Tela falsificada de Tarsila do Amaral expõe conflito por herança

Na última SP-Arte, uma tela falsificada da pintora Tarsila do Amaral trouxe à tona questões sobre os direitos autorais e herança da artista

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Publicado em 10 de abril de 2024 às 17:30

Na foto, obra de arte falsificada no nome de Tarsila do Amaral, vendida à 16 mil reais na feira SP-Arte
Na foto, obra de arte falsificada no nome de Tarsila do Amaral, vendida à 16 mil reais na feira SP-Arte Crédito: Divulgação / Filipe Berndt

Na última semana, durante a feira SP-Arte, uma suposta obra de Tarsila do Amaral, apontada como falsa por especialistas, foi posta à venda por R$ 16 milhões.

A venda da obra falsificada trouxe à superfície uma antiga briga familiar, entre os quase 60 herdeiros de Tarsila, pelos direitos autorais da obra da artista.

Os depoimentos, que explicitam a disputa familiar pela monetização das obras da pintora mais cara do país, foram publicados nesta terça-feira, 9, pela Folha de São Paulo.

O episódio em questão reforça a importância de existir uma certificação acerca das obras de arte, além disso, expõe a complexidade do papel dos herdeiros na determinação da autenticidade das obras de Tarsila do Amaral.

Obra falsificada é vendida em São Paulo

Durante a 20ª edição da SP–Arte, a maior feira artística do País, que aconteceu entre os dias 3 e 7 deste mês em São Paulo, uma obra falsificada de Tarsila do Amaral foi posta à venda no valor de R$ 16 milhões.

O ocorrido reviveu um conflito antigo entre os herdeiros da pintora, que brigam pela divisão monetária dos direitos autorais da obra de Tarsila.

Quando faleceu, em 73, Tarsila não deixou filhos nem cônjuge. Seu espólio, em 2005, passou a ser administrado pelos seus sobrinhos-netos: Tarsila do Amaral (conhecida como Tarsilinha), Paulo do Amaral Montenegro, Luís Paulo do Amaral e Heitor do Amaral.

Os quatro, juntos, criaram uma empresa para licenciar produtos e exposições sobre a artista e dividir os lucros entre os 57 herdeiros da pintora.

Obra
Obra "A Lua", de Tarsila do Amaral, adquirida pelo MoMA Crédito: Divulgação

Discordância familiar põe em risco legado de Tarsila do Amaral

Até 2020, Tarsilinha negociava as exposições e parcerias comerciais, com o aval dos outros três sócios. Entretanto, discordâncias na administração dos bens da pintora surgiram, com acusações de negligência na gestão financeira e concorrência desleal, principalmente após a venda das telas “A Lua”, por R$ 74 milhões, e “A Capirinha”, por R$ 57,5 milhões.

Hoje em dia, as negociações da família Amaral em torno da obra de Tarsila são feitas por Paola Montenegro, filha de Paulo e sobrinha-bisneta de Tarsila.

Apesar das divergências familiares em torno da herança da artista, os herdeiros concordam na importância de preservar o legado de Tarsila do Amaral como uma das grandes pintoras brasileiras.