Primeiro ano do City no Bahia é marcado por alto investimento e frustração no futebol

Tricolor só se salvou do rebaixamento na última rodada do Brasileirão

  • Foto do(a) author(a) Giuliana Mancini
  • Giuliana Mancini

Publicado em 8 de dezembro de 2023 às 14:02

Chávez foi a contratação mais cara da história do Bahia, mas não se firmou
Chávez foi a contratação mais cara da história do Bahia, mas não se firmou Crédito: Felipe Oliveira/EC Bahia

A temporada 2023 chegou rodeada de esperanças para o torcedor do Bahia. Retorno à Série A, venda da SAF ao Grupo City e postura ofensiva no mercado de transferências, com altíssimos valores na contratação de reforços. Mas, dentro das quatro linhas, a realidade passou longe do que se imaginava.

No ano de maior investimento de sua história, o Esquadrão brigou até o fim para não cair para a Série B. Conseguiu escapar somente na última rodada, graças a uma combinação de resultados: goleou o Atlético-MG por 4x1 e contou com a derrota do Santos para o Fortaleza por 2x1, em plena Vila Belmiro. Assim, termina o Brasileirão na 16ª colocação, com 44 pontos, à frente dos rebaixados Santos, Goiás, Coritiba e América-MG.

É um fim de temporada decepcionante para um time que iniciou o ano com a expectativa lá no alto. Após a venda de 90% da SAF ao Grupo City, o Bahia passou por uma reformulação profunda no elenco, contratando 25 reforços no total.

O clube não divulgou o valor investido nas aquisições, mas é certo que foram gastos mais de R$ 100 milhões. Todas as posições ganharam novas opções: dois goleiros, cinco zagueiros, quatro laterais, seis meias e oito atacantes.

A maior parte do investimento foi feita ainda nos primeiros meses do ano. O tricolor fechou a primeira janela de transferências com 20 contratações, sendo o lateral esquerdo Jhoanner Chávez o reforço mais badalado. O jogador equatoriano custou R$ 18 milhões aos cofres, se tornando a maior contratação da história do clube - e também da região Nordeste.

Mas o lateral não conseguiu engrenar. Em sua passagem, conviveu com problemas na adaptação, baixo rendimento em campo e críticas. Depois de 29 jogos, com um gol e duas assistências, acabou sendo emprestado ao Independiente del Valle até o fim do ano. A tendência é que seja negociado em 2024.

Além de Chávez, o Bahia investiu pesado em outros cinco jogadores: o volante Diego Rosa (R$ 12,8 milhões), os meias Cauly (R$ 13,8 milhões) e Yago Felipe (R$ 10 milhões) e os atacantes Ademir (R$ 13 milhões) e Biel (R$ 10,5 milhões).

Desses, o grande destaque foi Cauly. Contratado em fevereiro junto ao Ludogorets, da Bulgária, o meia rapidamente conquistou a titularidade e se tornou a principal referência ofensiva da equipe. Ao todo, ele disputou 47 jogos com a camisa azul, vermelha e branca - sendo 43 como titular, marcou 10 gols e deu nove assistências.

O atacante Biel também foi outro nome importante, principalmente no início da temporada. Após se lesionar no fim de maio, ficou afastado dos gramados por quase três meses. Mas, aos poucos, reassumiu seu espaço no time titular. Biel fez 48 partidas pelo tricolor na temporada, com 11 gols marcados.

Montanha-russa

A temporada do Bahia começou com altos e baixos. Por um lado, o time faturou o Campeonato Baiano, comemorando seu 50º título estadual ao vencer o Jacuipense por 3x0, na Arena Fonte Nova. Também fez uma boa campanha na Copa do Brasil, com oito jogos e nenhuma derrota. Foi eliminado nas quartas de final, pelo Grêmio, nas penalidades.

O Esquadrão, porém, caiu na primeira fase da Copa do Nordeste e passou a maior parte da Série A na briga contra o rebaixamento. O desempenho aquém do esperado fez o Bahia tentar corrigir a rota na segunda janela de transferências. O clube foi ao mercado e trouxe mais cinco reforços.

Entre eles, o lateral direito Gilberto, que estava no Benfica e custou cerca de R$ 13 milhões. Diante da então lesão de Vitor Jacaré e da má fase de André e Cicinho, o jogador rapidamente se tornou titular.

Na esquerda, Camilo Cándido foi contratado por empréstimo do Nacional-URU, com opção de compra. O uruguaio também ganhou espaço na formação inicial.

A lista de contratados na segunda janela teve ainda Rafael Ratão (ex-Toulouse, da França), por cerca de R$ 13 milhões, assim como o meia Léo Cittadini, ex-Athletico-PR, e o jovem goleiro Adriel. Mas o investimento continuou sem se refletir no campo, e o Bahia termina a temporada 2023 de forma frustrante para o torcedor.

Insistência em Paiva

Um dos fatores que comprometeu grande parte da temporada do Bahia foi a insistência no português Renato Paiva. O técnico teve uma passagem turbulenta pelo clube, convivendo com críticas, vaias e protestos da torcida tricolor.

Contratado em dezembro de 2022, amargou resultados ruins logo em seus primeiros meses na equipe - como nas derrotas por 3x0 para o Fortaleza, na Arena Fonte Nova, e 6x0 para o Sport, na Ilha do Retiro, ambas pela Copa do Nordeste. O time acabou eliminado na primeira fase da competição.

Sob o comando do português, o Esquadrão chegou a conquistar o título do Campeonato Baiano. Mas nem isso foi suficiente para amenizar a bronca nas arquibancadas. As entrevistas coletivas do treinador, muitas vezes defendendo o trabalho, também geraram críticas.

Renato Paiva pediu demissão do Bahia em setembro
Renato Paiva pediu demissão do Bahia em setembro Crédito: Felipe Oliveira/EC Bahia

A turbulência foi mantida ao longo do Brasileirão, com o tricolor lutando contra o rebaixamento desde as primeiras rodadas. Assim, no início de setembro, Paiva pediu demissão.

Quando anunciou sua saída, o técnico deixava o Bahia com rendimento de apenas 33,3% na Série A. Eram cinco triunfos, sete empates e dez derrotas em 22 jogos, uma campanha que colocava a equipe na 16ª colocação. Vale citar que, se tivesse mantido a performance, o Bahia teria caído de forma antecipada.

A tentativa de mudança de rumo veio com a chegada de Rogério Ceni. O comandante assumiu com um discurso otimista, projetando não só a permanência como a briga por uma vaga na Copa Sul-Americana de 2024. O Esquadrão de fato ensaiou uma reação, alcançando a 13ª colocação na 28ª rodada. Mas a oscilação voltou, assim como a luta contra o fim da tabela.