Missinho incentivou lado autoral do Chiclete

O cantor, compositor e guitarrista lançou dois álbuns solo após seu desligamento do Chiclete

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  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 17 de maio de 2024 às 05:00

O cantor e compositor Missinho
O cantor e compositor Missinho Crédito: divulgação

A morte do cantor e compositor Missinho, o primeiro vocalista da banda Chiclete com Banana, pegou o mundo musical baiano de surpresa. Primeiro porque até amigos mais próximos, como Maurício Almeida (ex-representante da gravadora CBS/Sony), nem sabiam que ele estava doente. Missinho foi a óbito às 11h05 desta quinta (16), aos 64 anos, com falência múltipla dos órgãos, no Hospital Roberto Santos, onde estava sendo bem assistido, segundo sua produtora Vera Teixeira. O corpo de Missinho será cremado nesta sexta, às 11h30, no Bosque da Paz.

Nos últimos anos, Missinho, cujo nome de batismo era Edmilson de Amorim Ferreira, atuava mais como produtor. Ele chegou a construir um estúdio de gravação no terreno de sua casa. E, como grande compositor, recebia direitos autorais de hits do Chiclete, como Mistério das Estrelas, Lume da Fogueira, Tiete do Chiclete e Sementes. Ele costumava dizer que os direitos autorais não o deixaram rico, mas dava para sobreviver.

Antes de ficar conhecida como Chiclete com Banana, a banda fazia muitos bailes e se chamava Scorpius. A formação era Bell, Rey, Missinho, Rubinho Gramacho, Waltinho Magarão e Wadinho. Denny e Cacik Jonne entraram mais tarde. Missinho, que, então, dividia os vocais com Bell Marques, ficou na banda até abril de 1986. Ele teve um desentendimento com os outros integrantes, durante a Micareta de Feira de Santana, e resolveu sair em carreira solo.

Contratado pela então gravadora CBS (Sony Music), no auge da cena axé, ele gravou dois discos. O primeiro, de 1986, Neon dos Guetos, tinha sucessos como Felina, Merengue Tropical e a regravação de Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua, de Sérgio Sampaio. O segundo, Caramba, saiu em 1989.

O Chiclete com Banana ainda com Missinho (último à direita)
O Chiclete com Banana ainda com Missinho (último à direita) Crédito: reprodução

Responsável por levar Missinho para a gravadora, Mauricio Almeida, então, divulgador, lamentou a morte do artista: “Eu conheci Missinho ainda no Chiclete, um cara fora de série. Quando ele saiu da banda, sugeri que fosse contratado. E deu certo. Com ele aprendi a tocar reggae e cheguei a tocar um tempo na banda dele. Eu era músico profissional e estava sem atuar há algum tempo. Aí falei com da minha vontade de voltar à ativa e ele topou na hora. Eu tinha um carinho muito especial por ele”. Mauricio lembrou, inclusive, que Missinho se casou com Mila, secretária da CBS na Bahia, com quem ele teve um filho, Mahal.

Quem também conviveu com Missinho no tempo do Chiclete foi o baterista Rey Gramacho, um dos sócios da banda e que agora atua mais na produção. Ele se aposentou das baquetas, hoje comandadas por seu filho Shanon na atual formação do Chiclete.

“A minha relação com Missinho foi muito boa. Ele era introspectivo. Nunca tivemos problemas pessoais. Aliás, fui eu quem o levou para o Chiclete quando Gato e Anderson saíram da banda”, lembra. No ano passado, Rey gravou um podcast e contou como era sua relação com Missinho: “Nossa relação foi de respeito e admiração. Sempre foi uma pessoa correta. Mesmo depois que saiu da banda nunca nos criou problema, nunca falou mal da gente. Seguiu a carreira dele. Foi de grande importância para o Chiclete com Banana, compondo vários sucessos. Só tenho elogios para ele”.

Wadinho Marques, irmão de Bell, também falou com o CORREIO: “É lamentável saber desse falecimento prematuro de Missinho. Ele teve uma importância muito grande para o Chiclete com Banana. Ele foi o cara que nos deu coragem para tocar música própria, autoral. Essa ligação do Chiclete com o forró foi ideia dele, que tinha muita ligação com a música de raiz. Fiz parceria com ele em algumas músicas, como Doce Feito Mel, Traz a Massa. Espero que o caminho que ele vai trilhar agora seja um caminho de luz e de paz. Um grande músico. Missinho vai nos deixar muita saudade”.