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Walter Firmo conta história que não está nos livros

Exposição com 200 imagens no MAM-BA revê trajetória de mais de 60 anos do artista carioca

  • L
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 06:00

Pixinguinha, em 1967, no Rio
Pixinguinha, em 1967, no Rio Crédito: Walter Firmo/IMS

Walter Firmo vê a fotografia como um recurso expressivo que conta verdades, sentimentos e afeto sem palavras. Ou como escreveu: “no verbo do silêncio a síntese do grito”. Essa passagem nomeia a retrospectiva em 200 imagens que tem como objetivo celebrar mais de 60 anos de carreira do artista, explorando sua contribuição enquanto fotógrafo negro que imprimiu o povo e a cultura preta na história brasileira.

A exposição Walter Firmo: No Verbo do Silêncio a Síntese do Grito chega a Salvador amanhã (5), com abertura às 17h, no Museu de Arte Moderna (MAM-BA). A programação conta com uma mesa de conversa com o fotógrafo e os curadores Janaína Damaceno e Sergio Burgi, às 18h30, e na sequência uma visita do artista à exposição.

Janaína Damasceno explica que a retrospectiva foi dividida em seis núcleos que passeiam pelos campos temáticos e a trajetória pessoal de Firmo, exaltando seu papel como fonte de fotografias que estão fortemente presentes na cultura brasileira.

Arthur Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira, no Rio, em  1985
Arthur Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira, no Rio, em 1985 Crédito: Walter Firmo/IMS

Com 86 anos, dezenas de exposições/livros e ganhador de prêmios como Esso de Reportagem, Concurso Internacional de Fotografia da Nikon, Golfinho de Ouro e a Ordem do Mérito Cultural, muitas obras de Walter, pioneiras ao defender o direito de existência do negro nas fotografias no Brasil, ainda têm dificuldade de serem reconhecidas.

“Por exemplo, quando eu penso no Pixinguinha possivelmente é uma foto do Walter que vem na minha cabeça, quando eu penso no Cartola, na Clementina de Jesus em Madame Satã, no Bob Marley jogando bola no Brasil com Caetano e com o Chico Buarque são fotos do Walter que vem à nossa cabeça. São fotos que constituem o nosso imaginário e o nosso afeto sobre uma história do Brasil que não está nos livros, que é a história negra” afirma a curadora.

Mãe Filhinha  em Cachoeira, Bahia, em 1998
Mãe Filhinha em Cachoeira, Bahia, em 1998 Crédito: Walter Firmo/IMS

Um dos elementos destacados na exposição é a divisão entre um núcleo de imagens em preto e branco e as fotos coloridas. Conhecido como o mestre da cor, utilizando tons e luz tropical como um elemento cênico na sua fotografia, muitas pessoas se surpreendem com um grande número de imagens em preto e branco produzidas pelo artista.

“A gente queria revelar também essa parte do Walter que pouca gente conhece, que é o fotógrafo em preto e branco. Dentre essas fotografias temos algumas da Bahia, sobretudo da Alaíde do Feijão, de Mãe Olga do Alaketu, da Praia de Piatã, que são em preto e branco e são maravilhosas”, diz a curadora.

Nascido no Rio de Janeiro, Walter Firmo é apaixonado pela Bahia. Já veio mais de 30 vezes para o estado e possui uma relação especial com um lugar de Salvador: a Praia de Piatã. Desde os anos 70, fotografa o local em diferentes época, retratando a vida cotidiana em imagens que ilustram o trabalho, as famílias e as relações afetivas. A Bahia, para ele, serviu como um ponto de partida para um ativismo visual em prol da comunidade negra.

Noiva  no bairro de Alagados, em Salvador, em 2002
Noiva no bairro de Alagados, em Salvador, em 2002 Crédito: Walter Firmo/IMS

Até agora, mais de 90 mil pessoas já viram a exposição, que é pequena diante de um acervo de mais de 100 mil fotos que estão sob guarda do Instituto Moreira Salles. Janaína comemora o fato dessa homenagem ser feita na presença do fotógrafo: “Essa é a maior retrospectiva que ele recebeu e é muito emocionante que ela seja em vida. Que ele consiga receber esse carinho e ver que tudo aquilo que ele produz fica como um legado de extrema importância para nós.”

Serviço - Exposição Walter Firmo: No Verbo do Silêncio a Síntese do Grito | a partir das 17h de 5/12, no MAM-BA, com visitação gratuita de terça-feira a domingo, das 10h às 18h