Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Iniciativa de torcedores e contato com árabes: saiba o que defende o Movimento Vitória SAF

CORREIO entrevistou Daniel Barbosa, um dos fundadores do grupo, antes do 2º workshop sobre a SAF do Vitória

  • Foto do(a) author(a) Alan Pinheiro
  • Alan Pinheiro

Publicado em 6 de junho de 2025 às 14:58

O Barradão será palco de Vitória x Palmeiras na estreia do Brasileirão 2024
Barradão Crédito: Victor Ferreira/EC Vitória

O Vitória, como muitos clubes brasileiros, já está se movimentando para se transformar em SAF. Na noite desta quinta-feira (5), o clube promoveu o segundo workshop sobre a transformação do clube no novo modelo de gestão. No entanto, antes do Rubro-negro e do escritório responsável pela estruturação jurídica terem apresentado as sugestões para o Leão, o CORREIO conversou com Daniel Barbosa, um dos fundadores do Movimento Vitória SAF. Temas como aproximação com potenciais investidores, pretensões do grupo e mercado nacional foram citados. Confira abaixo: 

Quem é Daniel Barbosa e como surgiu o movimento Vitória SAF?

R: Eu sou de Salvador, me formei em direito e fui advogado lá, mas moro em Brasília há 10 anos. Posteriormente fui para o serviço público e hoje sou servidor público e professor de direito em cursos preparatórios. Sou torcedor do Vitória e o movimento começou a partir de um grupo de WhatsApp. Eu tive diversas discussões falando que o Vitória deveria ter mais velocidade no processo de SAF e, em uma viagem para assistir ao jogo Vitória e Vasco, resolvi criar o grupo. Chamei dois amigos para fazermos faixas e levar. Um amigo chamou outro e no primeiro dia o grupo já tinha 30 pessoas. No segundo tinha 100 e no terceiro 200. Eu dei algumas entrevistas porque conheço a lei 14.193, que é a lei da SAF, as entrevistas viralizaram e o movimento cresceu.

Existem pessoas dentro do grupo que possuem envolvimento com mercado ou outras áreas para ajudar diretamente o Vitória com prospecção de investidores?

R: É um grupo de torcedores, mas com o tempo começamos a ter contato com diversos players do mercado. Conversamos com diversas empresas de fusões e aquisições, com gente da XP Investimentos e outras. Estamos muito atentos ao mercado por conta desses contatos. Claro que não temos um mandato oficial do Vitória para negociar o clube, mas temos alguns contatos importantes para tentar viabilizar que o clube consiga uma negociação futura.

O Movimento Vitória SAF já teve algum contato com André Sica e o escritório CSMV?

R: O escritório de André Sica é um escritório de estruturação jurídica da SAF e também tem um mandato para prospectar investidores. A gente ainda não teve contato direto, apesar dele conhecer o movimento e ter feito um elogio público durante uma live que participou. Ele sabe do movimento, apoia e acha que é importante no processo.

Qual o modelo ideal de SAF defendido pelo grupo?

R: Entendemos que o modelo ideal é que o Vitória tenha um sócio majoritário, mesmo modelo do Bahia, Cruzeiro e Botafogo. Nos moldes de associação majoritária e investimento minoritário, o Cruzeiro tentou e não conseguiu prospectar investidores. O Fortaleza tenta já há alguns meses também e não consegue. A gente defende que o Vitória tenha um parceiro com capital suficiente para mudar o clube de patamar. A preferência é que seja um grupo MCO, que são grupos multi clubes. Ou seja, são fundos e/ou empresas que detêm clubes em diversos lugares do mundo. A ideia é que o Vitória faça parte de um grupo desse pela experiência na atividade.

O que o grupo pensa das ações do Vitória no processo?

R: Houve uma reunião com o Fábio Mota e entregamos um documento que a gente sugere que o clube crie um time SAF, com escritório de estruturação jurídica, uma assessoria especializada em prospecção de investidores, um executivo do clube também especializado em SAF e um comitê estratégico para discutir e fazer o plano de trabalho junto com esses outros atores.

Existiu contato real com algum investidor?

R: Com relação aos MCOs, temos conversado com Marcone Amaral, ex-atleta do Vitória e deputado estadual, que é cidadão catari e jogou na seleção do Catar. E existe a possibilidade que ele abra um diálogo no final do ano no Catar com o QSI, que é o grupo do PSG. Essa é a ligação mais próxima que a gente tem. Não tem negociação em andamento, nada disso, mas Marcone estará em dezembro no Catar e a gente entende que há uma possibilidade do Vitória se apresentar ao mercado e, nesse caso específico, ao QSI.

Desde que tiveram essa conversa, houve alguma atualização?

R: Sim, a viagem já está agendada. Ele já fez o booking, comprou passagem e já tem reuniões agendadas. Vai falar sobre o mercado do futebol, negócios pessoais e um dos assuntos que ele quer levar é a questão do Vitória.

O Movimento Vitória SAF teve uma reunião no Barradão com o Vitória. Quais foram os pontos de divergência com a gestão do clube?

R: Naquele dia, o Vitória vinha de derrotas e Fábio estava um pouco tenso por conta dos resultados em campo. No início, houve um pouco de tensão, mas no final transcorreu bem. A nossa divergência era no sentido do modelo de SAF, porque Fábio Mota a princípio defendia um modelo com associação majoritária, que é um modelo que a gente chama de 51/49. Mas parece que ele tem mudado de opinião e, se aparecer um investidor majoritário de grande porte e com capacidade de fazer essa transformação real no Vitória, ele não se colocaria em oposição.

Por que defender a transformação do Vitória em SAF e não prezar pela manutenção de modelo associativo, mas com uma gestão profissional?

R: Defendemos a profissionalização. No entanto, ainda que você consiga profissionalizar no modelo associativo, ter uma injeção de capital é muito difícil. Ter um time competitivo a nível de primeira prateleira do futebol brasileiro também. E aí me refiro a ficar, por exemplo, entre os 10 do Campeonato Brasileiro. O modelo associativo pode ter uma profissionalização, uma gestão boa, melhorar os processos, ter transparência, mas sem o aporte de capital, ser competitivo é muito difícil.

Após o “boom” das SAFs, o mercado da gestão no Brasil parece ter perdido fôlego. O grupo tem alguma análise sobre o momento do mercado?

R: Temos conversado com pessoas no mercado e, de fato, deu uma arrefecida nesse momento. Questões externas e internas influenciam o mundo dos negócios, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a guerra europeia entre Rússia e União Europeia etc. Tem a questão da taxa de juros americana, que também influencia nesse processo, porque tem muitos investidores americanos que já sondaram clubes brasileiros. Sobre questões internas, é a profissionalização da própria liga, em formação ainda, mas que vai ser um produto mais palatável para exportar e, consequentemente, gerar receita. As externas são incontroláveis, o mundo do futebol não controla, mas as internas, como profissionalização da arbitragem, estão pesando nesse momento. O Vasco com a 777 também influencia, porque envolve segurança jurídica. Os investidores ainda estão pouco ressabiados com o mercado brasileiro por conta dessas questões internas, mas o que todo mundo do mercado diz é que vai vir uma nova onda de MCOs para o Brasil e de fundos de investimento e a gente entende que o Vitória tem que estar pronto para surfar nessa onda.

A presença do Grupo City no Bahia é mais benéfico ou negativo para o Vitória?

R: Tenho conversado com muita gente sobre isso e me falam que a presença do grupo City no Bahia é um fator geopolítico positivo para o Vitória, pelo capital investidor árabe, porque os países árabes Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes, disputam espaço em todos os setores comerciais e econômicos. Não é uma guerra bélica, mas são disputas por espaço. Hoje tem o grupo City que é comandado pelo fundo Mubadala. A presença desse fundo pode ser um fator positivo para que Vitória consiga acessar o dinheiro árabe. Para o investidor americano, a questão geopolítica pouco importa, ele vai sentar na mesa e vai ver. Se der lucro, ele entra. Para o investidor árabe, a gente considera que é um fator positivo e o próprio mercado tem dito isso.

Você ou o grupo tem interesse em formar uma chapa no final do ano para concorrer à presidência?

R: Não, isso a gente já descartou, porque nascemos como um movimento propositivo e a gente tem a credibilidade da torcida justamente por isso. Não vamos concorrer à presidência. Eu sequer posso ser candidato, porque tive uma interrupção no pagamento, isso foi até bom, porque as pessoas iam ficar sondando até dezembro. O que estamos pensando é colocar algumas pessoas para disputarem cadeiras no Conselho Deliberativo, que são cargos não remunerados, mas que a gente teria a possibilidade de discutir internamente o processo de SAF do clube. Vamos sempre propor a quem estiver lá. Se amanhã o presidente for outro, a gente vai continuar sendo propositivo e não como movimento de oposição e nem de coligação. A ideia foi sempre essa.

*A entrevista com Daniel Barbosa foi realizada na última quarta-feira (4)