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Estadão
Publicado em 2 de outubro de 2023 às 14:03
O oposto Darlan Souza saiu do banco de reservas do Maracanãzinho, domingo (1º), para marcar 23 pontos e liderar o Brasil na vitória por 3 sets a 2 (22/25, 25/16, 25/20, 21/15 e 16/14) sobre a República Tcheca no Pré-Olímpico de vôlei. A cada ponto marcado e antes dos saques, o jovem de 21 anos fazia gestos que parecem estranhos aos desavisados, mas que são mundialmente conhecidos entre os fãs de animes, gênero de desenho animado típico do Japão. >
Os movimentos feitos por Darlan com as mãos são 'jutsus', uma técnica ninja utilizada pelos personagens de "Naruto", anime muito popular no Brasil e um dos favoritos do atleta, que é completamente fascinado pela cultura japonesa. O fascínio é manifestado também em seu braço direito, onde tem uma tatuagem enorme de Kyojuro Rengoku, personagem da série de mangá e anime "Demon Slayer".>
Em julho do ano passado, quando foi chamado para a Liga das Nações, disputada justamente no Japão, ficou extasiado. "Quando eu soube que iria ao Japão com a seleção masculina foi uma alegria imensa. Contei para os meus irmãos e meus pais na hora. Fiquei animado e um pouco ansioso. O foco aqui a Liga das Nações, os treinamentos e os jogos, mas vivenciar um pouco a cultura já é uma experiência incrível", disse na ocasião, já em solo japonês.>
A celebração em forma de 'jutsus' já é marca registrada de Darlan, tanto na seleção quanto no Sesi-Bauru, há algum tempo, a ponto de virar assunto entre os dubladores de Naruto no Brasil. Úrsula Bezerra, Tati Keplmair e Robson Kumode divulgaram um vídeo, antes do Mundial de Vôlei de 2022, interpretando seus respectivos personagens, para desejar sorte ao oposto.>
DISPUTA COM O IRMÃO>
Para ter a oportunidade de exibir sua carismática celebração, Darlan vive uma disputa de posição com seu irmão mais velho, Alan Souza, de 29 anos, campeão do Mundial e da Liga das Nações em 2019 e 2021, respectivamente, pois ambos são opostos. Foi justamente no lugar de Alan que ele entrou no domingo, contra a República Checa, para decidir a partida para o Brasil.>
"Eu sei que é difícil eu entrar porque ele (Alan) joga bem a maioria dos jogos. Mas cara, eu estou ali. De pouco em pouco eu vou conquistar meu espaço, vou mostrar nos treinos, e nos jogos que eu entrar. Então é seguir trabalhando para quem sabe um dia ir pra Olimpíada e ser titular da seleção", disse Darlan após a vitória.>
Alan, por sua vez, exaltou a atuação do irmão caçula. "O coletivo foi muito importante hoje. Muitas peças entrando e saindo do lugar. O Darlan entrou e fez um jogo extraordinário. Não tem como contestar. A seleção brasileira é coletivo. A gente ainda tem muito que melhorar algumas coisas, mas é esse o espírito. O que importa é a vitória, independentemente do placar".>
A primeira convocação de Darlan para a seleção adulta foi aos 19 anos, para as etapas da Bulgária e do Japão da Liga das Nações de 2022, ocasião em que ganhou oportunidade como titular por causa de uma lesão do irmão, que rompeu o tendão de Aquiles. Hoje, a disputa entre os dois é das mais acirradas. No sábado, um dia antes Darlan ser o protagonista no triunfo diante dos checos, Alan cumpriu o mesmo papel e foi o maior pontuador da vitória por 3 sets a 0 sobre o Catar, com 14 pontos.>
Os irmãos foram criados em Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, por isso a disputa do Pré-Olímpico na capital carioca facilitou a presença de familiares na arquibancada. Dona Aparecida, a mãe da dupla, tem assistido aos jogos no Maracanãzinho. Ao final da partida de domingo, os filhos pularam as placas de publicidade e correram para abraçá-la.>