Simone celebra 50 anos de carreira na Concha Acústica

Apresentação terá participação do Ilê Ayiê

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Publicado em 4 de agosto de 2023 às 07:29

Simone começou a carreira em 1973
Simone começou a carreira em 1973 Crédito: Marina Silva/CORREIO

Aos 73 anos de idade - ela faz questão de dizer - e com 50 anos de carreira profissional, a cantora Simone diz que lida muito tranquilamente com a passagem do tempo: "Minha relação com o tempo é sempre muito cordial. Sou muito bem resolvida em relação a isso, até porque não tem outro jeito: ou envelhece e está aqui neste mundo ou não envelhece e não está mais aqui. Então, prefiro estar aqui".

E para celebrar essa passagem de cinco décadas de carreira, a cantora vai encontrar o público nesta sexta-feira (4), às 19h, na Concha Acústica, para o show Tô Voltando, que leva o nome de seus maiores sucessos, composição de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós lançada por ela em 1979, no álbum Pedaços.

No repertório, uma marca comum às canções: todas, com exceção de apenas duas, eram inéditas até Simone gravá-las. Das 25 músicas que o público vai ouvir, 23 chegaram ao público através de Simone. As exceções são apenas Divina Comédia Humana, de Belchior, e Ex-Amor, de Martinho da Vila. A segunda foi gravada por Simone junto com o compositor, mas ele já havia lançado em sua própria voz antes.

A música de Belchior havia chegado à cantora nos anos 1970, mas nem ela mesma sabe por que não a gravou na época. "Ele tinha composto para eu gravar, mas 'comi mosca'!", reconhece a intérprete. Foi Marcus Preto, diretor geral do show, que resgatou a música e até mostrou a Simone a liberação da censura da época. "A censura é de 1977 e foi um amigo de Marcus que levantou essa informação. Naquele ano, eu e Belchior estávamos participando do Projeto Pixinguinha, no Rio, e nos encontrávamos muito", lembra a cantora.

Definir o repertório, Simone reconhece, foi uma tarefa dura: "Na primeira seleção, foram 70 músicas. Aí, me perguntei: 'que caminho vamos seguir?'. Foi aí que Marcus me disse: 'a minha predileta não vai entrar'". A partir daí, a cantora definiu que o critério não podia ser apenas pessoal, porque, se fosse assim, a lista não terminaria.

Simone conheceu o diretor do show há pouco tempo, quando foi a uma apresentação de Milton Nascimento em São Paulo, já na turnê em que Bituca se despedia dos palcos. "Eu tava no camarim e Marcus veio falar comigo, foi um dia mágico. Maria Gadú estava deitada em meu colo, eu cantando Senta Aqui, de Fábio Júnior, para ela. Fiquei passando a mão naquele cabelinho ralo dela...", lembra-se.

"Saímos três horas da manhã de lá, ficamos conversando muito. Eu e Marcus não nos largamos mais. Por mim, vai ser uma relação duradoura. E por ele também, porque temos uma afinidade muito grande, conversamos por horas. Às vezes, estou no Rio e ele em São Paulo, abrimos um vinho à distância e falamos por até quatro horas", diz Simone.

Marcus tem trabalhado frequentemente com alguns dos mais importantes artistas brasileiros. Uma das experiências mais marcantes da carreira dele foi com Gal Costa, de quem foi diretor artístico. Também trabalhou com Erasmo Carlos, Nando Reis, Adriana Calcanhotto e Paulo Miklos. Simone elogia o conhecimento que Marcus tem de música e também de músicos. No show, ela estará no palco acompanhada por Frederico Heliodoro (baixo), Filipe Coimbra (guitarra e violão), Chico Lira (teclados), Ronaldo Silva (bateria) e André Siqueira (percussão). O Ilê Aiyê fará uma participação. A direção musical é de Pupillo.

Um dos compositores que vai aparecer com mais frequência no show é Chico Buarque, de quem estão incluídas três canções: Mar e Lua, O Que Será e Sob Medida. Há ainda Iolanda, composta em espanhol por Pablo Milanés e que Chico passou para o português. Simone lembra do dia em que gravou O Que Será para a trilha do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, lançado em 1976. Na ocasião, levou um pequeno puxão de orelha do compositor e ela se diverte com a lembrança.

Simone cantou a primeira versão de O Que Será (À Flor da Pele), de Chico Buarque
Simone cantou a primeira versão de O Que Será (À Flor da Pele), de Chico Buarque Crédito: Marina Silva/CORREIO

"Fui ao estúdio gravar e fui passando a voz. Tava conhecendo a música ali, na hora. Comecei a cantar e chegou o trecho 'que andam suspirando pelas alcovas'. Aí, veio uma buzina no estúdio e uma voz: 'Simone, não é 'alcóvas'. É 'alcôvas'. Prazer: Chico Buarque"

Simone
cantora

Era o compositor falando com ela. "Sei que o certo é o 'o' fechado, mas eu acho esquisito", diz, meio inconformada em abrir mão de sua baianidade.

SIMONE – TÔ VOLTANDO

Data: Sexta-feira (4)

Local: Concha Acústica (Campo Grande)

Horário: 19h

Ingressos: R$ 250 | R$ 125 (pista)

Vendas:

- Site Bilheteria Digital

- Midialouca Livraria (Rua da Fonte do Boi, 81 - Rio Vermelho)