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Roberto Midlej
Publicado em 20 de setembro de 2024 às 06:00
Durante o isolamento social imposto pela pandemia de covid, há quatro anos, a cantora Mônica Salmaso realizou o projeto Ô de Casas, em que fazia apresentações online acompanhada de colegas que estavam distante dela. Ali, cantou com artistas como Zélia Duncan, Antônio Nóbrega e Marcos Valle. Daquelas gravações informais e meio improvisadas, saíram dez canções que o público vai ouvir hoje na Concha Acústica, a partir de 19h. >
No show Minha Casa, são 22 faixas dos mais diversos compositores, o que mostra a versatilidade e a competência de Salmaso. No rol de autores, estão Egberto Gismonti, Tom Jobim, Dori Caymmi, Guinga, Chico Buarque e pelo menos mais uma dezena de importantes autores. Com Chico, Salmaso teve uma importante experiência, que foi cantar com ele no palco durante a turnê Que Tal um Samba?, entre 2022 e 2023.>
“Desenhei o repertório deste show [Minha Casa] mergulhada no desejo vivido - durante a turnê com o Chico e a imensa plateia que nos assistiu - de voltar para casa depois de tudo o que passamos no Brasil e na pandemia. Celebrar a vida e os encontros, celebrar a consciência do valor que as nossas melhores relações têm para nós, a consciência do que somos e do que realmente precisamos. Dos nossos defeitos e faltas. Dos nossos afetos”, reflete a cantora. >
Mas, afinal, o que é a tal “casa” a que o título do show se refere?>
Mônica Salmaso
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Da turnê com Chico Buarque, a cantora diz que tirou uma importante lição, adotada neste show que ela traz a Salvador: com o astro da MPB, aprendeu uma nova forma de escolher o repertório. “Ao contrário do que eu fazia antes, desta vez eu já cheguei aos ensaios com as músicas definidas. Aprendi isso com Chico. E isso é bom porque a gente faz os arranjos de acordo com o lugar em que a música está [na lista de canções]. Por isso, Mortal Loucura, que eu havia gravado antes, chega no show de um jeito diferente, com mais ‘potência’, como um maracatu. Então, você dá às canções um tratamento de acordo com a ordem em que elas aparecem”.>
Na lista de canções, não há um predomínio claro de um ou outro compositor. Mas chama a atenção o nome de Paulo César Pinheiro, que assina quatro músicas em parceria com colegas: Saudações, com Egberto Gismonti; Quebra Mar, com Dori Caymmi; Violada, com Guinga, e Santa Voz, com Baden Powell. >
Salmaso assume a admiração que tem por Pinheiro: “Tenho admiração especial e absoluta por ele! Ele tem características fundamentais e sempre compõe com pessoas novas. É um letrista profissional, trabalhador de poesias, que domina o Brasil em muitas vertentes. Domina a língua, a cultura popular e é voltado para o Brasil, além de ter uma ligação com a África”.>
Sobre a turnê com Chico, Salmaso a compara com um troféu, já que ele é um dos seus maiores ídolos, segundo a própria cantora. Foi o cantor que tomou a iniciativa de convidá-la para dividir o palco com ele nos shows. “Ter o meu trabalho reconhecido por alguém que eu admiro tanto me dá a sensação de que fiz tudo certo. Além disso, temos um público em comum, mas o dele é maior que o meu, então, fui apresentada a novas pessoas. Em Salvador, que foi a última cidade da turnê, dei vexame numa apresentação e comecei a chorar”, lembra, bem-humorada. >
Serviço>
Mônica Salmaso, no show Minha Casa. Hoje, 19h. Concha Acústica. Ingresso: R$ 150 | R$ 75>