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Rominho e Marieta celebra três anos em cena com romance, música e quadrilha

Espetáculo baiano inspirado em Romeu e Julieta será apresentado neste sábado (05) na Casa Rosa

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 3 de julho de 2025 às 08:00

PRominho e Marieta
PRominho e Marieta Crédito: Divulgação/Jessica Lima

Reimaginando um clássico da dramaturgia no sertão nordestino, o espetáculo Rominho e Marieta celebrou neste ano três anos de sua estreia, em 13 de junho de 2022. Encerrando o ciclo de apresentações comemorativas, a peça será encenada neste sábado (05), às 20h, no Pátio Viração, do espaço cultural Casa Rosa. Com direção de Letícia Aranha, o espetáculo é inspirado na obra Romeu e Julieta, de William Shakespeare, construindo uma narrativa permeada por música, quadrilha junina, linguagens do teatro popular e elementos culturais brasileiros, e já passou por diversas ruas, praças e palcos de Salvador.

Rominho e Marieta se passa na cidade de Calango, local demarcado pela guerra infindável de duas poderosas famílias, Romeiros e Chapuletas, instaurando o ódio e a divisão entre o povo, numa disputa política que é passada de geração em geração. Entretanto, tudo pode mudar a partir da intensa paixão de Rominho e Marieta, dois jovens que resolvem desafiar a rixa entre suas famílias e vivenciar esse amor, com as bênçãos de Santo Antônio.

Pesquisadora e artista multidisciplinar, a diretora Letícia Aranha conta que as primeiras ideias de Rominho e Marieta surgiram em 2019 – quando cursava Direção Teatral na Ufba – do desejo de experimentar um espetáculo de rua e uma “brincadeira” com um clássico. Com a pandemia de Covid-19, o projeto ficou guardado até a fase de finalização do curso, quando Aranha viu em seu TCC uma oportunidade de revivê-lo. Na época, a artista estava em Lagarto (SE), sua cidade de origem, que, além da obra de Shakespeare, tornou-se o outro pilar fundamental de inspiração da peça.

“Fui ler mais profundamente sobre a história da minha cidade e vi que daria pra fazer essa interação com Lagarto, de uma cidade coronelista. Lagarto tem uma tradição junina muito forte, então fui resgatar minha relação com a quadrilha junina e achei que daria para fazer essa brincadeira com os personagens que temos na quadrilha: o casal dos noivos, o Santo Antônio que podia ser o padre, porque tem essa figura do santo casamenteiro e é uma figura junina também, ele podia ser o marcador. O processo criativo foi me fazendo emergir e assim foi nascendo Rominho e Marieta”, relembra.

Desde sua estreia em 2022, Rominho e Marieta vem construindo um caminho contínuo de amadurecimento cênico, defende Aranha. O que começou com a urgência de “estrear com o que tem” se transformou em um processo vivo e aberto à reinvenção. “Esse ano, especialmente, a gente retomou esse olhar de voltar um tanto para o laboratório, para a sala de ensaio, para fazer as coisas que não deu tempo de fazer”, diz. Ao longo do tempo, o espetáculo foi ganhando novas camadas: mudanças na maquiagem, ajustes no figurino, inserção de elementos cênicos que só se tornaram possíveis com a maturidade do fazer teatral.

Em 2023, Aranha foi indicada ao Prêmio Bahia Aplaude (antigo Braskem de Teatro) na categoria Revelação, pelo seu trabalho dirigindo Rominho e Marieta e ABC da Fome. “Essa indicação é bonita, eu recebo ela com muita gratidão. É um reconhecimento da minha trajetória, de tudo que eu venho construindo no teatro há mais de 10 anos. É um reconhecimento importante para a cidade, para sua história, para o fazer teatral baiano, mas ele não é a única coisa que define se um espetáculo tem grandiosidade ou não, tem vida ou não. Eu acho que o público e o fazer dos artistas dizem muito mais do que o prêmio”, reflete.

Peça Rominho e Marieta
Peça Rominho e Marieta Crédito: Divulgação/Diney Araújo

Processo de atuação

Há três anos em cena como Rominho e Marieta, passando pelas mais diferentes audiências e locais, os atores Marina Torres e Gabriel Nafisi destacam a riqueza em se fazer um teatro de rua, que se transforma e intensifica a cada apresentação. “Você vai enchendo a sua mala de conhecimento, de improviso, porque Rominho e Marieta é um espetáculo de rua e, na rua, tudo pode acontecer”, afirma Nafisi. O ator relembra uma ocasião inusitada, quando, na cena de morte da protagonista, um cachorro que passava pelo local lambeu a cara da atriz, que seria beijada por Rominho. “Foi muito engraçado e a gente levou isso pra cena. Então os espetáculos dão essa liberdade de você interagir com o público e mudar de acordo com as coisas que acontecem, que não tem como prever”, afirma.

Conectando-se instantaneamente com o jeito arretado e corajoso de sua personagem, Marieta foi o primeiro papel profissional de Torres após ingressar na Escola de Teatro da Ufba, representando um momento ímpar na trajetória da jovem atriz. “É um divisor de águas. E começar, assim, com um espetáculo de comédia, de rua, com influências da quadrilha junina me ajudou a compreender o que eu queria dentro do teatro, que verdade eu queria passar. E eu acho que a brincadeira passou a ser meu norte desde que eu fiz Marieta pela primeira vez. Entendi que também podia ser uma atriz cômica”, garante. Dentre as viagens com o elenco, Torres destaca uma apresentação em Alagoinhas, em novembro de 2023: “Foi muito marcante porque, pela primeira vez, me apresentei na minha cidade. Minha mãe e minha avó puderam assistir. E, em 2024, eu perdi minha vó, então pra mim é muito significativo ver as fotos da apresentação e ver que ela tava lá”.

Para aproximar-se ainda mais de Rominho, Nafisi trouxe para a construção de seu personagem inspirações familiares e de amigos. “Eu conheço muitos Rominhos. Então eu peguei um pouco de cada um, o que eu tinha também de Rominho, e comecei a entender quem era esse garoto”, descreve. Em Rominho e Marieta, a construção dos personagens exigiu dos atores protagonistas uma entrega artística que atravessa teatro, música e dança. Nafisi destaca a intensidade do processo, especialmente por conta da energia da quadrilha, base do espetáculo: “É gostoso de fazer, mas muito cansativo até você pegar o ritmo”. Para ele, habitar o corpo de Rominho foi um exercício de ritmo e presença. Já Marina Torres compartilha como a peça permitiu explorar outras vertentes artísticas que aprecia desde a infância, como o canto e a dança, além de aprofundar a pesquisa vocal: “Existe a voz da personagem, existe a voz cantada... então Rominho e Marieta me colocaram um pouquinho para estudar essa colocação da voz”, pontua.