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Jairo Costa Jr.
Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 05:00
Aos 54 anos, Fábio Mota traduz na saga vivida por ele à frente do Vitória a célebre expressão criada por Euclides da Cunha em Os Sertões para definir o habitante das zonas secas do Nordeste brasileiro: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Nascido na árida cidade baiana de Valente, o historiador por paixão intelectual, advogado por necessidade profissional e gestor público por vocação assumiu o comando do clube centenário no momento mais conturbado da sua trajetória recente. Encontrou o Leão com a autoestima abalada, em franco processo de decadência, abatido por uma grave crise financeira que ainda persiste e desacreditado pela torcida. Em pouco mais de dois anos, levou o rubro-negro da Série C para a B, garantiu o retorno à elite do futebol e conquistou o inédito título nacional, triunfo que nenhum dos antecessores havia conseguido. >
Depois dos fiascos do início de temporada, foi tachado de louco por ter garantido publicamente a volta do time para a Série A e, de quebra, o troféu da Segunda Divisão. Menos por quem conhece de perto a tenacidade e a força de vontade do sertanejo de Valente para entregar o que promete. Antes, porém, encarou pressões dos aristocratas rubro-negros, ameaças, dificuldades para manter o Leão de pé, perdas e dramas na vida pessoal. Em entrevista concedida ao CORREIO na sala da presidência do clube, instalada dentro do complexo do Barradão, Mota contou como fez uso das modernas ferramentas de inteligência esportiva para driblar a escassez de recursos e a odisseia enfrentada por ele para que o Vitória deixasse de respirar sem aparelhos, em uma jornada que lhe permite agora berrar aos quatro ventos: “Eu sou um nome na história, eu sou vitória com emoção”.>
No começo da temporada da Série B, você foi chamado de louco entre setores da imprensa esportiva por ter afirmado antecipadamente que o Vitória, além de retornar à elite do Brasileirão, seria campeão. Como vê tais críticas, até certo ponto ofensivas?>
Pois é. As pessoas não acreditam no planejamento e no trabalho. Acham que tudo é fruto da sorte, que as coisas caem do céu. Lá atrás, quando disse que o Vitória seria campeão da Série B, até porque era a única forma que a gente tinha de voltar à Copa do Brasil, o planejamento estava pronto. Nós tínhamos feito um primeiro trimestre muito ruim e nos sentamos para diagnosticar o que tinha acontecido. >
Qual foi a conclusão?>
Ficou evidente que o time não era ruim. Tínhamos problemas na preparação física e em procedimentos internos do próprio departamento de futebol. Trocamos o diretor de futebol e mudamos os procedimentos. A começar pela contratação de um novo preparador físico, com novos métodos. Mudanças que atingiram também a fisiologia e a fisioterapia. Compramos equipamentos de ponta para recuperar os lesionados de forma mais rápida. Tínhamos jogadores com faixa etária mais alta que precisavam de tratamento diferente. Adquirimos um aparelho para o vestiário que fazia resfriamentos e o Kneo, equipamento italiano usado na Seleção Brasileira e que custou mais de R$ 1 milhão. Como temos fisioterapeuta e fisiologista que são da Seleção, ficou mais fácil, porque eles nos deram as dicas. Compramos ainda três equipamentos a laser para cuidar de lesões. A partir daí, começamos a montar nossa programação para a Série B diferente de tudo que já tinha sido feito. Passamos a pagar salário adiantado para a equipe, e foi assim o campeonato inteiro. Era uma forma de motivar os atletas e de restaurar o respeito ao clube, que quando assumi devia a duas pessoas: Deus e o mundo.>
O que mais mudou em relação à parte física?>
A fisiologia dizia que uma ou duas diárias que a CBF pagava por viagem eram muito pouco. Os jogadores não se recuperavam direito. A CBF custeava no máximo 32 passagens, mas passamos a viajar com até 40 pessoas. Decidimos pagar do próprio bolso mais uma ou duas diárias, a depender da viagem. O que custou aos cofres do Vitória em torno de R$ 80 mil por cada jogo realizado fora, com diárias e passagens extras, permitindo que a gente pudesse levar fisiologista, nutricionista, fisioterapeuta e médico para acompanhar o staff. Os jogadores puderam descansar mais após as partidas. >
E para a equipe, qual foi a principal estratégia?>
Fizemos algo que foi muito criticado e, no fim, provamos que estávamos certos: montamos um dos maiores elencos da Série B. Como é uma competição longa, com muitos cartões amarelos e lesões, era fundamental um elenco grande. Tivemos 37 jogadores. Vou dar dois exemplos da importância dessa medida. Contra o Avaí, jogamos sem nove atletas e conseguimos empatar. Contra o Botafogo de Ribeirão Preto, estávamos sem oito, e ganhamos. Se não tivéssemos essa quantidade de jogadores, certamente não chegaríamos aonde chegamos.>
Voltando aos três primeiros meses de 2023, o Vitória tinha um time desacreditado. Vinha de um Baiano ruim, de frustração na Copa do Nordeste. Qual a diferença entre o clube que começou o ano e o que terminou?>
Tudo que acabei de falar aconteceu depois do primeiro trimestre. Chegamos ao seguinte diagnóstico antes de começar o Brasileiro: em 70% dos jogos que perdemos, sofremos o gol ou a virada depois dos 25 minutos do segundo tempo. Com essa conclusão, sentamos e encontramos o que faltava. Para ficar claro, o time que foi campeão era formado com 70% dos jogadores que atuaram no primeiro trimestre. Então, o problema não eram eles. O procedimento é que estava errado. Corrigimos o procedimento, reforçamos o elenco com mais cinco ou seis jogadores e ganhamos o campeonato.>
Ao longo dessa jornada, você foi muito criticado internamente?>
Demais. Mas não foi só isso. Encarei ameaças de morte contra minha família. Quando a gente perdeu para o Nova Iguaçu e fomos eliminados da Copa do Brasil, recebi foto de minha filha andando no shopping, de meu filho saindo da escola, mensagens exigindo que eu fosse embora, largasse o clube. Na imprensa, dois jornalistas transformaram as críticas em algo pessoal. Todos os dias batiam em mim na rádio e na TV. Sabemos que por trás disso tem outras coisas que não são relacionadas ao futebol. Há a questão política e partidária e uma série de interesses. Mas hora nenhuma me abati. Sempre acreditei que estávamos no caminho certo. Montamos um projeto transparente, profissional e aberto, trouxemos a torcida para dentro do clube.>
Qual o reflexo desse trabalho na torcida?>
Basta dizer que tínhamos quatro mil sócios, hoje são 33 mil. Nossa média de público era de 3,8 mil. Acabamos a temporada deste ano com média de 22,8 mil. A torcida entendeu, abraçou o projeto e veio junto. Sem o torcedor, nada disso tinha dado certo.>
Mas havia uma grave crise financeira no caminho. Como o Vitória conseguiu seguir em frente?>
Liguei para pessoas, fiz muita campanha. Na Série C, a gente não tinha condições de sobreviver sem ajuda externa além dos patrocínios. Arranjei 23 patrocinadores e consegui colocar R$ 12 milhões para regularizar a folha de pagamentos. Quando assumi, encontrei o Vitória com seis meses de salários atrasados de jogadores e funcionários. Nem campo para treinar tinha. Usei meu networking construído em uma vida inteira como gestor público, de relações e amizades que fiz. Procurei a sociedade civil, os poderes federal, estadual e municipal, tudo que eu podia fazer para tentar resgatar o clube. Muita gente ajudou. Na verdade, eu não sou o salvador da pátria, nem o herói do Vitória. Contei também com uma equipe competente ao meu lado.>
Em sua origem, o Vitória é um clube aristocrático. Como você conseguiu remar contra a maré dessa aristocracia, que ainda é muito presente no comando do clube?>
Essa é uma questão interessante. O clube nasceu no Corredor da Vitória, o metro quadrado mais caro de Salvador. Eu vim do interior, de Valente, lá no sertão da Bahia, para estudar. Cheguei aqui com 14 anos. Nunca tive ninguém influente dentro do Vitória, pai ou parente conselheiro. Quebrei um paradigma. Os presidentes do Vitória eram indicados pelas famílias tradicionais. Só sou presidente do clube porque foi implantada a eleição direta. Jamais seria indicado, porque não tinha relação com a aristocracia que fundou o Vitória. Eu me candidatei a presidente do Conselho Deliberativo e fui eleito pelo sócio-torcedor com 68% dos votos, na mesma chapa que o ex-presidente foi eleito. Ele foi afastado por uma série de razões, e eu assumi interinamente. Foi quando estávamos na Série C. Depois de um ano, anteciparam as eleições, porque a ideia era me derrotar, já que ainda não tínhamos subido para a Série B. Tive 70% dos votos.>
Sua eleição alterou a disputa interna de poder?>
A vida política dentro do Vitória é muito complicada. Nesse momento, o Conselho Deliberativo é uma confusão. Existem três correntes. Quando se juntam duas, formam maioria. Tudo fica difícil. Minha chegada à presidência, sem sombra de dúvidas, foi a primeira vez que a arquibancada, que era de onde eu vinha, e quem me conhece sabe que era dali que eu assistia os jogos, assumiu o comando do clube. Por isso, sempre brinco: eu sou torcedor do Vitória, e por acaso virei presidente. Mas na hora certa, quando decisões precisam ser tomadas, assumo o papel que me cabe.>
Alguma decisão específica pode ilustrar a diferença entre o Fábio Mota torcedor e o presidente?>
A manutenção de Leo Condé. Se eu ouvisse o que dizia grande parte da torcida, teria trocado de técnico. Mas sabia que ele estava no rumo que havíamos definido para este ano. >
Teve muita pressão pela demissão de Condé?>
Bastante. Sobretudo, quando ficávamos uma sequência de jogos sem vencer. Mas quando traçamos nossa meta, a escolha do técnico foi baseada em um perfil, e ele tinha esse perfil. Por isso, o contratamos. A mesma coisa em relação aos jogadores. Montamos o time de acordo com o perfil necessário para a Série B, que é diferente da Série A.>
Qual foi a base usada para traçar perfis e identificar profissionais que atendiam a tais critérios?>
Existe hoje um setor de inteligência, que eu implantei. Antes, tínhamos apenas dois analistas de desempenho. Ambos analisavam o Vitória e o adversário. Mas o trabalho era feito de forma muito ruim. Não havia uma plataforma. Comprei drone e câmeras para filmar os treinos. Adquiri as melhores plataformas do mundo para monitoramento. De dois, passamos para seis profissionais. Ao mesmo tempo, fundei o setor de mercado, que não existia aqui. >
Facilite o entendimento de quem não é da área...>
Para que as pessoas compreendam melhor o que estou falando. O que a gente quer para a Série A? Um time que tenha força, espírito de competitividade e seja rápido. Hoje monitoramos todas as divisões do futebol brasileiro e todas as competições sul-americanas através dessa equipe de inteligência, a mesma que foi buscar Dudu no Volta Redonda, que estava na Série C e virou titular, Matheusinho, que estava no Ypiranga de Erechim e virou titular, Edson Lucas que estava na Série D e virou titular, mas acabou se machucando, e o próprio Raylan. Esse setor é responsável por buscar o perfil de jogador que nós definimos. Na Série C e na Série B, o Vitória vendia o almoço e a janta para comprar uma refeição só. Não tínhamos dinheiro. Então, precisávamos usar a inteligência para montar um time razoavelmente barato e eficiente. O clube subiu com a oitava folha da Série B e atletas de baixo custo, mas ajustados à nossa necessidade. Na Série A, não vai dar para competir no mercado com Flamengo, Palmeiras e Corinthians, por exemplo, que possuem orçamento astronômico. Enquanto eu tive R$ 65 milhões este ano, o Ceará teve R$ 200 milhões, e não subiu.>
Qual reflexão surgiu dessa análise?>
Que o futebol não é feito só de dinheiro. Primeiro, vem o ambiente. E para que ele fique legal as condições de trabalho devem ser as melhores possíveis e os salários precisam estar em dia, tanto dos jogadores quanto dos funcionários.>
O que passa pelo aumento da receita. Inclusive, com patrocínio polêmico, caso da Fatal Models.>
Quando trouxemos a Fatal Models, uns três ou quatro me ligaram, quase me bateram. Dei uma resposta muito clara: estamos na UTI, no balão de oxigênio. Mas não tem problema. Você me dá x, que é quanto ela está colocando no clube, e tiro o nome da Fatal Models para pôr o seu amanhã. Todos sumiram. Nenhum deles veio aqui para dar dinheiro, para ajudar.>
Acha que reação contra o patrocínio de uma agência de garotas de programa tem doses de provincianismo?>
Mais do que isso. Existe um quê de preconceito mesmo. A verdade é essa. Estamos em outra era, em um mundo globalizado. Aqui não temos restrições por preconceito. Não se tratava de patrocínio ilegal. Tanto que, depois do Vitória, há dez clubes no país com a marca da Fatal Models na camisa. Ela está presente em grandes competições nacionais e internacionais. Fomos protagonistas dessa história, e podemos ter outros capítulos mais à frente.>
Jornalistas que conhecem os bastidores do futebol baiano relatam, em conversas com colegas da imprensa, que membros do Conselho e até ex-presidentes do clube dormiam e acordavam desejando que você fracassasse. Acredita nisso?>
Totalmente. Tem gente aqui que, quando assumi o clube, me pressionou, marcou reunião e trouxe fundo para que eu vendesse o Vitória na Série C por R$ 200 milhões. Disse que ouviria as propostas, mas não venderia. Que arrumassem outro presidente. Olha como as coisas mudam! Estou falando de outubro de 2021. Estamos em novembro de 2023. Dois anos e um mês depois, saímos da C para A. Lá atrás eu já dizia que não venderia o clube por R$ 200 milhões, porque subiríamos para a primeira divisão e o Vitória estaria valendo de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões. Só ganharia quem fez o investimento, e o clube ficaria nas mãos de outras pessoas.>
É uma crítica ao formato de SAF adotado no Brasil ou estou enganado?>
Não acredito de jeito nenhum no tipo de SAF que foi feito no país. Não era isso que eu queria para o Vitória.>
Por quê?>
Deixa eu concluir. Não vendi o clube, provei que estava certo e chegamos à Série A sem precisar entregar a alma. Mas vou explicar por que não concordo: o modelo de SAF que se implantou no Brasil não tem objetivos esportivos. Todos que fizeram SAF no país foi por questão de sobrevivência. Se formos olhar o nível de endividamento da turma do bilhão, você vai ver lá: Cruzeiro, Vasco, Botafogo. Todos fizeram SAF. Do ponto de vista do investidor, e eu não tenho nada contra, ele está certo em pensar no retorno do investimento, no lucro. Mas fará aquilo que o Vitória vem fazendo. Ou seja, análise de mercado. Identificar jogadores baratos e desconhecidos, colocar nos grandes clubes, revelar esses atletas para o mundo, vender depois e retirar o lucro daí. Tá certíssimo, mas para mim esse não é o projeto do Vitória. Todo valor-eixo da SAF no Brasil, e que queriam aplicar no Vitória, leva em consideração o estádio, a quantidade de metros quadrados que o clube tem, a sede náutica. O número frio do negócio. Cabe a quem está do outro lado aceitar ou não.>
E o que deveria ser também considerado?>
A base, por exemplo. O Vitória é um clube formador, que se notabilizou por formar grandes craques. Todos que venderam seus clubes entregaram a base por preço zero, sem mensurar quanto valia. Temos hoje mais de 500 meninos com ficha e mais de 2 mil vinculados, do sub-9 ao sub-20. Basta revelar um ou dois desses, como revelamos David Luiz e Hulk, que pago a dívida do Vitória. Veja a classificação da Série A. Das oito equipes com pior colocação, seis fizeram SAF. O modelo ideal é o da Alemanha e de grande parte da Inglaterra, onde a associação mantém o controle do clube e a posse de pelo menos 51% dele. O investidor entra como sócio, vira parceiro. Para isso eu estou aberto.>
E como vê a SAF do Bahia?>
Não vou tocar nesse assunto. A única coisa que tenho a dizer é que não faria o negócio.>
Em algum momento você colocou esse tema na pauta de discussões internas?>
O debate ainda não foi aberto, porque desde que assumi a presidência nunca tive tempo para discutir o assunto. Minha preocupação era arranjar dinheiro para comprar o café da manhã do dia para os meninos da base. A gente não tinha nem campo para treinar. Tive que fazer uma campanha desesperada entre amigos e quem mais eu pudesse recorrer para reconstruir o clube. Concentrei esforços na construção do miniestádio para abrigar as competições das categorias de base, porque todos os jogos eram realizados no Barradão, que já não aguentava mais essa carga. Devíamos R$ 180 mil à empresa de grama, que há muito tempo tinha abandonado o gramado do estádio. Parcelamos a dívida para que ela voltasse a prestar serviços. A base estava uma bagunça, sem pagar a bolsa-auxílio dos atletas há quatro, cinco, seis meses. Precisava regularizar. Os alojamentos estavam em péssimas condições, mas reformamos todos. Na concentração, até a TV por assinatura foi cortada.>
O retrato que você pintou é de um time em decadência. O que lhe fez assumi-lo?>
Sou apaixonado pelo Vitória. Larguei uma vida confortável como secretário de Cultura e Turismo de Salvador, deixei de lado família, as fazendas que foram de meu bisavô, depois do meu avô, do meu pai e que recebi de herança. Mas pesou mesmo o drama de consciência que tinha. Virei presidente do Conselho na chapa do cidadão que ganhou a eleição para presidência do clube, e foi um desastre. Acabei me sentindo culpado por ter afiançado a candidatura de alguém que fez tanto mal ao Vitória na sua última passagem (Mota se refere a Paulo Carneiro). Acho que não iria morrer em paz sem tomar para mim a missão de salvar o clube. Fiz mais do que isso: retornamos à Série A e com o inédito título do Campeonato Brasileiro.>
Qual o custo pessoal para reparar a parte que lhe cabia no mal causado ao Vitória?>
Muitas coisas aconteceram. Uma delas, a que mais senti, foi a separação da minha esposa, além das ameaças a meus filhos, da ausência de casa e da vida em família. Nesse meio tempo, tive também um problema de saúde na pele. Passei por cirurgia e tratamento.>
Foi câncer de pele?>
Sim, um melanoma. Graças a Deus, estou completamente curado. Estou arrependido? Não. Faria tudo de novo. A partir de agora é um novo projeto, incluindo resolver a questão financeira do clube. A situação fiscal já está equacionada. Espero chegar em dezembro com todas as certidões negativas, para que entre dinheiro novo.>
Como está a situação financeira do clube hoje?>
Complicadíssima. Ainda estamos pagando dívidas de gestões anteriores. Preciso de R$ 11 milhões até o fim do ano para fechar as contas. Isso inclui salário de dezembro dos funcionários, o dos jogadores já está pago, e o 13º de todos. Há a parcela do transfer ban de 200 mil dólares de Jordy Caicedo, o pior negócio da história do Vitória. Deu mais de R$ 20 milhões de prejuízo. Mas daqui para frente é outra história. Pretendemos disputar a Série A com orçamento de R$ 220 milhões.>
Você já mostrou o que um louco com planejamento é capaz de fazer. Qual será a loucura planejada para 2024?>
De jeito nenhum vamos entrar na Série A com a expectativa de não cair. Esse é um pensamento muito pequeno. O projeto é nos classificar para a Copa Sul-Americana. Vamos brigar pelo título, mas o importante é elevar o orçamento e sanear as finanças. Isso só pode acontecer arranjando dinheiro novo. Uma das formas é participar de grandes competições, e a Sul-Americana é uma das mais rentáveis.>
Apesar das suas ligações políticas com o grupo contrário ao PT e do respaldo com o prefeito Bruno Reis (União Brasil), você tem recebido apoio do governador Jerônimo Rodrigues.>
Quem assume a presidência do Vitória tem que esquecer política. A instituição deve estar acima de tudo. Hoje tenho uma relação com Jerônimo que não existia antes. Para isso, foi fundamental deixar a política de lado e pensar apenas no clube.>
Tanto o prefeito quanto o governador são torcedores do Leão. Devem estar muito satisfeitos com seu trabalho.>
Sem dúvida nenhuma estão bem felizes. >