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Em cartaz no Prime Video, Cruzado Encapuzado acerta no tom nostálgico do personagem
Doris Miranda
Publicado em 10 de agosto de 2024 às 06:00
Deixe de lado o realismo da trilogia do Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan; ou o universo sombrio e vingativo do Batman tecnológico de Matt Reeves. O Homem Morcego que protagoniza a série animada Batman: Cruzado Encapuzado, recém-chegada ao Prime Video, envereda pela nostalgia para apresentar uma nova versão do Homem Morcego.
Na trama conduzida por Bruce Timm, J.J. Abrams e Matt Reeves, Batman está nos seus primeiros anos como herói e ainda não se perdeu na violência com que passou a conduzir suas atividades. E isso talvez seja um dos aspectos mais bacanas da série inédita de dez episódios, que contribui para o astral nostálgico (e muito bem-vindo) da obra.
Outra coisa massa é a nova encarnação do Pinguim. Primeiro porque é o oposto do vilão sensacional que Collin Farrell criou para antagonizar com o Batman de Robert Pattinson. Depois porque o vilão muda de gênero (!): Pinguim agora é Oswalda Cobblepot, mãe de dois que gerencia a máfia de Gothan com requintes de psicopatia, apesar da aura de atriz dos anos 40 que exala.
“É completamente crível que esse personagem bizarro, estranho e grandioso não tenha um gênero definido, porque essa é a essência do Pinguim, e é isso que estamos vendo, a essência dele presente nos quadrinhos e na animação original. Quando olho para ela, sinto que ela é sem gênero de tão estranha”, pondera a atriz Minnie Driver, que dubla a personagem.
Não foi só o Pinguim que ganhou nova roupagem. Harvey Dent (Duas Caras), Cara de Barro e Arlequina (criada exclusivamente para a série dos anos 90) também foram repaginados para caber dentro da nova proposta. A condução de Timm, Abrams e Reeves deu muito certo. Batman: Cruzado Encapuzado recebeu 97% de aprovação no site Rotten Tomatoes, o que deu mais certeza para a produção da segunda temporada.
Cruzado Encapuzado tem muito do espírito da excelente Batman Série Animada, clássico dos anos 90, que entrou no catálogo da Netflix recentemente. Mas, sem o traço juvenil muito louco ou meio atemporal daquela, sabe? A atração exclusiva do Prime Video tem identidade própria e embala o Homem Morcego numa atmosfera noir, com toques deliciosos de nostalgia sem parecer um pastiche no Universo DC. Tampouco, coloca sua linha temporal no multiverso.
Outra coisa legal é que para caber no espírito noir, Batman não vive no universo de altíssima tecnologia com o qual nos acostumamos. O Cruzado Encapuzado conta com suas habilidades básicas de investigação, muita astúcia e a força apenas dos seus punhos. Aquela coisa do básico que oxigena a essência do herói.
Curioso ver como o diretor Matt Reeves ajudou a criar um Batman iniciante totalmente diferente do paladino vingativo que compôs com Robert Pattinson no também muito bom filme de 2022. A diferença é que o guardião de Pattinson tem vínculos sólidos com o Alfred de Andy Serkis, enquanto o da animação mantém uma frieza admirável com quem o amparou na perda dos pais e ajudou a formar o homem que se tornou.
Com tantas versões recentes, Batman: Cruzado Encapuzado garante originalidade, mesmo misturando elementos que agradam tanto aos fãs das HQs mais clássicas quanto a quem procura um frescor nesse universo. Prime Video