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Ronaldo Jacobina
Publicado em 30 de novembro de 2024 às 07:58
Se um Preta já era bom, três então, nunca é demais! Pois é, o restaurante que nasceu na Ilha de Maré, migrou para a Ilha dos Frades e expandiu para o bairro da Graça, agora chegou ao Centro Histórico. Melhor localizando, ao belíssimo Palacete Tira Chapéu, na Rua Chile. O terceiro endereço da marca criada pela fotógrafa Angeluci Figueiredo - que trocou a redação de jornal pela cozinha - foi projetado pelo arquiteto Marcos Barbosa para a Casas Conceito, mostra de decoração que durou até o começo de novembro.
Depois de uma breve parada para desmontagem da exposição, a terceira unidade da marca foi oficialmente inaugurada na última terça-feira (26) sob o comando da chef e do filho Chico Marrara que desde a abertura do Preta Bistrô, no Museu de Arte Contemporânea, na Graça, passou a dividir com a mãe a gestão dos negócios da família.
O Preta Tira Chapéu chegou com tudo e já promete se estabelecer definitivamente no roteiro gastronômico do Centro Histórico de Salvador. Não bastasse a belezura do espaço cuidadosamente restaurado, e bem decorado, o novo Preta tem outros bons motivos para ganhar o público.
Assim como nas suas duas outras unidades, a chef Preta aposta no aconchego da sua cozinha praiana com sotaque baiano, oferecendo um menu bem executado que prioriza os frutos do mar, sem esquecer de pratos afetivos dos baianos, como o malassado que, na sua versão, vem com uma deliciosa farofa de queijo coalho.
Apaixonada por arte - ela própria é uma artista nata que transita entre as artes visuais e culinárias - Preta sabe encantar o cliente. Sua cozinha, além de criativa e saborosa, chega até a mesa bem apresentada e carregada de sofisticação. Não aquela sofisticação de ostentação, cheia de salamaleques que temos visto pelos restaurantes estrelados, mas da delicadeza, dos detalhes, de afetos.
Afetos que podem ser conferidos nos nomes de batismo dos pratos do cardápio. Como a Mulher de Roxo (personagem misteriosa e icônica da região do centro da cidade que viveu até os anos 1990), apelido do lombo de bacalhau no azeite com toque defumado, acompanhado de vegetais confitados. Ou na moqueca de camarão com polpa de coco verde servida com farofa de banana com tapioca e arroz, que homenageia a Slopper, uma referência a um grande magazine que fez história na Rua Chile.
E Preta segue nessa brincadeira apelidando o seu famoso e já citado malassado, de A Moda (uma homenagem a uma famosa boutique feminina da rua), o manjar de tapioca com coco verde e calda de tamarindo de Duas Américas (outra loja de departamento da época) e por aí vai, sendo sempre fiel à origem de sua cozinha de mar. Os apelidos, segundo ela, nem sempre estão impressos no cardápio, mas foram criados a partir dessas suas referências.
Angeluci Figueiredo
Chef de CozinhaO espaço, com capacidade para 80 pessoas, funciona de terça a domingo, para almoço e jantar. Neste último turno, além do privilégio de estar num palacete histórico datado de 1914, degustando uma comida afetiva e bem preparada, os comensais poderão fazer uma volta a este tempo, jantando à luz de velas. A dica é: vá.
SERVIÇO:
@pretatirachapeu
Rua Tira Chapéu – Rua Chile, 1, Centro.
Reservas: 71 99954 2727
Funcionamento: terça a domingo, das 12h às 22h.