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Carol Neves
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 12:27
O volante João Gomes, destaque do Wolverhampton na Premier League, decidiu transformar sua trajetória pessoal em um projeto social. Gago desde a infância e por muitos anos marcado pela insegurança em se comunicar, o jogador está em processo de criação de um instituto voltado ao apoio de pessoas com dificuldades de comunicação. O espaço será inaugurado em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, bairro onde nasceu. >
“Eu quis falar mais sobre isso não somente por mim, mas por outras pessoas que têm essa mesma dificuldade e não têm toda essa exposição. Hoje, graças a Deus, eu sou grande jogador de futebol e tenho mais visibilidade. Acho que é muito importante darmos ênfase a todas as dificuldades de comunicação, não só a minha, como a de outros”, afirmou o atleta, em entrevista ao GE.>
O projeto deve ser lançado dentro de um ou dois meses e terá como prioridade oferecer ferramentas para que pessoas tímidas, gagas ou com qualquer limitação de fala possam superar barreiras sociais. “Eles vão ter todas as ferramentas para que possam passar por isso sem precisar se esconder. Eu fiz isso durante muitos anos. (…) O instituto é meio que para dar ênfase a todas essas pessoas com dificuldades, para que elas possam superar. Isso mais do que tudo é uma realização pessoal. Estou muito feliz”, completou João Gomes.>
A superação do brasileiro ganhou reconhecimento na Inglaterra. A Premier League já o convidou para palestras sobre diversidade, e o Wolverhampton lançou o documentário “O Pitbull”, destacando sua história. Hoje, o jogador encara os microfones com a mesma determinação que exibe em campo, e quer que sua experiência sirva de incentivo.>
Para ele, a leitura tem sido uma ferramenta central nessa transformação: “A partir do momento que você tem mais conhecimento, parece que abre mais a sua cabeça. (…) Você passa a querer ver uma sociedade mais evoluída, com mais respeito, com mais oportunidades e, principalmente, com mais empatia.”>
João Gomes segue acompanhado por uma fonoaudióloga. Ele admite que ainda enfrenta desafios, mas destaca o progresso obtido. “Com os anos aqui na Inglaterra, tive essa bagagem para me sentir bem e me deu confiança para eu ser quem eu sou. Com isso, eu vou cada dia mais ficando mais fluente.”>