadeira imersão nos saberes ancestrais. A programação completa pode ser acessada em: https://melaninaacentuada.com.br/festival/.

Abertura Musical

A abertura do Melanina Acentuada Festival também chega de cara nova neste ano com seu primeiro formato transmídia, trazendo o show da cantora e compositora baiana Sued Nunes, na quarta (09), às 20h, no Pátio Viração da Casa Rosa. Nunes assina sua estreia musical no festival, que será permeada pelas sonoridades de tambores, ritmos de matriz africana e da canção contemporânea baiana, trazendo canções do álbum Segunda-Feira (2024).

“Gosto do meu nome envolvido naquilo que é de grande relevância para a nossa comunidade. Não que outros lugares não me caibam, mas, como minha carreira nasceu disso, olho de forma mais carinhosa para pautas que reafirmam nosso tamanho, o quanto nosso trabalho é importante e por que ele tem um propósito além de entreter”, compartilhou a cantora sobre sua primeira participação no evento.

Para Sued, o tema “Ancestralidade Futurística” encontra eco direto em sua música. “O futuro é aqui. Tenho feito muito esse exercício de mostrar, para quem me acompanha, como entendo o Tempo. Nada ficou para trás, nem está tão longe que não esteja também aqui”, afirma. As canções de Segunda-Feira, que conduzirão a performance, evocam essa reflexão, destaca Nunes: “[o álbum] é uma compreensão de que há um sagrado envolto nas nossas ruas, há sonhos antigos em nós, de outras pessoas que vieram antes… Que o profano, a festa, também têm seu jeito de fazer revolução”.

A proposta transmídia do espetáculo também dialoga com a própria vivência da artista, que entende sua presença no palco como uma narrativa em movimento. “O lugar do compositor negro que canta é viver também uma dramaturgia musicada dentro da sua história”, reflete. Para Sued, não se trata apenas de um show, mas de uma celebração coletiva. “Preparei uma festa. É o que somos e o que merecemos. Um show que resgata nossas alegrias e afirma o que temos de grandioso.”