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Mostra será realizada nos dias 16 e 17 de dezembro
Luiza Gonçalves
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 10:10
Completando 38 anos de história, o Circo Picolino é um marco da paisagem da orla de Salvador. Passou por ciclos de vida, morte e agora vive a promessa de um renascimento, “uma retomada de fôlego”, como descreve Luana Tamaoki Serrat, atriz circense e uma das coordenadoras do espaço.
Parte desse novo movimento será a Mostra da Residência Artística no Circo Picolino, realizada no sábado (16) e domingo (17), às 17h com entrada franca. O evento busca apresentar à comunidade o trabalho desenvolvido por 10 artistas durante uma residência artística de 45 dias no Picolino, durante os meses de novembro e dezembro.
Acrobacias em grupo, tecido, malabares, dança e música, as artes circenses em sua potência dominaram a residência, e agora, o espetáculo que será composto por 8 convidados e 2 artistas residentes. “Ficamos 45 dias imersos todas as manhãs nos temas, experimentos e muita troca. Então, é um processo, estamos em criação. A gente não chama ainda de resultado final. É mais uma mostra do que a gente viveu neste período, tanto tecnicamente como também de pensamentos, desse sentimento de mudança, de renascimento e de transplantação. Estamos num ponto de inspiração e são necessárias transformações. Mudar, morrer pra nascer de novo” explica Luana Serrat.
Filha dos fundadores, Anselmo Serrat e Verônica Tamaoki, ela conta que a mostra também serve como aviso: “O Picolino está funcionando! A gente segue sobrevivendo, como meu pai falava”. Apesar das dificuldades enfrentadas durante a pandemia e da perda de membros fundadores como Anselmo, e mais recentemente, do coordenador técnico Clóvis, Luana afirma que o Picolino nunca interrompeu suas atividades, apesar de terem considerado reduzi-las em 2022, e que a mudança desse ano está na mobilização de um grupo de colaboradores e da proposição de novos projeto.
Ela explica também que apesar das dificuldades apresentadas com a reconfiguração da orla de Pituaçu, implicado numa possível movimentação do circo, o cenário é positivo para uma requalificação do Picolino no local enquanto patrimônio afetivo e geográfico da cidade. “Seguimos com o curso básico de circo, aula de acrobacia, tecido... A gente tem uma ocupação que é feita pela ONG Bumbá, que está há vários anos fazendo atividade lá. Estamos ali, no meio daquela obra, daquela poeira, mas tá rolando”.
Especial pela sua pluralidade nas artes e tradições, Luana destaca o circo como escola e um espaço cultural, de resistência e ação social, pautado nos pilares da arte-educação: “É uma ação nossa, mas também uma ação da sociedade. A gente está juntando esse grupo de pessoas para que o Picolino volte a ter essa força em Salvador e esteja presente para as próximas gerações, como esteve para muitas antes”.
O espetáculo, resultado da residência artística contemplada pelo edital Diálogos Artísticos–Bicentenário da Independência na Bahia contará com Alice Cunha, Any Gonçalves, Ed Carlos, Felipe Cerqueira, Lara Boker, Luana Tamaoki Serrat, Marcelo Galvão, Nina Porto, Pedro Silva e Yerko Haupt.
Animada com a experiência positiva, Luana Serrat destaca os planos de outras residências no futuro, além da execução de um documentário sobre o Picolino, em parceria com a Tenda dos Milagres e novas aulas no próximo ano: “Estamos com muitos sonhos e projetos para 2024. É o momento de brindar a história desses 38 anos, com fôlego para mais 38 anos de atividades”.
Serviço - Sábado (16) e domingo (17), 17h | Gratuito