'Vai esperar o quê? Alguém morrer?', questiona Marinho após ataque a ônibus do Fortaleza

Jogador descreveu cenário de terror dentro do veículo: 'Só ouvia gritos, foi aterrorizante'

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Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 14:42

Marinho desabafou sobre o ataque sofrido pelo Fortaleza no desembarque
Marinho desabafou sobre o ataque sofrido pelo Fortaleza no desembarque Crédito: Mateus Lotif/FEC

O atacante Marinho relatou o cenário de terror vivido pela delegação do Fortaleza durante o ataque ao ônibus da equipe, na madrugada desta quinta-feira (22), em Recife. Durante o desembarque do Leão do Pici na capital cearense, o jogador conversou com a imprensa e classificou o episódio como "terrorismo".

"Essa situação que aconteceu ontem foi premeditada, não tem como falar que não foi, porque esperaram nosso ônibus passar. Não tem essa de 'Ah, a gente imaginou que era torcida organizada'. Não é, porque sabiam quem era pelo tanto de polícia que tinha acompanhando nosso ônibus. Poderia ter acontecido algo pior. Foi aterrorizante o que aconteceu, o estrondo de bomba, uma pedra gigantesca. Poderia ter acontecido algo muito sério, como aconteceu. Foram 14 pontos no Escobar, vários outros atletas que se cortaram e se machucaram bastante", disse Marinho.

"Uma coisa que fica é: até quando? Vai esperar o quê? Alguém morrer, algum atleta passar mal? A gente cada vez se sente mais desprotegido. O futebol brasileiro deu muitas oportunidades para certos tipos de pessoas, que se dizem torcedores de futebol para cometer um crime. Isso foi uma tentativa... Foi terrorismo. Não tem como, os caras jogaram bomba, tinha tudo no ônibus, pedra", completou o jogador.

O atentado aconteceu na madrugada desta quinta-feira (22), quando a delegação do Fortaleza deixava São Lourenço da Mata, onde fica a Arena de Pernambuco, a caminho de Recife, após o empate em 1x1 com o Sport, pela Copa do Nordeste. Cerca de dez minutos após a saída do estádio, o veículo foi atingido com bombas caseiras e pedras, quebrando grande parte dos vidros e ferindo jogadores. Seis atletas ficaram feridos: João Ricardo, Gonzalo Escobar, Dudu, Titi, Brítez e Lucas Sasha.

"Eu estava na janela da frente, o Lucero estava na janela de trás, e a bomba pegou praticamente no meio de nós dois. Só que como o Pochettino e o Lucero estavam com a poltrona baixa (reclinada), acabou que a pedra não pegou neles. A bomba bateu, teve a explosão, e a pedra atravessou e pegou no Escobar. E uma pedra muito grande, parece um tijolo. Muito grande, pesada. Foi aterrorizante porque a gente só ouvia gritos, via sangue, e meio que o ouvido ficou um barulho muito forte, doeu a cabeça", relatou.

"Ninguém acreditava no que estava acontecendo. A gente tem que cobrar de quem pode resolver e que resolvam, né? Porque ultimamente tem passado em branco, ninguém é punido", criticou.

Marinho também cobrou punição aos responsáveis pelo atentado. O camisa 11 seguiu o discurso do CEO da SAF do clube, Marcelo Paz, e defendeu que o Fortaleza só volte a atuar quando os atletas feridos estiverem recuperados. O próximo jogo da equipe está marcado para a próxima quinta-feira (29), diante do Fluminense-PI, pela Copa do Brasil.

"Covardia. Covardia muito grande. A gente sai para trabalhar, deixa família em casa, filhos. A maioria dos meninos está enfaixado, cortado, muito machucado. A gente sai de casa sem saber se vai voltar. Eu quero saber das autoridades, da CBF, alguém precisa se pronunciar sobre isso, porque cada vez mais a gente está exposto de uma forma que... Pedra, bomba, e daqui a pouco? Quero saber das autoridades como é que vai ser, se esses criminosos que fizeram isso vão pagar por isso, se vão correr atrás", desabafou.

Marinho ainda lembrou episódio semelhante vivido pela delegação do Bahia. Há quase dois anos, no dia 24 de fevereiro de 2022, o ônibus do Esquadrão foi emboscado por carros e atingido por artefatos explosivos quando chegava à Arena Fonte Nova, antes de partida contra o Sampaio Corrêa, pela Copa do Nordeste. O goleiro Danilo Fernandes foi atingido e precisou levar 20 pontos, entre orelha, rosto e perna, em função dos múltiplos ferimentos no corpo. O lateral-esquerdo Matheus Bahia também ficou ferido.

"A princípio, a gente tem que voltar a jogar quando os meninos voltarem recuperados. A maioria dos meninos mal, muitos jogadores não vão voltar a treinar agora. Acho injusto a gente voltar a jogar até que tomem providências e esses bandidos sejam presos. Que eles possam ser banidos de ir ao estádio, de vestir a camisa do clube, porque isso já passou do ponto. Já aconteceu com o Bahia, agora aconteceu com nosso time e qual vai ser o próximo? A gente tem que cobrar as autoridades, quem é competente para resolver esse caso, e a gente tem que se unir cada vez mais, os atletas, senão daqui a pouco vai ver uma tragédia e isso não vai ser legal", afirmou Marinho.